Rian Santos
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O Partido dos Trabalhadores anda descontente com a cobertura política da imprensa sergipana, acusa profissionais e veículos de manter uma agenda oculta, comprometidos com interesses alheios ao melhor proveito dos leitores.
Segundo o jornalista Adiberto de Souza, a direção estadual do partido se diz “alvo recorrente de manchetes” que mais parecem “fofoca”. E vai além: a mídia local teria “um apreço especial em expor a sigla”.
Não há afirmação mais equivocada. Sim, jornalistas são homens de carne e osso, cultivam paixões no fundo do peito, junto a um coração inquieto. A eventual habilidade de fabular, no entanto, não lhes fornece o pão de cada dia. Eu mesmo, romancista frustrado, sem talento para inventar histórias, tive de me conformar com a obrigação de me ater aos fatos, ossos do ofício. O resto é linguagem. Ou, se o leitor preferir, frescura, falsa erudição.
O PT não aprende. Passou anos acusando a imprensa de fazer um jogo sujo, pavimentando o caminho por onde passaria depois o rebanho de Bolsonaro. Hoje, com o status da notícia rebaixado ao rés do chão, quando as Fake News mais absurdas prosperam sem resistência, a serviço da extrema direita, os dirigentes do PT deveriam ser os primeiros a reconhecer a importância da imprensa.
Nota à margem: sob Lula, em seu terceiro mandato, o Brasil subiu dez posições no ranking de liberdade de imprensa. Ainda assim, ocupa apenas o 82º lugar entre 180 países citados em levantamento da organização não governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras (RSF).