O engenheiro, empresário, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Estância Ivan Leite, PSDB, admitiu nesta segunda-feira, 22, que mantém ativada a sua pretensão de voltar a ser prefeito da cidade nas eleições deste ano de 2024.
Mas adverte: “Não tenho vaidade e nem ambição de ser prefeito de Estância mais uma vez”, diz. Então quer ser em nome de quê? “Meu foco é o seguinte: tenho principalmente o desejo de ajudar Estância”, garante ele.
“Tanto é que quando teve o evento para discutir a vinda do campus da UFS para Estância, que é um pleito muito antigo da cidade, me somei inclusive oferecendo em doação uma área de 50 mil metros quadrados para que a UFS pudesse instalar o seu campus em Estância. Mas não me move um desejo atávico de ser a autoridade. Nada desse gênero”, reforça Ivan Leite.
No campo “da autoridade”, Ivan Leite entende que o município de Estância tem sido administrado sem muito vigor, com uma vontade rala do atual prefeito Gilson Andrade, que este ano fecha os oito de gestão, não podendos mais ir à reeleição.
O senhor então não acha que a gestão de Gilson Andrade seja essas cocas-colas todas? “Não é que eu ache que não é essas coisas todas. É que de fato ela não é. Quais foram as indústrias que ele buscou conquistar para Estância? Quais foram os postos de saúde que ele efetivamente construiu? Qual foi a casa de farinha que ele reformou? Qual foi a escola que ele construiu? Qual foi o ônibus escolar que ele colocou para rodar para atender aos estudantes?”, provoca Ivan em forma de perguntas.
“O IFS de Estância parou um curso porque os alunos da região da praia não poderiam vir no ônibus escolar e nem ele disponibilizou outro tipo de transporte. A gente tem no IFS de Estância uma escola de excelência, mas subutilizada, e por culpa dele. Não podemos esquecer que eu deixei 33 ônibus novos no Programa Caminho da Escola e que hoje acho que não tem 10 ônibus rodando. Ah, dirão: mas em 20 anos eles tinham que ir embora mesmo! Tinham. Mas se eu que não tinha tantos recursos consegui comprar 33, claro que ele conseguiria comprar muito mais” compara.
É diante desse quadro que Ivan Leite admite se sentir à vontade para manter ativado o seu projeto de retomar os destinos estancianos mais uma vez. “A probabilidade de eu vir a disputar o Governo de Estância este ano continua alta. Evidentemente que alguns fatores me deram uma balançada, como a morte da minha mãe e os problemas de saúde que tive, mas continuo avaliando como proceder neste futuro próximo. Tenho planos bons”, avisa.
Para Ivan, por ver o gestão de Gilson Andrade sem muita musculatura, não alimenta receio de enfrentar a máquina pública municipal liderada por ele. “Eu não vejo em que o Governo dele possa atrapalhar nosso projeto. Mesmo porque é só comparar a atuação governamental de um de outro e se percebe a grande diferença em favor dos meus dois mandados de prefeito”, diz.
“A gente tem a sensação de que a população de Estância merece o nosso retorno. E digo isso sem demagogia ou hipocrisia. Mas por que digo isso? Quando a gente compara o que na nossa gestão de dois mandatos conseguimos atrair no campo da indústria. O Instituto Federal de Sergipe fomos nós que trouxemos para Estância. Na nossa gestão atraímos o Hospital Regional Jessé Fontes. Quando a gente constata que atraímos milhares de casas populares, viabilizando a legislação e o atendimento para não burocratizar, tem-se aí um diferencial muito positivo na comparação com a atual gestão”, ilustra Ivan.
“Na parte de assistência social, durante os oito anos do meu Governo a gente via duas mil famílias atendidas na zona rural com tratores e sementes. Nós deixamos uma Cozinha Industrial pronta para mil refeições por dia, e hoje ele só está financiando 100 - enfim, há uma série de fatores que mostram que a população de Estância poderia estar sendo bem melhor atendida, em especial porque o volume de dinheiro que chega para a atual gestão é muito superior ao que nós dispúnhamos naquela época. E durante a pandemia esses recursos receberam uma injeção enorme de valores e tudo isso poderia ter sido usado de uma forma que os resultados fossem melhores ao longo do tempo da gestão”, diz Ivan.
“Não apenas eu acho que fiz uma grande gestão nos dois mandatos, como também a população de Estância acha. E ainda é preciso lembrar que é muito fácil tocar uma gestão pública quando você pega uma casa arrumada, diferentemente de começar como comecei em 2005, com as contas sendo geridas pelo juiz da cidade, porque estavam bloqueadas, com débito de tudo quanto é tipo - com os fornecedores, com os servidores, com o décimo terceiro, com um monte de ações judiciais”, diz.
No campo das “probabilidades” de que fala Ivan Leite, ele diz que os entendimentos estão muito em preliminares ainda. “Do ponto de vista de alinhamento com lideranças da política de Estância, entendo que essas alianças só se darão no limiar das convenções, que é quando aqueles que foram preteridos por A, por B ou por C ou aqueles que se sentirem atraídos por A, por B ou por C vão reavaliar o jogo para decidir o que vão fazer. Além de reavaliar o jogo pelos preterimentos ou pelos amores conquistados, tem também o jogo da opinião pública e como estará soprando o vento no imaginário dela. De modo que não dá para descartar previamente apoios e nem dá para cantar loas de que já se tem apoios conquistados”, diz.
Mas será que a atual comunidade de Estância teria agora em 2024 a mesma memória que Ivan Leite tem das duas gestões dele bem lá atrás no tempo? “Admito que já lá se foi um bom espaço de tempo entre aquela Estância antes de Ivan Leite e a Estância após Ivan Leite, mas sem dúvida deve ser lembrada muita coisa. É preciso que as pessoas parem e pensem para sentir a grande diferença e não tenho a menor dúvida de que isso é algo que precisa ser também trabalhado”, diz.
Ivan Leite admite que não houve uma ausência dele na cidade durante o período de 2013 a 2024. “Houve uma continuidade física e de atuação minha durante todo esse período. Claro que é bem diferente da atuação de quando se tem um mandato para exercer o poder com todo o gás e toda a flexibilidade. Mas há situações elementares que a gente vê que não precisavam estar acontecendo. Independentemente de ser eu vou ser candidato ou não ser candidato, é evidente que um prefeito tem procurar atrair mais indústrias. Atuar fazendo com que os ônibus escolares funcionem mais adequadamente”, diz.
Mas no campo da saúde pessoal, a comunidade teria em Ivan um candidato em situação palatável neste 2024? “Se você perguntar a Deus, ele lhe responder e você compartilhar comigo, eu lhe a agradecerei pela resposta. Mas devo dizer que fisicamente, graças a Deus, estou bem. Evidentemente passei por um processo que me abalou muito, que foi a perda efetivamente de minha mãe recentemente - ela está me fazendo uma falta muito grande. Até muito maior do que a que eu imaginava que poderia ser. Mas estou tentando seguir a vida, e seguir do jeito que ela me ensinou: sempre procurando fazer o bem”.
Apesar de achar o Governo de Gilson Andrade carente de maiores afirmações, Ivan Leite não subestima a pré-candidatura apresentada pelo prefeito, na figura do vice-prefeito André Graça. “Qualquer candidato apoiado por um prefeito já parte de um patamar razoável e o pré-candidato dele é meu amigo, não tenho nada pessoalmente contra ele e evidentemente não é um candidato do qual a gente não pode vir aqui dizer que que é muito fácil de se ganhar”, diz.
Durante a longa conversa com a Coluna Aparte, Ivan Leite não citou expressamente uma só vez o nome do prefeito Gilson Andrade, que um dia foi seu aliado e vice-prefeito. Diante dessa constatação pela Coluna, Ivan deu esta justificativa: “Não há necessidade de estar falando, porque a gente sabe quem é”. Na primeira gestão de Ivan como prefeito, de 2005 a 2008, André Graça foi seu secretário de Agricultura.
zailLima