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Política

ARTIGO: EM DEFESA DA DEMOCRACIA - POR MARCOS MELO

Publicada em 22/08/22 às 12:00h - 96 visualizações

Atribuna Cultural


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 (Foto: Atribuna Cultural)
Foi dada a largada da maratona eleitoral para que os candidatos possam, reverberar pelos quatro ventos – rádio, televisão, jornais e, sobretudo, pela internet – as tais promessas de campanha, na maioria irrealizáveis. O eleitor está farto disso, mas vota, porque é obrigado por lei, salvo as exceções. Usualmente vota por interesses pessoais, amizade ou por ter recebido, digamos, um mimo, ou como diria Jânio, a bufunfa. Vide a populista PEC eleitoreira que irá agravar ainda mais as estouradas contas públicas. 
 
Mas, há também, os que votam na crença de que seus candidatos vão lutar para transformar o Brasil num país desenvolvido, civilizado e justo. Lembrando bem, já houve tempo em que esse tipo de voto, altruísta, tinha uma certa prevalência. E olhe que num país muito menos escolarizado. A eleição de JK, cuja posse foi garantida pelo general Lott, atesta esse fato. Também a de FHC, o presidente do Plano Real e das reformas estruturantes.  
 
Melhor assim. Pior seria não poder votar. Essa é exatamente a pedra-de-toque, o cerne, dessa eleição: a defesa da democracia e do Estado de Direito. A Carta da USP, lançada a menos de um mês e que teve mais de um milhão de assinaturas, lida na emblemática data de 11 de agosto, por sinal o dia do nascimento de Zé Melo, meu pai, em 1904, é um documento histórico e um registro solene e objetivo sobre as constantes ameaças às instituições democráticas, senão desnecessária seria a sua feitura e divulgação. Portanto, ela é um forte libelo contra o golpe militar e a ditadura. Pois é, todo cuidado é pouco, pois já vimos esse trágico filme. 
 
Será absolutamente indispensável e, até mesmo patriótico, que os candidatos a cargos majoritários – presidência da República, governos estaduais e senado federal – sejam veementes em seus discursos em defesa da democracia, qual um Cícero, no senado romano, ao repreender Catalina. Foi tal a contundência, que catilinária tornou-se sinônimo de acusação severa. É só trocar o sujeito da oração que o milenar discurso de Cícero fica atualizadíssimo.
 
Vejamos algumas partes:
“Até quando, ó Catalina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua loucura? a que extremos se há de precipitar a tua audácia sem freios? não sentes que os teus planos estão à vista de todos? Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem? Quem, entre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, em que local estiveste, a quem convocaste, que deliberações foram as tuas? (...) Havia outrora nesta república, uma disciplina moral que os homens de coragem puniam com os mais severos castigos um cidadão perigoso do que o mais implacável dos inimigos”.
 
Lamentavelmente, é enorme a escassez de Cíceros no Brasil de hoje!
 

Marcos Melo é natural de Propriá-SE, economista, escritor e membro da ASL.


Fonte: Radar Sergipe




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