Em 2022, Jackson Barreto não disputará cargo algum. Será que chegou ao fim, a trajetória daquele que já foi considerado o maior líder popular que a política sergipana já produziu? O anúncio foi feito na última sexta-feira, 22. Depois de muita expectativa criada ao longo das últimas semanas, ele confirmou que não aceita duas candidaturas ao Senado e, portanto, fica fora.

A sexta-feira ganhou contornos movimentados nos bastidores. Fontes do PT, e de pessoas ligadas a Jackson, fizeram chegar à imprensa a informação de que uma aliança estaria formalizada com o PT. Seria, sem dúvidas, um fato político carregado de simbolismo. JB é o mais lulista de todos os governistas.

Jackson levaria o MDB para o palanque petista e indicaria como vice de Rogério Carvalho o empresário Sérgio Gama. Diante dessa informação, a reunião governista ganhou outro peso. Seria, em tese, uma longa conversa para demover JB da decisão do rompimento. Terminado o encontro, nada de rompimento anunciado. Jackson deixou perguntas sem resposta. Se não conseguiu seu intento, de ser o candidato único ao Senado do grupo, por que não anunciou rompimento? Foi convencido de permanecer? Se nunca havia decidido romper, porque não negou as informações publicadas?

Cabe parafrasear o próprio Jackson. Foi um “recuozinho, um recuozão, um recuo grande”? Sempre irônico e perspicaz, ele usou essa provocação em entrevista ao Jornal da Fan, para comentar a posição de Bolsonaro em setembro de 2021. Para o Senado, se sabe que ele não votará em Laércio Oliveira. JB refuta a presença de aliados de Bolsonaro no palanque em que esteja.

Será que JB perdeu talvez o momento, 'o time' de fazer um fato marcante na corrida sucessória de 2022? Ele também não fez um discurso com a declaração de que ficará no agrupamento. O fato político se inverteria em uma vitória do grupo governista, que passaria a comemorar o recuo de uma baixa e a permanência de uma grande liderança.

Ao final, JB mostrou a habilidade de sempre: uma genial capacidade de empunhar discursos fortes e carregados de simbologia e ideologia. Para não perder influência na política, ele precisará, nos próximos dias, esclarecer a grande dúvida: afinal, quem serão os candidatos ao Governo de Sergipe e ao Senado apoiados por Jackson Barreto?

NOTAS DA SEMANA

Segue a expectativa
Fontes do PT e aliadas a Jackson Barreto permanecem com a expectativa de que ainda esta semana o ex-governador anunciará sua saída do agrupamento governista e o apoio a Rogério Carvalho. Sustentam o que foi informado para a imprensa na sexta-feira.

Belivaldo foi direto
O governador Belivaldo Chagas teria sido muito sincero com Jackson Barreto durante reunião da última sexta-feira. Belivaldo falou a Jackson que não entende a contrariedade dele quando, em solenidades, fala que pegou Sergipe quebrado e reorganizou. Para Belivaldo, não há o que ser feito.

Belivaldo transfere
Ao ouvir de Jackson, que a decisão por permanecer ou não no agrupamento governista seria adiada por mais alguns dias, o governador Belivaldo Chagas teria afirmado categoricamente que não mais senta para dialogar sobre esse assunto. O receptor do comunicado será o pré-candidato Fábio Mitidieri. Belivaldo teria dito que não conversa mais sobre isso.

Importância histórica
O marketeiro da campanha de Fábio Mitidieri, Carlos Cauê, teve uma fala importante na reunião governista. Sua intenção foi demover Jackson de desistir da disputa ao Senado. Cauê fez um histórico de JB, lembrando que o grupo que hoje comanda o estado foi iniciado por ele e que, neste pleito, ninguém, além dele, tem legitimidade política para a disputa. No momento da fala, Cauê ficou emotivo.

Mais sorridente, simpático e propositivo
O senador Alessandro Vieira (PSDB) está notavelmente mais simpático. Na maioria das peças de sua pré-campanha, ele aparece sorrindo e mais agradável, saindo de sua sisudez natural. Alessandro, aliás, tem fugido da polarização ineficaz e individualista e buscado fazer uma pré-campanha propositiva, diferente de muitos que perdem tempo com disputas pessoais.

Encontro do PT
Neste sábado, a federação PT/PCdoB/PV realizou encontro para referendar a indicação de seus candidatos. Foram aprovados os nomes de Rogério Carvalho ao governo, Valadares Filho ao Senado e Márcio Macedo como primeiro suplente. Em discurso, Rogério destacou que o partido se reposiciona historicamente com unidade e com o apoio de Lula. Com a homologação, a pré-campanha de Rogério que encabeça o projeto do PT ganha uma nova fase.

Eliane criticada
Durante encontro da federação PT/PCdoB/PV, a vereadora de Aracaju Ângela Melo fez uma crítica a vice-governadora Eliane Aquino. Segundo Ângela, projetos neoliberais estão sendo proliferados nas escolas públicas com o apoio e a presença de Eliane Aquino. A vereadora disse que o PT precisa se posicionar. Ela se refere a ações em parceria com as fundações Airton Senna e Lemann.

Eliane diz sua preocupação
Questionada sobre a declaração de ngela, Eliane Aquino procurou não polemizar e disse que a preocupação dela é com os avanços da educação. "O que quero é que nossas crianças aprendam na idade certa, não sofram pela fome, pelas violências e sejam incluídas de fato nas políticas públicas", disse a pré-candidata à Câmara Federal e hoje vice-governadora.

Bom para Valadares Filho
A desistência de Jackson Barreto deve, naturalmente, beneficiar Valadares Filho (PSB). O voto dos dois está no campo da centro-esquerda e os eleitores influenciados por Lula. É aguardar as próximas pesquisas e ver se os levantamentos mostram isso em números.

Campanha antecipada
João Fontes, pré-candidato a governador pelo PTB, promete acionar a Justiça Eleitoral contra Rogério Carvalho. Na opinião do bolsonarista, o petista está fazendo campanha antecipada em todos os bairros da capital com carro de som e discurso de 'Lula lá, Rogério cá'.

Pela democracia
Os atos que a federação e o PSB têm feito pelas ruas de Aracaju e também em outras cidades estão batizados de 'Manifesto contra a pobreza e em defesa da democracia'. A legislação é muito aberta sobre o que pode ou não em uma pré-campanha. Para a assessoria jurídica dos petistas não há nenhum abuso.

Laércio confiante
"Vamos conquistar a vitória, porque temos as melhores propostas", disse Laércio em vídeo postado em suas redes sociais. Laércio disse ainda que é preciso centrar forças na eleição do governador e na formação de uma bancada forte na Assembleia Legislativa e Câmara Federal.

Luciano assume Laércio
Luciano Bispo mostrou espírito de grupo e anunciou que, com a decisão de Jackson em não disputar o Senado, seu nome passa a ser o de Laércio Oliveira. "Laércio foi muito paciente, o que ele aguentou ao longo das últimas semanas não foi fácil e é um homem que tem serviços prestados", disse o presidente da Alese.