Água e óleo na política municipal de Itabaiana - e até mesmo na estadual sergipana -, o deputado estadual Luciano Bispo de Lima, MDB, e o ex-prefeito itabaianense Valmir de Francisquinho, PL, nunca devem ser chamados para uma mesma pajelança. Para uma mesma roda de conversa ou de samba. Os dois não se encaram e formam uma dupla de políticos contemporâneos meio à moda antiga. Movidos por uma recíproca intolerância.
Aos interlocutores mais próximos, Valmir de Francisquinho costuma dar, ressentidamente, a Luciano Bispo o crédito da sua prisão como prefeito em 7 de novembro de 2018 por problemas administrativos que até hoje não ficaram bem explicitados enquanto erro de gestão. Mas “o ódio que une a ambos” vem de bem antes, e passa por derrotas eleitorais. Portanto, por problemas profundamente paroquiais.
Depois de cinco mandatos de vereador de Itabaiana, Valmir de Francisquinho derrotou Luciano Bispo em pleno projeto de reeleição de prefeito lá em 2012. Em 2016, derrotou o irmão Roberto Bispo e se reelegeu prefeito. Em 2020, massacrou mais uma candidatura dos Bispo ao eleger Adailton Sousa prefeito de Itabaiana - não sem antes ter feito do filho Talysson de Valmir o deputado estadual mais votado de Sergipe em 2018.
Apesar de todo esse desempenho, que aos olhos da boa análise política é algo pra lá de promissor, Luciano Bispo vê em Valmir um “perna curta”, um “sem-futuro da política” de Sergipe. “Valmir é um político de carreira curta”, projeta Bispo, naquele seu modelo disparado de ser.
“O meu estilo é bem diferente do de Valmir. O meu estilo é o de homem sério. De palavra. Valmir é vagabundo, é mentiroso. Vocês da imprensa não conhecem Valmir bem. Mas Valmir não presta. Valmir é um político que não tem palavra. É vaidoso e mentiroso. Não cumpre nada com ninguém”, cutuca Luciano Bispo.
Por essa lógica, Valmir seria para Luciano “apenas um marqueteiro fino”, dando-se à palavra marqueteiro uma tonalidade pejorativa. “Um tapeador. Diga aí um político que é amigo de Valmir em Sergipe! Os Amorim? Ele meteu os pés em Eduardo Amorim”, afirma.
“Em André Moura, ele também meteu os pés. Me diga um político em quem Valmir não meteu os pés em Sergipe! Um só! Valmir não cumpre nada com ninguém: enganou José Carlos Machado, enganou André Moura, enganou todo mundo que esteve com ele. O primeiro pontapé foi dado nos Teles de Mendonça, e de uma maneira sem-vergonha, desrespeitosa. Por isso, o futuro dele já está incerto há muito tempo”, sustenta Luciano.
Mas enquanto Luciano Bispo vê esse “futuro incerto”, Valmir, sem mandato, anda pendurando seu chapéu no torno de um certo desejo de disputar o Governo de Sergipe no ano que vem. “Ele até pode se fazer de pé em 2022, mas isso vai se acabando. Porque, na verdade, Valmir não tem prestígio político com ninguém. Exatamente por mentir muito e não cumprir nada”, afirma Luciano Bispo.
“Tem muita gente que comeu corda de Valmir e está vendo agora o que é bom pra tosse. Valmir não é amigo de ninguém, Valmir não respeita ninguém. Não tem consideração a ninguém. Isso vem da índole dele. Desde vereador, ele já era assim - uma vez fez uma denúncia mentirosa e caluniosa na Câmara que todos os vereadores quase perderam os mandatos, inclusive ele. Mas graças a Deus, nunca fomos aliados - esse pecado não carrego não”, diz.
Apesar de todas essas visões para lá de ásperas em relação a Valmir de Francisquinho, momentos antes na conversa com esta Coluna Aparte Luciano Bispo admitia que o receberia como aliado numa aliança ao lado de Belivaldo Chagas na sucessão de 2022. Sim, desde que Valmir viesse desarmado de interesses eleitorais. Chegasse apenas para votar e não ser votado.
“Se ele quiser vir para votar no meu candidato a governador, pode ficar à vontade. Eu não vou me incomodar. Mas tem nenhuma perspectiva dele aqui como candidato a vice ou a senador. Mas se vir para apoiar, eu quero. De por mim, não direi que não aceito”, afirmou.
Mas voltando ao ranço de Valmir, segundo o qual Luciano teria sido o articulador-chefe da sua prisão em 2018, como é mesmo que isso se deu, hein Luciano? “Ele fica dizendo por aí que eu o prendi e eu não tenho nada a ver com isso. Digo com toda pureza de minha alma: o que eu tenho culpa na prisão de Valmir, você tem como jornalista. Quem prendeu ele foi ele mesmo. Mas deu sorte que seguraram as coisas dele por aí”, diz Luciano Bispo. Seguramente, Valmir de Francisquinho faz uma outra leitura bem diferente nesse capítulo.