Depois de anunciar que não disputaria a reeleição no pleito de 2022, a senadora Maria do Carmo Alves (DEM) voltou a reavaliar a questão. Está sendo pressionada pelo presidente nacional do partido, ACM Neto (BA), e pelo presidente do diretório regional, José Carlos Machado, que pretende disputar vaga de deputado federal e acredita que a candidatura da senadora fortaleceria o DEM.
Aos 79 anos, Maria do Carmo está no Senado desde 1999. Em 1998, o surpreendente acordo entre o então governador Albano Franco e o ex-governador Jackson Barreto provocou uma grande turbulência na política sergipana deixando o grupo do ex-governador João Alves Filho, antigo aliado, a ver navios. João teve que disputar o governo e lançou a candidatura da mulher ao Senado. Albano foi reeleito e Maria, que nunca havia disputado uma eleição, derrotou Jackson.
Foi reeleita com facilidade em 2006, mesmo o eleitorado tendo optado por Marcelo Déda para o governo do estado, derrotando João, e em 2014, quando venceu por uma pequena vantagem a Rogério Carvalho, que se elegeu no pleito seguinte. A vitória de Maria em 2014 foi atribuída a uma pesquisa manipulada do Ibope divulgada pela TV Sergipe 48 horas antes da eleição, que apresentava Maria como reeleita com 60% dos votos. A pesquisa fez com que cabos eleitorais de Rogério suspendessem os trabalhos na véspera da eleição. Maria venceu com 48,91% (448.102 votos) contra 45,52% (416.988 votos) de Rogério, diferença de apenas 31.114 votos.
A senadora Maria do Carmo sabe muito bem que o eleitorado sergipano costuma “aposentar” os políticos que não sabem a hora de parar. Isso ocorreu dentro de sua própria casa: João Alves Filho perdeu a disputa para a Prefeitura de Aracaju em 2016, depois de uma desastrada gestão no comando da PMA.
Exemplos não faltam. Leandro Maciel foi derrotado para o desconhecido médico Gilvan Rocha em 1974, Lourival Baptista e José Carlos Teixeira foram derrotados por José Eduardo Dutra e Antonio Carlos Valadares em 1994, Albano Franco perdeu em 2010 e Jackson e o próprio Valadares foram derrotados em 2018. Em comum a todos, a elevada idade na data do pleito.
Se for candidata, Maria estará com 80 anos e, em caso de vitória, o mandato iria até 2030. Ela bateria um recorde de permanência com mandato no Senado – 32 anos. O risco, no entanto, é muito grande, mesmo que não tenha outros candidatos competitivos. A vitória do senador Alessandro Vieira em 2018 serve de exemplo.