No terceiro mandato, pela primeira vez presidente da Câmara Municipal de Estância, o vereador Misael Dantas, PSC, é um atento observador da vida política de Sergipe e têm opiniões por vezes muito abalizadas. Ele é um fino leitor do conteúdo deste Portal JLPolítica, sobretudo da Coluna Aparte.
Preocupado em fazer uma gestão administrativa mais aberta do Poder Legislativo de Estância, Misael abre também o foco do olhar para o resto do Estado e até do país. E se expõe em observações precisas. Ele viu, por exemplo, com bons olhos o pronunciamento do senador Rogério Carvalho, PT, pedindo solidariedade do mundo contra o obscurantismo do presidente Jair Bolsonaro na questão da vacinação contra a Covid-19.
“Não sou petista, não votei em Rogério Carvalho, mas foi o pronunciamento mais sensato e digno de atenção sobre o tema que já vi no Senado”, disse o vereador diante da matéria “Rogério Carvalho faz alerta grave: ou Brasil pede solidariedade ao mundo, ou morrerão 500 mil pessoas”, postada nesta Coluna no dia 11.
Diante do artigo, “Opinião - Dragão extraordinário, hoje e sempre!”, de autoria do advogado e jornalista Ricardo Leite, publicado aqui na última quarta, 17, a memória de Misael Dantas trouxe o personagem à tona de imediato. “Há tempos não lia nada de Ricardo Leite, nem sobre ele. Já li até seus livros antes”, disse.
E rememorou o brigão e polêmico Ricardo. “Quando foi candidato a prefeito de Aracaju, em 1992, seu principal projeto foi o da construção da ponte Aracaju/Barra. Criticado por muitos, diziam que a ponte não compensaria o gasto, porque a Barra dos Coqueiros era uma cidade pequena e só tinha um destino turístico, o de Atalaia Nova, e um único hotel, o da Ilha. Estão aí a Ponte Construtor João Alves, uma rodovia turística e também o Parque Eólico”, reforça Misael.
Ele encontra tempo até para lembrar que Ricardo, enquanto acadêmico, foi “um dos maiores desafetos de Uchoa”. Uchoa é Jouberto Uchoa de Mendonça, reitor da Unit. “Ele fazia direito na Faculdade Tiradentes (ainda não era Universidade), lá na Rua Lagarto. Na época, eu fazia Letras”, recorda.
O radar observador do vereador estanciano Misael Dantas não deixou passar incólume nem as pretensões de ressurreição do ex-senador Eduardo Amorim, PSDB, que anda babatando planos de voltar à cena política ano que vem - confira aqui em “Eduardo Amorim começa a quebrar silêncio político e sinaliza projetos para 2022”.
“Eduardo Amorim foi projetado pro segmento pelo governador João Alves, quando o nomeou secretário de Estado da Saúde. Com a articulação do irmão Edivan (então genro de João Alves), foi eleito deputado federal (o mais votado) em 2006, tornando-se referência como liderança no Estado”, recorda.
“Em 2010, eleito senador com mais de 620 mil votos (tendo mais voto, inclusive, do que Marcelo Déda pro Governo). Nasceu ali ideia e, diretamente proporcional, a vontade do grupo liderado por ele (na verdade, por Edivan Amorim) de vê-lo governador de Sergipe. Foi um excelente senador! Como também, um muito atuante deputado federal”, analisa Misael.
Mas não alisa. “Só que a situação político-administrativa de Sergipe mudou o rumo com a doença/morte de Déda. Jackson, vice, assumiu e foi para a reeleição; Eduardo disputou o governo em 2014, perdeu, mas tinha mais quatro anos no Senado. Então, o impacto foi pequeno. Em 2018, o cavalo não estava selado pra ele, os erros na projeção foram enormes e Belivaldo, com o slogan “vim pra resolver”, deu um banho eleitoral nele e em Valadares Filhos. Ambos deixaram Brasília e vieram pra casa!”, observa, com pertinência.
Mas, para não dizer que Misael Dantas só falou das flores longe dele, também conceituou sua relação política com o prefeito de Estância, Gilson Andrade, PSD, reeleito no ano passado.
“Eu apoiei Gilson Andrade pra prefeito em 2012, quando ele não foi eleito. Também em 2016 e durante os quatro anos fui seu líder na Câmara. Segui com ele no projeto de reeleição. Hoje permaneço seu aliado. Basta ele continuar o mesmo gestor que foi no primeiro mandato: um administrador que conduz uma Estância equilibrada em todos os padrões que um município requer para estar bem”, diz.
Tudo isso dito por escrito, em conversas de WhatsApp, e em bom português, como costuma ser comum aos que fizeram ou fazem Letras. Misael Dantas admite que pensa em um dia ser deputado estadual. Mas pondera que talvez 2022 não seja bem a hora.