O vice-presidente da Executiva Nacional do PT, o sergipano Marcio Macêdo, disse à Coluna Aparte no começo da noite desta segunda, 8, que a sentença do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, anulando as condenações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no campo da Lava Jata, pode gerar profundas alterações no rumo da política nacional brasileira.
“O fato é que a sentença do ministro Fachin é clara e objetiva: estão decididas a inocência e a recuperação dos direitos políticos de do Lula. Portanto, do ponto de vista político, isso é uma vitória da luta popular do Lula e do Estado Democrático de Direito. De modo que é uma decisão que muda completamente o cenário político nacional”, disse Marcio Macêdo.
“Não sou advogado, mas do ponto de vista jurídico, a sentença do ministro Edson Fachin anula todos os atos do juiz Sergio Moro - nas questões do triplex, do sítio de Atibaia, das doações ao Instituto Lula. Para mim, isso, como está posto, prova a inocência de Lula e recupera os direitos políticos dele”, reitera Macêdo.
Apesar dessa constatação quase triunfalista, Marcio Macêdo adota e pede certos cuidados. “Claro que temos de ter cautela para verificar detalhes dessa decisão do Fachin, que é o que a defesa de Lula está fazendo neste momento, porque pode ser que ela apresente algum efeito colateral aqui ou acolá, que vá na direção de proteger o Moro ou a Operação Lava Jato”, diz ele.
“Porque essa decisão pode retirar a suspeição do Moro nas decisões tomadas - outros ministros estão dizendo que não. Mas pode ser que nesta decisão Fachin tenha se antecipado ao julgamento dessa suspeição do Moro, até por ter percebido que ela seria aprovada na segunda turma, para proteger tanto o Moro quanto a Operação Lava Jato. Essa é uma das hipóteses”, pondera Marcio Macêdo.
Mas, pela pura análise política, Marcio Macêdo vai na direção de que a decisão do Fachin altera rotas importantes da política brasileira. “Agora com o Lula liberado, mudam completamente os fatos”, diz.
“É claro que o Lula nunca esteve fora do processo da política do Brasil. Ele podendo ser candidato ou não, ele sempre foi e sempre será, enquanto vivo for, uma liderança forte e que influencia o processo da eleição presidencial no país. Veja que nas últimas semanas, mesmo antes dessa decisão do STF, o Lula ganha do Bolsonaro nas redes e lidera no potencial de votos”, afirma Marcio Macêdo.
“Com essa recuperação dos seus direitos políticos, muda todo o cenário, porque ele pode canalizar uma discussão, além do diálogo direto com as massas que ele sempre teve e tem, numa discussão capaz de rearticular o campo da esquerda democrática no país”, prevê.
Ainda pelo campo da cautela, Marcio Macêdo não trata de um Lula pré-candidato à Presidência em 2022. “Eu acho que é cedo para dizer que isso implica que ele venha a ser o candidato a presidente no próximo ano. Tanto pode ser ele quanto não. Isso passa primeiro por uma decisão pessoal dele - se ele vai querer ou não ser o candidato. Mas o importante é ele estar apto, porque aí ele passa a estar no jogo de forma ser parte diretamente no processo. Ou para ser o candidato ou para coordenar o campo de esquerda e de centro-esquerda e de retomada de um projeto nacional”, diz.
Enquanto falava com a Coluna Aparte, por volta das 18h30, Marcio Macêdo recebeu uma ligação de Lula. Pediu para desligar para atendê-lo e depois retornou de volta a conversa com a Coluna.
“O Lula me disse que estava muito feliz com a decisão, que sempre esperou com paciência por este dia e que vai aguardar os desdobramentos para saber como agir daqui pra frente. Disse-me que vai se vacinar semana que vem contra o coronavírus e que me quer em São Paulo para discutirmos algumas ações do futuro”, informou Marcio Macêdo.