O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) prorrogou nessa terça-feira (6) por dois anos o mandato de investigadores que documentaram execuções, desaparecimentos e tortura na Venezuela, que dizem equivaler a crimes contra a humanidade.
A entidade repudiou a "repressão e perseguição direcionadas e generalizadas" de forças de segurança e apelou ao governo do presidente Nicolás Maduro para cooperar com uma análise preliminar iniciada pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).
"Continuamos a ver casos novos de execuções arbitrárias, tortura e outras violações graves de direitos humanos naquele país", disse Silvia Elena Alfaro Espinosa, embaixadora do Peru na Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, ao apresentar a resolução.
O embaixador da Venezuela, Jorge Valero, rejeitou o texto, que também teve o apoio da União Europeia, por vê-lo como "demonstração clara de manipulação e politização do conselho".
"O presidente Maduro gostaria de perguntar à União Europeia: será que vocês continuarão com o roteiro surrado, batido e fracassado de Donald Trump contra a Venezuela?", indagou Valero.
A resolução foi objeto de votos favoráveis de 22 países, três contrários (inclusive da Venezuela) e 22 abstenções (incluindo o México).
Em um relatório de setembro, investigadores da ONU disseram que o governo Maduro cometeu violações sistemáticas de direitos humanos.
A embaixadora do Brasil, Maria Nazareth Farani Azevedo, afirmou que as conclusões da ONU "renovaram a esperança de justiça" dos venezuelanos. "É particularmente alarmante que muitas dessas violações tenham sido planejadas, tornadas generalizadas e sistemáticas sob o comando de indivíduos nos níveis mais altos, o objetivo sendo se aferrar ao poder a qualquer custo", acrescentou.