Dono de uma voz marcante, que embala multidões, Xella começou sua carreira ainda menino. Foi percussionista no projeto Os Árabes, de Carlinhos Brown e depois despontou para o pagode com o Pagodart. Depois da saída da banda, passou por outros grupos e hoje toca sua carreira com energia, novidades e musicalidade. Xella conversou com exclusividade com o Pida! e fala sobre o pós pandemia, suas preferências no pagode, o Carnaval 2022 e muito mais. Confira:
Pida: Recentemente surgiu um anúncio na internet “vendendo” a marca do Pagodart em um site. O que você sente ao ver a marca que você projetou, sendo vendida?!
Xella: Senti tristeza de ver algo que lutei tanto pra chegar onde chegou comigo pro Brasil e pro mundo; e depois teve um bom seguimento com Flávio; estar assim.
Pida: Nesses anos de carreira, o Pagodart teve várias trocas de vocalistas. Você é amigo deles? Com quais deles você faria parcerias de trabalho?
Xella: Eu não estive muito a par das pessoas que tiveram à frente, cantando na banda. Só de Flavinho, que é um amigo querido. De Robyssão, que entrou logo quando eu saí mas passou pouco tempo. E por final, Sandro, que conheço também e é um menino do bem. Qualquer um dos três eu faria parcerias.
Pida: Sua história com o Pagodart é muito intensa. Foram grandes sucessos e muitos momentos especiais. O que você mais lembra quando pensa no tempo em que esteve no comando da banda?
Xella: Penso em mim realizando meus sonhos de conquistar muitos fãs, de ver minhas músicas tocando em rádio; de fazer TV nacional, Faustão, Fantástico, Luciano Huck, Vídeo show, etc…. De fazer minhas primeiras turnês internacionais, de lotar casas em todo o Brasil e arrastar multidões e ter deixado um legado.
Pida: Na sua opinião, sua época à frente do Pagodart foi a época de maior projeção da banda? A que você acha que se deve essa grande aceitação do público com você?!
Xella: Sim, todos sabem que foi. Fomos febre, chegamos bem. Se deve ao grande sucesso das músicas, ao swingue da banda, à minha voz e à representatividade negra à frente de uma grande banda naquela época onde as coisas eram bem piores pra gente.
Pida: Você continuou a trabalhar e nunca deixou o público de lado após a saída do Pagodart. Como está a carreira de Xella hoje? Quais são as novidades para esse novo momento pós pandemia?
Xella: Na pandemia eu lancei um DVD Live, mais um CD onde conto quase toda a minha história musical de músicas gravadas por mim e por outros artistas, como Dedo Calibrado, que fez muito sucesso com Kannário, onde lancei também 4 músicas novas, uma delas gravada com Márcio Victor Psirico. Na Live tem relato de um grande Diretor da Sony Music Internacional e do artista internacional NE-YO nos prometendo um Feat em breve. Antes, já tinha lançado um CD autoral com grandes participações de artistas baianos, como Denny Dennan - que gravou comigo uma composição minha que fala sobre racismo, homofobia e todo tipo de preconceito - e outros artistas, porém com tudo o que aconteceu estamos esperando o momento certo pra relançar e fazer o trabalho tendo em vista que hoje sou um artista independente e as coisas ficaram bastante difíceis para gente nessa pandemia, sem um acolhimento necessário. Esse Live pega da minha história do começo, com Pagodart e passeia pelas outras bandas que passei e fiz sucessos.
Pida: Quem é o grande nome do pagode hoje na Bahia?
Xella: Existem hoje nomes que levam nosso pagode para o mundo, que tem trabalhos estruturados e de respeito, como Psirico, Atoxxa, Parango, Harmonia, É O TCHAN. Porém acho que o número 1 hoje é Léo Santana. Léo é um cara que vem com um trabalho sério, que tem inovado e sem perder a essência e se mantém numa crescente com números digitais absurdos e grandes sucessos que são o resultado de um trabalho em equipe, que tem o grande empresário Marcelo Brito à frente, é um trabalho q eu gosto.
Pida: Você acha que teremos carnaval 2022? Você já tem planos para a folia? O que vem por aí no verão e no início do ano para Xella?
Xella: Realmente não sei o que dizer. Espero que tenha porque o Carnaval é a nossa vida né?! Os meus planos são os melhores sempre, pro carnaval. Quem conhece meu trabalho e me acompanha sabe que sou um grande puxador de trio, já puxei dois blocos em um dia (Muquiranas e Frenesi na época), estou com 2 CD’S autorais guardados a 7 chaves esperando o melhor momento para lançar e acabei de lançar um clipe com a música “Chama que eu vou”, onde eu faço uma homenagem às grandes casas de show antigas de salvador, que levaram o nome do nosso pagode para o mundo e marcaram a vida de muitos.
Pida: o sertanejo e agora o Piseiro vêm dominando o mercado. Muita gente aponta a união da classe como responsável pelo sucesso. Você acha que no caso do Pagode, existe essa união?
Xella: Acho que a música baiana tem o seu respeito e hoje todos os ritmos passeiam por nossos elementos de percussão e melodias. Acho que o momento é bom para a gente se unir mais e se ajudar com humildade se pondo um no lugar do outro. Ninguém chegou a lugar algum sem ajuda e o que passou, passou. Espero que os grandes tenham essa consciência.
Pida: Com que artista (independente do estilo) você gostaria de fazer um Feat? E qual você nunca faria?!
Xella: Difícil porque sou fã de muitos artistas, mas vou falar 4 artistas. Uma amiga querida, um amigo, um mestre e uma artista que sou fã pela sua representatividade negra hoje no mundo. Ivete, que há anos quero fazer algo com ela. Já até cantamos juntos e ela me ajudou muito na época da polêmica “Tapa na cara”, quando o Prefeito proibiu de cantar minha música e ela, que é a nossa Rainha, cantou. Periclão, que é um amigo de longas datas que sempre me deu um grande apoio com seus conselhos. Ludmilla, pela sua voz e representatividade negra que exerce hoje no mundo e meu mestre Carlinhos Brown. Tem gente que não sabe, mas comecei minha carreira na música como percussionista, correndo atrás dele nos Árabes tocando timbau.
Pida: Qual a mensagem que você deixa para os seus fãs e para os seguidores do Pida?
Xella: Antes de mais nada, queria agradecer a oportunidade ao Pida que eu tenho como uma família. Eu que vi esse projeto nascer e ajudei a construir, me orgulho do que se tornou. Queria dizer que vivemos novos tempos onde aprendemos muito com a pandemia, onde vimos que não somos nada. Praticar menos o ódio, menos orgulho, menos ego, menos eu, mais Deus, mais amor, mais se pôr no lugar do outro. Governantes: vivemos na cidade da música. Estruturem a cidade. Mais casas de shows, mais políticas públicas para os músicos que levam a cultura da cidade para o mundo. Quanto a mim, podem aguardar sempre o melhor, sempre uma renovação sem perder a essência e muita música. Aguardem porque vem muita novidade!