“Quando a palavra fere estruturas”, obra inaugural da escritora Isis da Penha já ganhou o mundo, a partir do seu lançamento e destaque por propor uma reflexão sobre a palavra e o seu poder. Segundo ela, sua escrita iniciou com a curiosidade e a vontade de transformar o mundo.
Por isso, “Quando a palavra fere estruturas” é sobre o que não cabe mais no cordel. “Você sabia que durante muito tempo considerava-se que as mulheres poetas/cantadoras mantinham pacto com o diabo? E se eu disser que falas desse passado se atualizam nos dias de hoje quando somos chamadas de aberrações ou coisas do tipo? É muito importante falar da violência linguística e seus afeitos. Meu sorriso é de quem conseguiu transpor, de forma didática, questões teóricas sobre a violência linguística para a poesia popular. É o sorriso de quem encontrou nome para aquilo que incomodava, mas era confundido com paranóia”, destaca Isis.
Isis da Penha faz questionamentos e reflete sobre sua obra. “Até hoje estranho o lugar de escritora e sempre me pergunto: Quem sou eu? O que eu quero levar para as pessoas? Nos últimos tempos tenho pensado ainda mais, pois meu trabalho ganhou uma repercussão maior devido ao Movimento Nacional de Mulheres Cordelistas Unidas em Combate ao Machismo. Quando fiz ‘Quando a palavra fere estruturas’, estava embriagada pelos estudos sobre o lugar da mulher na literatura de cordel, queria entender algumas questões”.
A obra contempla um assunto pouco discutido fora do âmbito acadêmico, além de contar com protagonismo feminino na temática e concepção da obra (autora, ilustradora, equipe editorial e apresentação) e a técnica de ilustração utilizada no livro é kiriê, de origem chinesa, consiste no recorte do papel com a ajuda de lâminas.
“Nesta ficção em cordel, as sete mulheres, irmanadas pelo sobrenome e pela poesia, são alvejadas hoje pelas pedras renitentes de um passado que ainda existe. Sai da mão de Isis a pedra e a palavra, saem de nossas mãos as pedras, para reinaugurar o tempo e as estrutura “, observa Mariane Bigio, na apresentação do livro. As ilustrações são de Nireuda Longobardi, o livro foi coordenado pela Ganesha Edições. A publicação da obra foi apoiada pela Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe – Funcap, por meio da Lei Aldir Blanc.
Sobre Isis da Penha
Graduanda em Letras pela Universidade Federal de Sergipe, atualmente atua como residente no Colégio de Aplicação da UFS. Produz literatura de cordel desde 2017, é mediadora do ‘Estante Feminista’, grupo de estudos de cordel do Movimento Nacional de Mulheres Cordelistas Unidas em Combate ao Machismo e faz parte do projeto ‘Mulheres em Cena’, do Núcleo de Pesquisa e Documentação da Cultura Popular, da Universidade Federal da Paraíba.