A partida entre França e Austrália nesta terça-feira (22) abriu o último dos oito estádios da Copa do Mundo. A devida inauguração do Al Janoub permite um balanço do que funcionou ou não no Catar 2022 até aqui em um projeto de custo total de US$ 220 bilhões (mais de R$ 1,1 trilhão na cotação atual) . A avaliação, em geral, é boa apesar dos problemas de logística no transporte de milhares e milhares de torcedores.
Entre todos os estádios, apenas o Internacional Khalifa já havia sido construído antes do Mundial. Os demais: 974, Al Bayt, Al Janoub, Ahmad Bin Ali, Al Thumama, Education City e Lusail foram construídos sob custos que ultrapassam a casa dos US$ 10 bilhões (R$ 53 bilhões na cotação atual).
A Fifa deve promover só no encerramento da fase de grupos, em 2 de dezembro, uma entrevista geral para passar a sua visão sobre o evento.
A capital Doha organizou uma boa malha viária, com metros novíssimos e climatizados para suportar o calor que passa facilmente dos 30º C. A chegada dos torcedores nos estádios é boa, sem aglomerações, brigas ou qualquer coisa do tipo. A chegada. A saída, em muito por ser praticamente no mesmo horário para 40, 50… 80 mil pessoas, é péssima.
Em outras Copas, atrações à parte ao jogo são oferecidas, e mais bem organizadas, justamente para diluir o fluxo de saída e não superlotar os vagões. Aí entra outro problema na história, a proibição de bebidas alcoólicas nos estádios e a dificuldade da venda do produto nas Fan Fest. Quando alcóolica, em lugares específicos, o preço chega a 50 riais (R$ 73,74 na cotação atual) e assusta torcedores.
Ainda nas contas do Comitê Organizador, a primeira Copa do Mundo no Oriente Médio espera atrair 1 milhões de turista até 18 de dezembro. Mas esses ou ainda não chegaram ou estão tímidos demais pelas ruas e praças fora do ambiente dos jogos. A impressão que se tem é de uma Copa fria, que necessita de calor humano em meio a um país muçulmano, de regras tão rígidas.
Em muitos momentos de França e Austrália, era possível conversar naturalmente com qualquer um que estivesse ao seu lado na arquibancada ou na tribuna de imprensa. Um pouco mais de esforço e seria possível ouvir as instruções de Didier Deschamps aos seus comandados.
Os sul-americanos, argentinos e brasileiros, que costumam fazer mais festa, ainda não entraram para valer no clima que assustou os russos por exemplo quatro anos atrás. Tampouco os turistas coloriram as ruas como no Brasil 2014. A surpreendente derrota dos hermanos para a Arábia Saudita também foi um problema à parte na animação.
O Catar é conhecido por seus arranha-céus de arquitetura imponente e muito luxo. Ainda que os mais críticos possam alertar que essa não é a população de verdade que construiu o país, os estádios atendem ao altíssimo padrão arquitetônico. Do mais acanhado ao Lusail, palco da final, tudo também funciona na mais perfeita ordem. Até mesmo a internet 5G.
A segurança no Raio-X é rígida sem ser ameaçadora, os ingressos não deram grandes problemas, a higiene dos banheiros é impecável, as praças de alimentação são sem grandes filas. Entre snacks comuns dos parceiros da Fifa, há também lanches árabes a partir de 15 riais (R$ 22) e cerveja sem álcool a R$ 73.
Nas últimas quatro Copas (África do Sul 2010, Brasil 2014,Rússia 2018 e agora Catar 2022), a Fifa desembarcou nos países com a história de construir um legado para o povo local. Sabidamente, não foi bem assim. Até agora, no entanto, os catar estão se divertindo com os jogos e um jeito diferente de torcer. O intercâmbio do futebol tende a melhorar a hoje atrativa (financeiramente) liga local.
Os estádios, no entanto, passarão por uma reforma após a Copa. O plano é diminuir 170 mil assentos, que serão doados para outros países, dentro da proposta de incentivar o futebol.