Afastado pelo Conselho Deliberativo em Assembleia Extraordinária realizada na última quinta-feira, Paulo Carneiro continua exercendo as funções de presidente do Vitória. Pelo menos é o que ele próprio garante em áudios que foram enviados através de um aplicativo de troca de mensagens.
O conteúdo dos áudios foi divulgado inicialmente pelo site Bahia Notícias e confirmado pela reportagem do ge, que também teve acesso ao material.
Em um deles, Paulo Carneiro afirma que não foi notificado sobre o afastamento e revela que teria, inclusive, negociado o “bicho” dos atletas da partida do último sábado. O Vitória venceu o Operário-PR, fora de casa, por 1 a 0, com gol de Mateus Moraes.
- Só para dizer aos abutres que eu não saí porque não fui notificado. Continuo presidente. Fui eu quem conversou com os jogadores hoje de manhã, que acertei a premiação. Continuo presidente, ninguém me notificou. E, na minha ausência, é meu vice. Portanto, não mudou nada – afirmou Paulo Carneiro.
"Acho que sim, tenho certeza que sim. Se não é minha saída, o time não ganha. O único detalhe é que eu não saí, viu? Seu cara de pau", bradou o Carneiro, respondendo a um integrante do grupo de identidade desconhecida.
Procurado pela reportagem, o presidente do Conselho Deliberativo, Fábio Mota, através de sua assessoria, desmentiu Paulo Carneiro e afirmou que ele foi notificado na última sexta-feira, um dia após a Assembleia Extraordinária.
O posicionamento de Paulo Carneiro também é contrário ao adotado pela instituição Esporte Clube Vitória, que, nesta segunda-feira, divulgou uma nota em que se refere a Luiz Henrique Viana, vice-presidente da agremiação, como “presidente em exercício”.
De acordo com a assessoria rubro-negra, o dirigente precisou se afastar do clube por motivos pessoais, mas volta a exercer suas funções a partir desta quarta-feira.
Parecer do Conselho de Ética
O ge já teve acesso ao parecer da Comissão de Ética que recomenda o afastamento do presidente Paulo Carneiro, para que possam ser apuradas possíveis infrações em sua gestão.
Confira abaixo as possíveis infrações apontadas pela comissão que investigou gestão Paulo Carneiro:
Ausência de um contrato entre o clube e a empresa Magnum, que recebeu R$ 3.586.068,00 do Vitória;
Adiantamento de remunerações feito por Paulo Carneiro, presidente do Conselho Diretor, durante a pandemia.
Crise política
Eleito presidente do Vitória em uma chapa que contava com apoio de ex-presidentes do clube, Paulo Carneiro perdeu força política ao longo do tempo. Nos bastidores, falava-se sobre a postura centralizadora do gestor, que não conseguiu contornar a crise financeira nem dar resultados dentro de campo.
Na gestão Paulo Carneiro, o Vitória foi eliminado duas vezes na primeira fase do Campeonato Baiano e, pelo terceiro ano consecutivo, luta contra o rebaixamento na Série B.
Nos últimos meses, Paulo Carneiro passou a sofrer forte pressão para deixar a presidência. Em julho, o ex-presidente do clube e ex-aliado Alexi Portela cobrou a renúncia do atual mandatário, que garantiu que não vai pedir para deixar o cargo.
Dias depois, um grupo de oposição criou uma campanha para convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) com o objetivo de destituir Paulo Carneiro, atitude que foi criticada pelo presidente.
O presidente do Conselho Fiscal, Jailson Reis, também chegou a apresentar denúncia em que pede a perda do cargo do presidente. Nos últimos dias, este mesmo Conselho Fiscal teve a renúncia de quatro de seus membros.