Eliminado pelo Atlético-MG na Copa do Brasil mesmo vencendo por 2 a 1, o Bahia teve um primeiro tempo digno para sonhar, mas uma etapa final para cair na realidade. Com um início de imposição como há muito não se via, abriu vantagem. O problema é que o Galo reagiu com a força de seu elenco, e o Tricolor não encontrou forças e peças para resistir.
Dado disse em entrevistas antes do jogo que, diante da fase instável do Bahia, precisava "pensar fora da caixa". E, além das três mudanças no time titular com as entradas de Lucas Mugni, Matheus Teixeira e Matheus Bahia (todas substituindo jogadores que não poderiam atuar na noite desta quarta-feira), também alterou o desenho da equipe em campo.
O Bahia jogou no 4-4-2, com Rossi como segundo atacante ao lado de Gilberto e logo atrás Mugni e Rodriguinho como meias. E o que de melhor aconteceu no primeiro tempo foi pelo lado direito, nas jogadas rápidas com Rossi. E o gol do primeiro logo aos 11 minutos, aproveitando falha de Everson, ajudou a dar confiança.
- Quem observou o jogo in loco, percebeu que mudamos completamente nosso desenho de jogo. Entramos com um quadrado, com dois atacantes. Rossi não era extremo. Fizemos dois atacantes e dois meias. Rossi fazia diagonais, caindo nas costas do defensor adversário, Gilberto do outro defensor. Quase sempre deixamos esses dois jogadores no mano. Obviamente contamos com uma partida excelente de Rossi. A entrada do Mugni e do Rodriguinho fazendo esses dois meias, lembrando a época antiga, meia esquerda e meia direita.
- Já estava com essa pretensão desde o jogo da ida, entendia que era a melhor condição a fazer. Dois atacantes, dois meias por trás. A regularização do Mugni foi importantíssima para isso. Pude fazer essa troca, mudar o jeito de jogar. Mudamos também a bola parada que nos deu alguns frutos. Infelizmente a classificação não veio - disse o técnico na entrevista após a partida.
Por sinal, gol que veio com um abraço de Rossi no técnico Dado Cavalcanti. Gesto de confiança do grupo no trabalho do treinador, tão cobrado pela torcida nos últimos jogos.
O Bahia teve um primeiro tempo de imposição (terminou com 53% da posse de bola contra 47%). E com a falha de Everson, era natural que o Tricolor aproveitasse a insegurança do goleiro e insistisse nos chutes de longe, o que acabou fazendo. Assim como não abriu mão da bola área. Quase fez com Luiz Otávio e Conti, mas não desperdiçou com Capixaba.
Assim terminou o primeiro tempo com oito finalizações, mais que o dobro do adversário, que concluiu a gol três vezes e praticamente não levou perigo. Volume de jogo destacável diante da melhor defesa da Série A e que não sofria gols há três jogos. Números animadores, claro. Mas aí veio o choque de realidade.
Era natural que o Atlético-MG mudasse a postura e até pressionasse o Bahia no segundo tempo. Tinha necessidade e elenco para fazer isso. Tanto que Cuca fez três mudanças no intervalo. O que não era natural era o Bahia se ver acuado e sem alternativas.
O início de segundo tempo foi de presença do Atlético-MG no campo de ataque, e o Bahia sem conseguir contra-atacar (etapa final terminou com seis finalizações do Galo contra quatro do Tricolor). E aqui é sempre bom lembrar que esse é o tipo de jogo que esse time se sente mais à vontade. Mas as respostas aos ataques do adversário só vieram após o gol de Vargas. Ou nem isso.
Quando Dado precisou usar o banco para ganhar fôlego, assim como fez o Atlético-MG, não encontrou peças alternativas que fizessem a equipe saltar de qualidade. Colocou Lucas Araújo, Thonny Anderson, Óscar Ruiz e Ronaldo em campo. Nenhum conseguiu acrescentar mais que os titulares cansados. E aí a classificação do Galo era questão de tempo.
Eliminado, o Bahia tem o que celebrar e lamentar. Sai com a consciência de que tem condição de ser competitivo contra qualquer equipe e sofrer menos na Série A. Mas também fica claro que precisa de ajuda, sobretudo no seu banco para os momentos de maior dificuldade. Ou busca novas peças ou faz com que as já estão desde o início da temporada rendam mais. Seria possível?