Sem atuar há quase seis meses, a seleção brasileira volta a se reunir no fim deste mês visando duas disputas distintas: as Eliminatórias da Copa do Mundo do Catar e a Copa América, que será disputada em junho na Colômbia e na Argentina. E, com o calendário fortemente afetado pela pandemia do novo coronavírus, a comissão técnica terá que se desdobrar para montar o grupo e readequar o próprio planejamento.
Após o fracasso na Copa da Rússia, quando o time caiu nas quartas de final diante da Bélgica, Tite e o então coordenador de seleções, Edu Gaspar, elaboraram uma estratégia de longo prazo visando a renovação do grupo. Assim, o planejamento até o Mundial do próximo ano foi dividido em três etapas.
A ideia inicial da comissão técnica era aproveitar o período sem jogos oficiais no segundo semestre de 2018 para testar novos atletas. No médio prazo, o time seria mais cascudo, formado por jogadores de confiança do treinador e por jovens que vinham bem. A intenção - na verdade, uma necessidade - era vencer a Copa América de 2019, disputada no Brasil. E o título da competição, que não vinha havia 12 anos, foi conquistado.
A parte mais importante do planejamento, porém, viria na sequência. O início das Eliminatórias para a Copa do Mundo e o seu andamento, com as Datas Fifa espalhadas regularmente ao longo do ano, serviria para o Brasil consolidar uma seleção para a busca do hexa. Só que aí veio a pandemia. O calendário foi suspenso e campeonatos continentais, como a Eurocopa e a Copa América, foram adiados em um ano. No fim, a regularidade das Datas Fifa foi por água abaixo, assim como o planejamento inicial da seleção.
Agora, faltando um ano e meio para a Copa do Mundo, Tite se vê em situação semelhante à de quando assumiu a equipe, no segundo semestre de 2016. Naquela época, porém, o treinador precisou montar seu grupo a partir do zero e sem nenhuma experiência de seleção. Agora, conta com cinco anos e uma Copa de lastro.
CONVOCAÇÃO - Tite tem até o domingo, dia 16, para notificar os clubes sobre os atletas que defenderão o Brasil nos duelos diante do Equador, dia 4 de junho, em Porto Alegre, e Paraguai, quatro dias mais tarde, em Assunção. Por isso, é provável que a lista de convocados para as Eliminatórias seja anunciada na sexta, 14.
Até lá, o treinador terá de definir se a convocação valerá também para a disputa da Copa América. A competição começa em 11 de junho, e o Brasil ficará baseado na Colômbia. Caso o técnico opte por levar o mesmo grupo de jogadores para as duas disputas, os clubes que cederem atletas para a seleção poderão ficar desfalcados por mais de 40 dias.
Outra preocupação da CBF diz respeito aos Jogos Olímpicos. O time olímpico é treinado por André Jardine e deverá contar com três atletas acima de 23 para a disputa em Tóquio. Neymar poderá estar entre eles.
A competição acontecerá apenas em julho, depois da Copa América. Ocorre que os clubes não são obrigados a liberar seus atletas para o torneio olímpico - e é possível que alguns que sejam chamados por Tite tenham idade para estar também na equipe de André Jardine. Para resolver essa equação, a CBF terá de negociar com cada clube a liberação dos jogadores. Em 2016, por exemplo, a entidade fez um acordo com o Barcelona e Neymar disputou apenas a Olimpíada.
PREPARAÇÃO - O Estadão apurou que o Brasil deverá realizar um período de preparação na Granja Comary, em Teresópolis. Caso a opção se confirme, o grupo deverá se reunir a partir de 31 de maio.
Assim como aconteceu às vésperas da Copa de 2018 e da Copa América de 2019, é provável que o grupo esteja desfalcado nos primeiros dias de preparação. Isso porque a final da Liga dos Campeões está marcada para o dia 29, em Istambul, na Turquia. E jogadores de confiança de Tite, como Ederson, Fernandinho e Gabriel Jesus (Manchester City) e Thiago Silva (Chelsea), estarão em campo.