Os tempos completamente distintos no empate com o Vasco deram dois caminhos para o Fluminense: ser intenso e efetivo como antes do intervalo ou lento e sem inspiração como nos últimos 45 minutos. O que se viu na primeira derrota de Marcão no comando do Tricolor foi o que de pior aconteceu no clássico: uma equipe que teve maior posse de bola, mas nada fez com ela, levou praticamente nenhum perigo ao gol adversário, sofreu com um meio-campo de pouca mobilidade e um ataque confuso. O resultado? Vitória do Atlético-GO por 2 a 1 no Estádio Antônio Accioly, em Goiânia.
De acordo com números do "SofaScore", o Flu teve 61% de posse, com duas finalizações no gol, uma para fora e dois chutes travados. Foram 453 passes trocados e 86% de precisão, além de 110 perdas da bola. Em termos de comparação, o Atlético-GO trocou 280 passes e conseguiu 11 finalizações, sendo cinco no gol. O Fluminense não só repetiu seus defeitos como também voltou a mostrar erros que já havia cometido nas outras três partidas contra o mesmo adversário no ano. E as atuações preocupam para o futuro.
Caso queira se manter vivo no sonho da Libertadores, o Fluminense precisa de uma reação imediata, mas o time de Marcão segue com sua tabela ingrata nessa reta final de Brasileirão. Para fechar 2020, terá o líder do campeonato, São Paulo, no dia 26, no Maracanã. Abrindo 2021, o Tricolor encara o Flamengo, dia 6. Depois, fecha o mês de janeiro pegando Corinthians, fora, Sport, em casa, Coritiba, fora, e Botafogo e Goiás, ambos no Rio de Janeiro. Por isso, a busca pela primeira vitória do treinador passará mais do que só reencontrar o caminho de atuações consistentes, mas também pela superação contra rivais que brigam por coisas importantes neste momento.
O que funcionou: o goleiro Marcos Felipe. Titular inicialmente por conta da Covid-19 de Muriel, a cria da base tricolor continua sendo o ponto positivo do time e salvou o Flu de um placar mais elástico. Sobre aquilo que não deu certo, dá para pontuar tudo, mas o destaque vai para o meio formado por Hudson, Yuri e Nenê, que é pesado e pouco móvel e, portanto, não funciona. E um ataque que ainda aparece com jogadores tortos em suas funções, como Michel Araújo nesta partida ou o próprio Marcos Paulo, que atuou com mais liberdade mas continua escalado como referência.
- Manter a marcação em linha média, pressionando na bola ruim do adversário. Manter a posse, mas trabalhando as transições que tanto exigimos e treinamos para isso. Sabíamos da pressão alta do adversário. Simulamos algumas situações com a penetração do Hudson, do Michel. Trabalhamos, mas não aconteceu. No segundo tempo preferimos tirar o Michel e colocar o Pacheco para dar profundidade de lado, depois a mesma coisa com o Lucca, que treinou bem na semana nessa função. O Fred é nosso centroavante, a bola começou a rodar na área e sempre ficamos na expectativa de um movimento dele. A bola procura, é goleador. No fim colocamos o Felippe para acompanhar. No momento que estávamos tínhamos que arriscar atrás, colocamos dois atacantes de área para criar dificuldade - disse Marcão após a derrota.
O Fluminense terá oito dias pela frente para treinar e descansar antes de encarar o líder do Campeonato Brasileiro no dia 26. O Flu volta ao Rio de Janeiro nesta quinta-feira, treina sexta e folga sábado e domingo. A equipe é a sétima colocada na competição, com 40 pontos, e torce por um tropeço do Santos para se manter neste lugar ao fim da rodada.