Quando ninguém ainda poderia nem sonhar com o VAR, a autoridade de uma partida de futebol era o árbitro. Mais ou menos. Com Pelé em campo, a torcida tinha até mais peso que o homem do apito. O Rei do Futebol foi expulso em uma partida pelo Santos, em junho de 1968, mas a insatisfeita torcida em Bogotá, na Colômbia, exigiu o camisa 10 de volta.
O Santos fazia uma excursão pela América do Sul quando o episódio aconteceu. O Peixe vencia a seleção olímpica colombiana por 4 a 2, com um gol de Pelé. Apesar do placar naquele momento, a torcida não gostou nada quando o árbitro Guilhermo Velásquez expulsou o Rei do Futebol, que tinha fama de atleta disciplinado, mas também sabia se defender de entradas mais violentas.
Depois de muita confusão, pressão dos jogadores do Santos, ameaça de invasão da torcida, chegou-se a solução que o melhor era que o camisa 10 voltasse ao campo. Isso mesmo. Como se o cartão vermelho fosse esquecido. Mais do que isso, o árbitro foi substituído e deu lugar a Omar Delgado. A partida prosseguiu normalmente, mas o primeiro árbitro foi a delegacia denunciar atletas do Peixe de suposta agressão.
Pelé, que completa 80 anos nesta sexta-feira, já havia sido obrigado a voltar ao campo por vontade das arquibancadas. Em 1962, quando o Santos vencia o Alianza Lima, o técnico Lula decidiu substituir o Rei. Nada disso. As ameaças foram tantas que o Atleta do Século teve de voltar dos vestiários.