Um itabaianense de muita garra, zeloso pelo desenvolvimento de sua urbe, visionário e empreendedor, José Queiroz mostrou-se cumpridor de todas as aptidões com que o Criador cumulou os ceboleiros. Desde a mais tenra idade, via-se envolto nas questões sociais, com um tino resolutivo de fazer inveja. Teve a graça de integrar a primeira turma do novel Murilo Braga, o maior colégio estadual do interior sergipano e que fez páreo com o famoso Atheneu. Ali, ele se fez líder estudantil e se tornou o orador de sua turma, no expediente da formatura.
Ingressou no Banco do Brasil, onde fez carreira e, após longos anos, transferiu-se para Aracaju, de onde continuou garimpando novidades para a Serrana Bela. Ainda jovem apaixonou-se pelo futebol e, com o tempo se fez patrono da Associação Olímpica de Itabaiana, momento em que o Tremendão da Serra galgou o pentacampeonato, de 1978-1982. Foram tempos áureos do futebol itabaianense. É de sua lavra a ideia da Vila Olímpica, maior espaço de lazer de Itabaiana, na década de 1980.
Católico de carteirinha, integrou o CASCI – Centro de Assistência Social Católica de Itabaiana, quando ajudou na edificação da Maternidade São José e do Colégio Dom Bosco. Encarregou-se de trazer o Cine Santo Antônio, inicialmente pertencente à Paróquia de Santo Antônio e Almas e, posteriormente, a Zé Queiroz. Além desse, o Cine Popular, que fez história em terras serranas. Esticou os cinemas pelo Estado, sobretudo em Aracaju, chegando a contar mais de uma dezena de casas de exibição, a ponto de ser lembrado pelos sergipanos, quando alguém menciona o termo cinema.
Cônscio de que se comunicar é empreender, trouxe para Itabaiana a primeira rádio, a Princesa da Serra, AM, inaugurada aos 13 de junho de 1978, o que se tornou grande feito e uma referência enorme para o interior sergipano, vindo posteriormente a criar a FM Princesa. Por meio da Princesa da Serra, numa época de tanto atraso, levou o nome de Itabaiana a tantos lares e lugares longínquos, dada a potência de seus transmissores.
Tornou-se representante do Baú da Felicidade e da Editora Abril Cultural, ampliando demasiadamente os postos de venda, com as famosas lojas do baú e as bancas de revistas, que pulularam nas principais cidades sergipanas. Era, deveras, um visionário e empreendedor. Com essa verve empreendedora, abriu caminho, desenhou possibilidades, gerou inúmeros empregos, transformou vidas e famílias, engrossando a fileira dos que conquistaram a dignidade e a honradez.
Na política local, iniciou um projeto de oposição, tornando-se a ser Vice-Prefeito e o Deputado Federal, no período da Constituinte, a receber a melhor avaliação de desempenho, na elaboração da atual Constituição Federal. Por onde Queiroz passava, deixou rastros luminosos, de sabedoria, empreendedorismo, liderança e transformação social.
Inteligência privilegiada, autêntica enciclopédia ambulante, era capaz de discutir sobre quase todos os assuntos, com um olhar altamente crítico, impulsionado por uma teimosia ímpar, que fazia de si um brilhante aprendiz, posto que inconformado com o pouco saber. Era leitor apaixonado e, não raras veze, víamo-lo com um maço de jornal debaixo do braço. Estava alinhado com o que se passava no mundo, numa época em que não havia as mídias sociais.
Como visto, na economia, na comunicação, na cultura, na política, na ação social e no esporte, Queiroz se fez referência, marcando época, transformando a vida de tantas pessoas, dando sentido ao humano existir. Obrigado, Zé Queiróz, por todo o empenho em prol de Itabaiana.
Repouse em paz, grande Ceboleiro, recebendo de Deus a recompensa.
R. I. P.
Jerônimo Peixoto