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Sergipe

SAAE EM ESTÂNCIA: LUTA DE UM POVO III

Publicada em 01/07/24 às 12:19h - 40 visualizações

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SAAE EM ESTÂNCIA: LUTA DE UM POVO III
 (Foto: TRIBUNA CULTURAL)

*Acrísio Gonçalves de Oliveira

Em abril de 1967, chegava à prefeitura Raymundo Silveira Souza (Seu Raymundinho). Como Pascoal Nabuco, Raymundinho incentivava a cultura. Apreciava as árvores, as flores. Da administração de Alizi havia herdado uma dívida de dois meses de atraso com os vencimentos dos servidores e quatro meses de atraso do “salário família dos diaristas”. Em três meses de governo, restaurou jardins, calçou ruas, melhorou o “talho de carne”, arborizou parte da BR 101... Já as tais dívidas, essas também Seu Raymundinho as regularizou.

Com relação ao andamento do projeto de abastecimento, o novo prefeito ficou sabendo que o empréstimo solicitado ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o serviço de água encanada havia sido aprovado. De fato, a deputada Núbia Macedo, que o apoiava, recebeu das mãos do governador Lourival Batista o plano que concedia empréstimo do BID para o citado serviço. O empréstimo concedido pelo referido banco seria da ordem de 200 milhões de cruzeiros, embora dissesse à imprensa o técnico Dr. Aroaldo Alves, da Fundação SESP, que todo o custeio da obra ficaria próximo à ordem de 1 bilhão de cruzeiros.

De pronto, o prefeito pediu apoio ao então governador que solicitasse empenho do presidente Costa e Silva (quando este se encontrava em Recife), para acelerar os trabalhos de instalação da água encanada da cidade e que também enviasse um engenheiro para poder marcar o local da casa das bombas e do poço de captação. Daí, tempos depois, por telegrama, o governador informava ao prefeito que tinha sido aberta a concorrência para a empresa vencedora iniciar os serviços. A previsão para a chegada de água nas torneiras dos estancianos era de 8 meses, mas, à boca miúda, se falava que água tratada mesmo, somente em 1969 ou 1970.

No final de 1968, já estavam prontas as caixas de distribuição e acumulação, a barragem e a casa das bombas. Enquanto a água encanada não chegava, continuava o “abastecimento” da cidade sendo um trabalho dos aguadeiros. Era um serviço feito de porta em porta, cuja água vinha das fontes naturais tidas como “da melhor qualidade”. Muitos deles, na tentativa de fornecer a mais gente de uma só vez, agora fazia a entrega em carroças. Mesmo assim, como era de esperar, essas carroças não davam conta das necessidades da população.

Essa forma de abastecimento ainda iria continuar, pois, para infelicidade dos estancianos, apesar dos apelos da deputada estadual Núbia Macedo, em fevereiro de 1969 os serviços que levariam ao abastecimento de água se encontravam paralisados. Críticas vieram. Por conta disso, o prefeito Raymundo Silveira teve que responder. Nessas críticas também se questionava sobre as inúmeras ruas abandonadas da cidade. Em resposta, disse Seu Raymundinho que não estavam sob a tutela da administração as obras de abastecimento; que os referidos serviços estavam sendo comandados pelo SESP e executados pela Sudene, em cooperação com o Ministério da Saúde e o BID. Complementou que as obras não estavam estagnadas e que no ano seguinte (1970) a água estaria jorrando nas torneiras estancianas. No tocante às ruas, reconheceu que algumas de fato se encontravam abandonadas, mas que antes da sua administração havia um maior número delas.

Enquanto aguardavam o fim das obras de abastecimento de água, os estancianos também se empenhavam para ver construída a estrada da Praia do Abaís, que também levaria à Praia da Boa Viagem (Praia do Saco). Cobravam do prefeito, do governador e do ditador do País, Costa e Silva (que morreria de AVC em 17 de dezembro de 1969). Em seu governo teve início o chamado “milagre econômico” (1968 a 1973). Com o custo de vida nas alturas, ao fim desse período o tal “milagre” ficaria marcado pelo aumento da desigualdade social e pelo estrondoso aumento da dívida externa brasileira.

Seu Raymundinho, do partido MDB (Movimento Democrático Brasileiro), já a essa altura, tido como um “prefeito dinâmico”, inaugurava praças: a Praça Monsenhor Viturino, ao lado da Catedral, e a Praça Jackson de Figueiredo, onde se localiza a antiga Escola Técnica de Comércio da Estância (hoje Secretaria Municipal de Educação e Biblioteca Pública Monsenhor Silveira).    

Finalmente, no dia 31 de outubro de 1970, o sistema de abastecimento de água e esgoto de Estância seria inaugurado. No ato, além do prefeito, inúmeras autoridades estiveram presentes, dentre elas o vice-governador Manuel Prado Vasconcelos, que ao lado do prefeito cortou a fita simbólica colocada na Estação de Tratamento. No salão térreo, o Bispo D. José Bezerra Coutinho proferiu a bênção litúrgica. Em sua fala, o prefeito Raymundo Silveira Souza disse da sua alegria e da sua emoção em “ver a Estância servida por água pura, água tratada”. Para ele, Estância agora era uma cidade civilizada.

Infelizmente, a conquista da água encanada, sonhada há pelo menos 80 anos pelos estancianos, hoje sofre um revés: a tentativa impopular da sua privatização. O governador da festança, muito bem pago por todos nós, que se dizia pautar pela inclusão, em seu coração nutre com carinho o gérmen da exclusão. Em sua imperiosa vontade de privatizar a DESO e SAE’S municípios a fora, não esqueceu de excluir de sua pauta o atendimento ao clamor do povo contrário às tais privatizações. Com sua sanha em favor do privatismo e ainda contando com a anuência do gestor municipal estanciano, por aqui seu plano parece seguir firme.  

(*) Pesquisador, professor do Estado e da Rede Pública de Estância

 

 

 




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