A cidade de Estância é diferente, ela tem engrandecido a data da sua elevação à categoria de Cidade, e deixado escapar da memória e do calendário histórico, isso há muitos anos, as comemorações das datas da sua Colonização e da sua Emancipação Política.
Até hoje se fala desse “alzheimer” dos chefes políticos da cidade e, a população estanciana não descobriu ainda o por quê disso e quem foi o administrador municipal que empregou, para somente festejar a vida de Cidade e deixar para trás as outras importantes. Será que foi contenção de despesa? O jornalista Carlos Tadeu, já falecido, era o que mais relatava essa decisão política.
Segundo informa o livro Sergipe Panorâmico, setembro é o mês que marca Estância, quando foi colonizada. Ela faz 403 anos, oficialmente, de início da sua Colonização, que se deu por Carta de Sesmaria, datada de 16 de setembro de 1621, o Capitão Mor João Mendes da Capitania de Sergipe, fez doação a Pedro Homem da Costa e a Pedro Alves, concunhados entre si, das terras às margens do rio Piauí, que envolviam a “... cachoeira onde chega o salgado da dita ribeira...” Iniciava-se, dessa maneira, a povoação do que seria o “Sítio da Estância, que teria marcante posição na vida econômica e cultural de Sergipe.
De acordo com a professora e escritora Maria Lúcia Marques Cruz e Silva, no mesmo livro Sergipe Panorâmico, edição comemorativa ao 40º aniversário da UNIT/2002, Pedro Homem da Costa e Pedro Alves, quando fizeram o seu requerimento, solicitando posse daquelas terras, eles já se achavam instalados no local, inclusive já possuíam roças e plantações de cana, e viviam em companhia de João Dias Cardoso, sogro dos dois e um dos capitães do exército de Cristovão de Barros na conquista de Sergipe.
Sergipe.
Ainda ressalta a professora, que por ter sido o primeiro a desbravar o local exato em que se ergueu a povoação de Estância, construindo ali a sua casa de moradia, ou por ter sido o edificador da capela dedicada a Nossa Senhora de Guadalupe, unicamente a Pedro Homem da Costa, dentre seus parentes, os historiadores atribuem a glória de haver fundado a cidade.
Para a professora Maria Lúcia Marques Cruz e Silva, no alvorecer do século XVIII, Estância já era uma povoação que crescia e prosperava, destacando-se como centro polarizador da economia da região sul e centro de Sergipe Del Rey, escoando através de seu Porto, às margens do rio Piauí, açúcar, cocos, cereais e farinha de mandioca, produtos que serviam de suporte para a manutenção de suas excelentes casas comerciais, e para os estabelecimentos e exportação e importação.
Outro detalhe importante passado pela pesquisadora, foi que, a partir da segunda década do século XIX, com o seu Porto próximo à desembocadura do rio Piauí, colocando a região em contato direto com a capital da Bahia, através da navegação marítimo-fluvial, Estância foi assumindo rapidamente posição de relevo nos acontecimentos sócio-político-econômicos de Sergipe.
A pesquisadora Maria Lúcia destaca que a arquitetura civil de Estância, posicionava-se como a mais requintada de Sergipe Del Rey, que sofria forte influência da arquitetura utilizada em Salvador, porto a partir do qual os habitantes da “princesa do Piauitinga”, com frequência, viajavam para a capital baiana, trazendo evidentemente projetos e peças de decoração para os empregarem em suas construções. O conjunto arquitetônico de Estância, é apreciável, situando-se quase todo nas ruas Capitão Salomão, Dr. Pedro Soares, Jardim Velho e Praça Barão do Rio Branco.
Já no próximo mês, outubro, Estância registra 193 anos da sua Emancipação Política, tornando-se sede da Vila de Santa Luzia, à qual estava subordinada, sendo denominada de Vila Constitucional de Estância, que se deu a 25 de outubro de 1831. Todavia, é para o seu povo, dia 4 de maio de 1848, a data maior em termos de civismo local. Nessa marca do calendário, Estância completou 176 anos de ascensão à categoria de Cidade, fato consolidado pela Lei Provincial nº 209 de 1848.
Estância já viveu épocas memoráveis, sendo através dos seus escritores e intelectuais, pioneira em Sergipe das ideias republicanas e do romantismo hugoano, o “condoreirismo”, que teve como dois dos maiores expoentes nacionais Castro Alves e Tobias Barreto, que inclusive por algum tempo, Tobias estudou em Estância. Vale ressaltar, que existe uma rua nesta cidade, que recebe o nome de Tobias Barreto. Ela fica localizada onde localiza-se a Ótica de Manoel Fróes.
Outra fase importante para nossa cultura, e para a elevação e projeção do nome cultural de Estância, foi a chamada “Bela Época” local, da qual participaram nomes como Jorge Amado, João Nascimento Filho, Raimundo Silveira Souza (então jovem), Sales Campos, Coriolano Oliveira, entre outros.
Na década de setenta, e nas mais recentes, Estância passou a viver um “boom” de industrialização para o qual se dizia que ela tinha vocação natural. Como de fato tem.
À época era, a cidade, o polo cultural e educacional do sul do Estado e a segunda mais importante de Sergipe. Com a chamada década de oitenta, conhecida como (Década Perdida) “veio o declínio sociocultural e econômico” embalado pelos resquícios da era da ditadura militar.
Por Magno de Jesus
Redação Tribuna Cultural