noticias Seja bem vindo ao nosso site TRIBUNA CULTURAL!

Sergipe

OS ROLLEMBERGS OU UMA DINASTIA ILUSTRE EM SERGIPE

Prática Médica e Exercício Político nos idos do Século XIX aos dias atuais

Publicada em 21/02/24 às 14:18h - 736 visualizações

Atribuna Cultural/Fundada em 30 de março de 2001.


Compartilhe
Compartilhar a noticia OS ROLLEMBERGS OU UMA DINASTIA ILUSTRE EM SERGIPE  Compartilhar a noticia OS ROLLEMBERGS OU UMA DINASTIA ILUSTRE EM SERGIPE  Compartilhar a noticia OS ROLLEMBERGS OU UMA DINASTIA ILUSTRE EM SERGIPE

Link da Notícia:

OS ROLLEMBERGS OU UMA DINASTIA ILUSTRE EM SERGIPE
 (Foto: Atribuna Cultural)
Se nos Estados Unidos se tinha a Família Kennedy nas principais posições-chave na sociedade americana; em Sergipe, os Rollembergs foram e continuam sendo sinônimo de legado e influência no fascinante cenário médico-político sergipano.

Mais uma vez nas minhas diversas pesquisas acerca da incrível ambiência histórica da medicina sergipana, não se pôde deixar de notar a descomunal importância que possuía e ainda possui exemplarmente a Família Rollemberg em Sergipe; seja em suas ilibadas atuações na prática médica, seja, sobretudo, no exercício nobre da Política, que se ressalte, com ‘P’ hercúleo. Para tal artigo, buscou-se levantar as primeiras incursões que tal singular genealogia realizou em terras de Sergipe D’El Rey.

Os primeiros passos dados pelos Rollembergs já em nosso contexto telúrico nos faz voltar à gênese da Família Faro Rollemberg – mais precisamente em seu aclive genealógico legatário do Engenho Escurial, este localizado nos arredores do município de São Cristóvão; que não podemos esquecer: até idos do século XIX era a capital da Província de Sergipe e conspícuo proscênio onde todas as principais decisões político-administrativas do estado eram tomadas. E é precisamente nesse áureo período, que constatamos os primeiros indícios da egrégia descendência familiar em Sergipe aqui analisada; em específico, na importantíssima região do Vale da Cotinguiba.

Para entendermos a sua supremacia e inegável influência, faz-se mister, termos a compreensão clara de que essas Famílias prezavam, sobretudo, pela anexação de filhos não estritamente consanguíneos, podendo ser de criação, afilhados, amigos, os também denominados ‘agregados’; e até alguns escravos ao seio familiar – uma espécie de família extensa. O basilar princípio em que se edificavam esses formatos familiares se localiza em preservar a própria linhagem, e a honra da família onde a autoridade do patriarca se volvia capilarmente entre todos os seus parentes e demais dependentes.

As localidades, como podemos imaginar, e suas instituições econômicas, de cunho social e/ou religioso eram influenciados enormemente pelos anseios e desejos dessas opulentas famílias; não sendo diferente com os Rollembergs. Em Sergipe, isso fica ratificado quando analisamos os primeiros passos dos ascendentes – em específico, os sucessores familiares resultantes de Manoel Rollemberg d’Azevedo. Essa distinta figura nos clarifica a problemática de quem seriam os primeiros Rollembergs em cenário sergipano; ele descendia de Senhores de Engenho e ele é quem acaba deixando uma amplificada estirpe contendo importantes proprietários de engenho; e diversos com acentuada notabilidade na ambiência política e socioeconômica na Região do Continguiba.

É a partir dela que temos toda a linhagem de caráter genealógico paterno proveniente da seção Escurial; incluindo a alcunha do emblemático sobrenome entre os componentes desse singular tronco familiar: o ‘de Faro Rollemberg’. Voltemos às primeiras décadas do século XIX, onde se tinha o relevante Engenho Unha de Gato, este que era possuído por Manoel Rollemberg d’Azevedo; que como vimos se faz como o fator que nos elucida saber quem era o principal alicerce da Família Rollemberg – a próspera composição familiar que tecera egrégios homens, e que firmaram seus personagens no paradigmático mapa de pessoas notáveis sergipanas.

Ele era filho do capitão-mor Gonçalo Paes d’Azevedo, e casado com Maria de Faro Rollemberg, integrante da Família Faro Leitão, também senhores de engenho. Manoel Rollemberg e Maria de Faro tiveram quatro filhos, sendo três mulheres e um homem. Foi por meio da estratégia matrimonial da viúva de Manoel Rollemberg, que o Engenho passa às mãos do Barão de Maruim – o insigne Sr. João Gomes de Melo, importantíssima figura política e poderosa da província, um dos mais prolíficos incentivadores da alteração da capital da província de São Cristóvão para a crescente cidade de Aracaju.

O único filho do sexo masculino de Manoel Rollemberg d’Azevedo, Gonçalo de Faro Rollemberg, viria a ter, como vimos com a pesquisa histórico-sociológica, uma admirável influência sobre toda a sociedade sergipana, maiormente na região da Cotinguiba. Herdou do pai o Engenho Vitória, logo após ter contraído belo matrimônio com Bernadina de Trindade Prado, esta filha do Comandante Superior da Guarda Nacional de Capela, Propriá e Porto da Folha, o respeitado José da Trindade Prado. Dessa união marital, resultaram três filhos: José de Faro Rollemberg, Ana de Faro Rollemberg e Maria de Faro, mais conhecida como ‘D. Maria do Topo’, casada com seu primo Manuel Rollemberg de Menezes e mãe do senador Gonçalo de Faro Rollemberg, este neto do Barão de Japaratuba, e futuro senador Rollemberg como ficou mais conhecido alguns anos posteriores.

É importante frisarmos nossa atenção em Gonçalo de Faro Rollemberg, o nobre Barão de Japaratuba; ele recebe esse fulgente título em 1860, por suas contribuições realizadas junto à província na época, exemplificadas por àquelas concernentes às festividades acontecidas no decorrer em que o Imperador D. Pedro II esteve por aqui. Seu título de reconhecimento nobiliárquico lhe foi referendado por João de Almeida Pereira Filho, que lhe referenciou como o Barão do Rosário ou da Vitória, mas, ficou conhecido como o emblemático Barão de Japaratuba. Além disso, foi também agraciado com a comenda da Imperial Ordem de Cristo e a dignitária da Imperial Ordem da Rosa.

Podemos notar que por causa desse poder hierárquico da Família, por ser pedra basilar no processo econômico de exportações e, sobretudo, por ser uma Família composta por grandes Senhores de Engenho pertencentes aos seletos da seara açucareira em cenário local e nacional; os Rollembergs reuniam todas as essenciais condições de objetivar e solidificar o seus anseios por produtos do exterior – viviam na opulência e desfrutava-se de diversos seletivos confortos. A segunda das filhas de Manoel Rollemberg de Azevedo, Anna Constança de Faro Rollemberg contraiu matrimônio com o Comendador Luiz Barbosa de Madureira, este do Engenho Piripiri, herdando o Engenho Pedras por causa do casamento.

As outras filhas de Rollemberg Azevedo, eram Antônia de Faro Rollemberg, falecida solteira em 1859; e Maria de Faro Rollemberg, que não contraiu união marital. Era Dona do Engenho São Joaquim e morreu de maneira repentina enquanto visitava sua irmã, Anna de Faro Rollemberg, no Engenho Pedras, em 1862. Entramos agora no quesito nevrálgico do presente texto, entender como se deu as raízes dessa prestimosa Família no aspecto central do seu poder de perene influência sentida até os dias hodiernos. A perspectiva histórica numa perspectiva sociológica nos clarifica o início dos ‘Rollemberg’ provenientes do Escurial – reside na união entre duas das maiores Famílias pertencentes à aristocracia de Sergipe, que traziam consigo em seus insignes genes as influências sobre as Regiões da Cotinguiba e do Vaza-Barris; justamente os Faro Rollemberg e suas ligações com os Dias Coelho e Melo de maneira respectiva.

Após essa primeira conexão, cujo resultado nos desvela a ramificação capilar dos Rollemberg do Escurial, com a união marital estabelecida entre José de Faro Rollemberg e Amélia Dias Rollemberg em 1869. O noivo era filho de nada mais nada menos do Barão de Japaratuba, cujo nascimento data de 1845, acontecido no engenho do seu pai, o ‘Engenho Murta’; localizado na cidade de Capela. Acumulou um capital simbólico inenarrável, pois era um cara benquisto por todos os lugares em que conviveu; sendo bastante comunicativo e dotado de uma singular inteligência; esses aspectos fez com que se mobilizasse para a atividade política, onde fez reluzente trajetória – sempre angariando o respeito dos seus opositores.

Ele acabou sendo delegado de polícia em Maruim, cidade onde residiu e faleceu em 1889. Nessa mesma cidade, assumiu a presidência da Câmara Municipal e foi Comandante Superior da Guarda Nacional. Do seu matrimônio resultaram oito filhos, dentre os quais podemos ressaltar Adolfo de Faro Rollemberg e Gonçalo de Faro Rollemberg sucessores proprietários do Engenho Escurial. A união entre a nobreza de Sergipe acabou se solidificando mesmo com o antológico casamento firmado entre o neto o Barão de Japaratuba, também chamado Gonçalo de Faro Rollemberg, e Aurélia Dias Rollemberg, conhecida como ‘Dona Sinhá’, em 1884.

Eles tiveram dez filhos, entre estes podemos realçar José de Faro Rollemberg, conhecido como ‘Zezé do Topo’, pois foi o que sucedeu seu genitor como proprietário do Engenho Topo, o qual se deve ressaltar que era um dos maiores engenhos produtores de açúcar na Cotinguiba naquela época. Aqui entra mais uma vez as conexões histórico-familiares entre política e medicina; ele que foi médico, formado pela Faculdade do Rio de Janeiro em 1881, e eleito, por seu estado, a Senador da República em 1918. Ele destilou sua continuidade por meio das proeminentes Famílias sergipanas como, por exemplo, a ‘Fonseca Porto’, a ‘Mandarino’ e a ‘Rollemberg Leite’.

Se você não notou, ambas as senhoras citadas, faziam parte de uma Família com dois títulos honoríficos e nobiliárquicos em sua linhagem; o que nos faz denotar a sua enorme importância e poder desse nobre tronco do Jet set sergipano. A destarte com seu patriarca o Barão da Itaporanga, o Sr. Domingos Dias Coelho e Melo e logo após com seu filho Antônio Dias Coelho e Melo, o Barão da Estância, este também o genitor de Amélia e Aurélia Dias Rollemberg. A primeira, foi resultado da sua primeira união nupcial com Lourença Dantas de Mello, tendo também com esta, seu único filho de sexo masculino, Pedro Dantas de Mello, que contraiu casamento com sua prima Anna Luiza Botto Dias, filha do Comendador Sebastião Gaspar de Almeida Botto e de Anna Dias de Mello Botto.

A segunda, filha do seu outro casamento com Lourença de Almeida Dias Mello e irmã da filha mais nova do barão, Anna Dias Bittencourt, que era mais conhecida como Annita – casou-se com o médico José Corrêa Bittencourt, inclusive devemos realçar que este era amigo e havia estudado junto ao Senador Rollemberg no Rio de Janeiro. Não se pode deixar de mencionar a distinta biografia de Antônio Dias Coelho e Melo, nascido no ano de 1822 em Itaporanga, filho do Barão da Itaporanga com D. Maria Michaela Coelho Dantas e Melo. Ele teve uma destacada trajetória política em Sergipe no contexto imperial; chegou a ocupar cargos de chefia no Partido Liberal e Senador do Império – época em que residiu alguns tempos no Rio de Janeiro, então capital do Império; para cumprir com desenvoltura seus papéis políticos.

Foi também Comendador das Ordens de Cristo e da Rosa, e por decreto em Janeiro de 1860 foi-lhe agraciado o título de Barão da Estância. O título fazia referência ao seu engenho, o Escurial, que ficava localizado nos arredores do município de São Cristóvão, pois no decorrer de tempo em que o Imperador Pedro II esteve por aqui em visita, se tornou ponto de parada para sua comitiva. Foi nesse momento em que quando o Imperador lhe imprimiu tal honraria, se tornou proprietário daquela esplêndida estância. Toda essa situação também foi motivo de permissão para que o Imperador afirmasse que nenhuma deliberação política na região poderia ser estabelecida sem passar pelo conhecimento da família – literalmente em Itaporanga ninguém poderia se fazer eleito sem o assentimento desta.

A atuação política do Barão da Estância chegou ao seu ponto derradeiro junto com o crepúsculo do Império, quando perde seu cargo vitalício de Senador do Império, bem como os seus demais títulos imperiais. Vale destacar que apesar de longe do palco da vida pública, ele continuou sendo uma poderosa figura do meio social sergipano. Após sua morte em 1904, na cidade de São Cristóvão, seus bens já estavam partilhados entre os seus herdeiros – sendo os maiores beneficiários os sucessores de sua primeira filha, justamente Amélia Dias Rollemberg casada com José de Faro Rollemberg – este sendo filho do Barão de Japaratuba.

Seu maior bem, o precioso Engenho Escurial, ficou para o seu neto Adolfo de Faro Rollemberg; foi este que em 1917, deu início aos trâmites legais para que se pudesse edificar a casa da Família Rollemberg em Aracaju, ou o ‘Casarão/Palacete dos Rollemberg’ – palco imponente de discussões políticas que abrigou a tradicional Família por décadas, localizado na mítica Av. Ivo do Prado, 1072, cujo projeto foi assinalado pelo refinado italiano Antônio Frederico Gentile. Para quem não sabe, ela foi tombada como sendo patrimônio histórico em 1989 por meio de decreto do Governo de Sergipe, que na época era ocupado por Antônio Carlos Valadares. Atualmente, chamada de Palácio da Cidadania, foi restaurada, e é a atual sede da seccional de Sergipe da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SE).

Para termos a ideia da sua inefável importância, podemos recorrer a somente um dos seus aspectos internos: em nossos dias, o Salão Nobre em que serviu de palco para antológicos jantares e inesquecíveis recepções oferecidos pelos Rollemberg, sedia atualmente o glorioso Memorial da Advocacia Sergipana. Infelizmente em 1919, alguns meses antes do término de tão vultosa obra, Adolfo Rollemberg nos deixou devido a um enfarte fulminante. Sendo dessa maneira, suas três irmãs Anna, Eliza e Amélia se instalaram no vetusto palacete – que ficou conhecido miticamente como ‘O Casarão dos Rollemberg’ em Sergipe.

Após o falecimento de Adolfo, assume os negócios familiares, seu irmão mais novo, o Coronel Gonçalo de Faro Rollemberg nascido em 1875, passando a possuir grande parte do patrimônio da Família; incluindo a propriedade do Escurial. O Coronel Gonçalo contraiu matrimônio com Ana Sampaio Rollemberg, resultando em seus três filhos, todos do sexo masculino, e ela, que veio a falecer depois do parto do último. Eles são: José de Faro Rollemberg, Raul de Faro Rollemberg e Edgar de Faro Rollemberg. A partir dos anos 1930, o filho mais novo do Coronel Gonçalo Rollemberg, Edgar de Faro Rollemberg se casa com Natalia Sobral Barreto, filha do Coronel José Francisco de Menezes Barreto e D. Roza Amélia Sobral Barreto.

Em 1932, ocorre o arrendamento da mitológica Usina Escurial por Edgar Rollemberg, a qual lhe é passada às mãos por seu pai. Após a morte do seu pai vítima de um enfarto em 1937, o Escurial passa a ser do seu filho mais novo, Edgar. Só que por tragédia ele morre em dezembro de 1942 vitimado por um incêndio na garagem do casarão enquanto abastecia seu carro; o que fez com que a sua única herdeira e esposa, D. Natalia Sobral Barreto Rollemberg ficasse com todos os seus bens. Um fato peculiar e que era comum à época era a manutenção do poder entre os próprios familiares; desta feita, para que a posse dos bens não fugisse ao controle da Família, Natalia se casa com seu cunhado, o Sr. Raul de Faro Rollemberg.

Finalmente em 12 de abril de 1945, em Maruim, se solidifica a união marital entre Raul de Faro Rollemberg e Natalia Sobral Barreto Rollemberg, sob acordo de comunhão de bens – tendo como duas testemunhas, personagens mais que relevantes para a História Política de Sergipe: o ex-Governador do Estado Leandro Maynard Maciel e o ex-Senador da República Walter do Prado Franco. Dessas núpcias surgiram três filhos, Raul Fernando Barreto Rollemberg, Antônio Gonçalo Barreto Rollemberg e Ana Amélia Barreto Rollemberg. Portanto estava asseverada a conservação da posteridade dos Rollemberg do Escurial.

Após essa retrospectiva histórica acerca dos Rollembergs em Sergipe, temos o dever primordial de falar de um dos tantos ilustres sergipanos que carregam com merecido louvor tal distinto sobrenome: ele que assim, como o imponente Gonçalo de Faro Rollemberg, se destaca miticamente como um dos maiores nomes vivos que fizeram e fazem História na Medicina sergipana – o seu memorável nome: Francisco Guimarães Rollemberg. A partir das pesquisas aqui levantadas, pôde se verificar que dentre tantos sobrenomes que se desdobraram a partir dos ‘Rollembergs’, se tem os ‘Rollemberg Leite’ que para quem não sabe, carrega o magnânimo sobrenome do nada mais nada menos pai da Medicina em Sergipe, Augusto César Leite – irrefutável expoente que representa a modernidade e consolidação da prática médica sergipana.

O exemplo nos dias atuais de Francisco Guimarães Rollemberg se faz mais ratificado do que nunca quando ancorado na fascinante História que delineia a atuação e influência dos Rollemberg em Sergipe. Francisco Rollemberg nasceu em Laranjeiras (SE), no dia 7 de abril de 1935, filho de Antônia Valença Rollemberg e de Maria das Dores Guimarães Rollemberg; seus exemplos de parentes que seguiram com sucesso na carreira política são inúmeros, dentre os quais: Arnaldo Rollemberg Garcez, que foi Governador de Sergipe de 1951 a 1955 e deputado federal de 1958 a 1971; Carlos Valdemar Acióli Rollemberg, deputado por Sergipe de 1947 a 1951; Armando Leite Rollemberg deputado federal de 1955 a 1963 e ministro do Tribunal Federal de Recursos – vale realçar que Armando foi um dos que fundaram a histórica Faculdade de Direito de Sergipe; junto com outras ilustres figuras, exemplificadas por: Gonçalo Rollemberg Leite, Carvalho Neto, Enock Santiago, Cabral Machado, Olavo Leite dentre outros.

Gonçalo Rollemberg Leite é também personagem primordial em Sergipe; nascido em Riachuelo no dia 14 de fevereiro de 1906, bacharel em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito de Minas Gerais, em 1927. Sendo um brilhante promotor público, advogado civil e penal com atuação destacada no Tribunal do Júri, bem como Procurador Geral do Estado em três períodos: 1942 a 1951, 1964 a 1967 e 1970 a 1972. Além de ter sido exímio Professor de História no mítico Atheneu Sergipense e em diversos estabelecimentos de ensino secundário de Aracaju.

Dá para notar que o lastro histórico-biográfico de Francisco Rollemberg é algo, no mínimo, admirável; voltemos a sua também exímia trajetória que está comemorando 60 anos de preciosos e imprescindíveis serviços médicos à Sergipe. Fez seus estudos primários e secundários na Escola Laranjeirense, no Colégio Tobias Barreto, no Ateneu Sergipense e no Colégio Estadual da Bahia. Em 1959 formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia, especializando-se em ginecologia pela Universidade de São Paulo (USP).

Em 1960 tornou-se médico da Saúde Pública de Aracaju. Ele não se torna qualquer médico, ele se torna o Médico que soube exercer a Medicina com ‘M’ hercúleo e escudado sempre pelo espírito hipocrático. Durante essas primeiras décadas a partir de 60 a 80 fez prestimosa carreira na medicina sergipana; conhecido também como Médico do Povo, pois realizava milhares de cirurgias totalmente gratuitas junto à população de Sergipe que o acolhia e abriga com merecido louvor. Ele não era somente o admirável técnico-cirurgião, mas, sobretudo, o médico que exerce a prática de humanismo como pouquíssimos fazem. Seus pacientes não eram números e/ou cifrões, mas sim pessoas, seres humanos singulares – dos quais ele se preocupava de maneira total; dotado de uma simplicidade descomunal e memória que dá inveja em muitas pessoas na mais tenra jovialidade.

Podemos dizer, com certeza, que Francisco Rollemberg nunca objetivou enriquecer com a Medicina e/ou a Política; mas sim ajudar as pessoas – este sim se ratificou como o seu maior ímpeto de vida, um genuíno médico do social, àquele que escolheu a profissão de médico como sendo um ato de amor incondicional. Ele sempre sonhou em servir, sempre teve muita piedade, muito cuidado com o ser humano. Como médico, indubitavelmente, ele se doou de corpo e alma à profissão.

Em 1961 assumiu a função de cirurgião-chefe do departamento de cirurgia do Hospital Santa Isabel. Foi inolvidável cirurgião do pronto-socorro do Hospital das Clínicas Dr. Augusto Leite e do Hospital São José e médico do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Ladrilhos e no pronto-socorro Municipal de Aracaju. Também foi cirurgião do setor de triagem cirúrgica do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI). Ainda em 1961 tornou-se médico do Instituto de Previdência e Assistência aos Ser­vidores do Estado (IPASE) e do Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS). Em 1964 participou da I Reunião Extraordinária do Capítulo Brasileiro da World Association for Ginecological Cancer Prevention, na Bahia. Dois anos depois organizou o I Congresso Médico de Sergipe e participou ativamente do I Congresso Médico de Confraternização do Hospital do Câncer, no Rio de Janeiro. Em 1967 participou do X Congresso Brasileiro de Cirurgia promovido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões.

Em 1968 assumiu de forma hábil a presidência do Centro de Estudos Dr.Carlos Firpo, do Hospital Santa Isabel de Aracaju, e se filiou à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido que dava manutenção política ao período militar instaurado no Brasil em abril de 1964. Elegeu-se deputado federal em novembro de 1970 como o candidato mais votado de Sergipe, com 19 mil votos. Assumiu sua cadeira na Câmara dos Deputados em janeiro de 1971, ano em que ingressou no curso de direito do Centro Universitário de Brasília e participou do XXVII Congresso Brasileiro de Cardiologia realizado no Distrito Federal como representante da Comissão de Saúde da Câmara. Em 1972 organizou um seminal seminário sobre aborto.

Reelegeu-se em novembro de 1974. No pleito de novembro de 1978 reelegeu-se mais uma vez deputado federal por Sergipe na legenda da Arena. Com a amortização do bipartidarismo em novembro de 1979 e a concludente reformulação partidária, filiou-­se ao Partido Democrático Social (PDS), agremiação sucessora da Arena. Reelegeu-se em novem­bro de 1982. Nessa legislatura foi vice-presidente e presidente da Comissão de Segurança Nacional e membro da Comissão de Redação. Esteve ausente na votação da emenda Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas para a presidência da República já em 1984.

No início do governo Sarney, Rollemberg filiou-se ao Partido da Frente Liberal (PFL) e, no ano ulterior, migrou para o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), pelo qual se sagrou senador constituinte para a legislatura 1987-1995. Como ímpar Senador, Chico possuiu um caminho destacado; pois ele edificou a benemérita proposta para se criar as garantias para a população mais idosa – o que veio a se tornar mais tarde o fundamental Estatuto do Idoso.

Outro quesito que não pode ser deixado de mencionar acerca de Chico Rollemberg é sobre a questão do potássio e sua exploração em Sergipe iniciada em 1970; seu nome também está fortemente vinculado ao fortalecimento da Universidade Federal de Sergipe (UFS), bem como a defesa tanto da micro quanto da pequena empresa; e sua defesa sensível e ferrenha do Nordeste, apresentando ações para se combater a inclemente seca – mesmo quando já fora do Senado, seus relevantes projetos ainda se fizeram presentes mesmos depois de 1995.

Na Assembleia Nacional Constituinte foi titular da Subcomissão de Saúde, Seguridade e do Meio Ambiente, da Comissão da Ordem Social e suplente da Subcomissão da Nacionalidade, da Soberania e das Relações Internacionais, da Comissão da Soberania, dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher. Em fevereiro de 1991 Francisco Rollemberg voltou ao PFL.

Em janeiro de 1994 desligou-se novamente do PFL para ingressar no Partido da Mobilização Nacional, do qual seria líder no Senado. Deixou o Senado em 31 de janeiro de 1995, ao final da legislatura. Afastando-se da vida pública, retornou ao exercício da medicina. Casou-se com a prestativa e querida Elci Viana Rollemberg, com quem teve um filho.
Como sendo também um grande estudioso, publicou Gangrena de Fournier, tratamento cirúrgico com enxertos livres (1961); Lesão cirúrgica do ureter (1969); Saneamen­to básico do Nordeste, Cocene, estudo nº. 1 (1971); A problemática de saúde do Nordeste, Cocene, estudo nº.1 (1971); O potássio em Sergipe; Desenvolvimento e população e Osvaldo Cruz - centenário de nascimento.

Em suma, o presente artigo objetivou trazer contribuições para entendermos a História da Família Rollemberg em Sergipe, fazendo paralelos entre duas principais figuras imersas em seus campos médico e político; ao estudá-los com afinco histórico-sociológico, percebemos que ambos os personagens se destacaram como sendo personagens que não enxergavam a política nem a medicina como algo glacial ou mero meio de enriquecimento.

Muito pelo contrário, a verve política de Gonçalo Faro Rollemberg inspira a todos os que praticam a Política em sua atuação pulsante e dinâmica; e no caso de Francisco Rollemberg que soube habilmente conciliar o exercício médico-político, fazendo da sacerdotal profissão uma forma de instilar humanismo e benevolência por onde passou durante esses fascinantes 85 anos de admiráveis vivências e 60 como médico que nunca tratou seus pacientes como meras estatísticas econômicas.

A fantástica vida de ambos e de toda a incrível Família Rollemberg, nos mostra que é possível exercer a arte da política e da medicina, se doando ao próximo; e simultaneamente, ser referências inspiradoras eternizadas na extraordinária História Médico-Política de Sergipe.

[1] Texto escrito por Igor Salmeron, Sociólogo - Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (PPGS-UFS), com pesquisas financiadas pela FAPITEC/CAPES e faz parte do Laboratório de Estudos do Poder e da Política (LEPP-UFS). E-mail para contato: igorsalmeron_1993@hotmail.com



ATENÇÃO:Os comentários postados abaixo representam a opinião do leitor e não necessariamente do nosso site. Toda responsabilidade das mensagens é do autor da postagem.

Deixe seu comentário!

Nome
Email
Comentário
0 / 500 caracteres


Insira os caracteres no campo abaixo:








Nosso Whatsapp

 (79) 9.8156-8504

Visitas: 3335317
Usuários Online: 46
Copyright (c) 2024 - TRIBUNA CULTURAL - Fundado em 30/03/2001
Converse conosco pelo Whatsapp!