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Sergipe

QUANDO SOBEM AS CORTINAS: O TEATRO GUADALUPE!

Em memória dos inúmeros poetas e artistas das artes cênicas da história estanciana até nossos dias.

Publicada em 10/10/23 às 10:38h - 136 visualizações

Atribuna Cultural/Fundada em 30 de março de 2001.


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QUANDO SOBEM AS CORTINAS: O TEATRO GUADALUPE!
Professor Acrísio Gonçalves  (Foto: Atribuna Cultural/DIVULGAÇÃO)


Acrísio Gonçalves de Oliveira (*)

As cenas teatrais, presentes em solo brasileiro desde a vinda dos padres da Companhia de Jesus, quando as utilizavam no processo de doutrinação dos povos indígenas, tiveram novo capítulo com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, no final de 1807. Com o intuito de proporcionar lazer e entretenimento à nobreza, o rei D. João VI trouxe diversos artistas de diversas áreas, inclusive do teatro.

Nos meados do século XIX, o teatro em Estância já se encontrava arraigado. Isso era tão patente, que uma casa teria sido reservada para a exibição desses espetáculos teatrais, passando a ser ela, portanto, o teatro da cidade. Era uma casa grande e espaçosa. Infelizmente, esse antigo teatro, para tristeza de uma das mais importantes localidades sergipanas, teve que ser demolido. 

Nos anos 1910, Estância continuava movida a recitais, dramas e comédias. Porém, havia mais de duas décadas se encontravam os estancianos sem uma casa apropriada para o teatro, nos moldes da que existiu. O primeiro teatro, aquele que serviu por muitos anos à arte estanciana, não sobreviveria nem mesmo à chegada do século XX.

Importante centro de entretenimento, diversas companhias teatrais passaram pelo seu palco. No entanto, a casa de teatro envelheceu e, sem os devidos cuidados, entrou em ruína. Na década de 1890, o intendente do município, Floro Esteves da Silveira, resolveu pôr fim a ela, pois, pretendia, em seu mandato, construir um novo e mais espaçoso teatro. Mas isso não foi possível. Seu desejo acabou sendo interrompido, porque nessa mesma década faleceria.

A partir daí, o passar das semanas na cidade era ressentido pela falta daquela casa de diversão. Através dos ditos “entretenimentos teatrais e seus congêneres”, as pessoas conseguiam esquecer os afazeres do trabalho e fugir da monotonia que teimava em imperar. Com o desaparecimento da casa de espetáculo, agora elas se encontravam sem perspectivas de ter uma nova de volta. No tempo de sua casa teatral, Estância recebia companhias de teatro de outras cidades, como as da capital e até mesmo de cidades de outros estados, como as de Salvador. Com a falta dele, algumas pequenas companhias se apresentavam nos educandários e em casas improvisadas. A impossibilidade de a Cidade Jardim poder receber companhias maiores era quase como um desastre.  

Contudo, houve gente que achou um meio de amenizar a angústia do público. Vendo aberta a lacuna nesse setor tão tradicional da sociedade estanciana, Manuel Ribeiro, um empreendedor local, decidiu apostar no ramo e, vizinho ao seu hotel, abriu um espaço para as artes cênicas. Um meio de dar aos artistas um palco e um espaço para a plateia ávida pela dramaturgia.

Tempos depois, Salustiano Vieira, outro empreendedor citadino, figura importante e que costumava atuar em muitos negócios, resolveu também reservar um espaço de sua loja para o improviso de um teatro. Salustiano foi Intendente do município no ano 1901 e ainda assumiria a administração municipal no ano 1908. A sua casa de teatro, que já em 1902 existia, ficava na Rua Capitão Salomão e foi mais um espaço importante para os artistas locais e de outras cidades. Recebeu dos estancianos o nome de “Teatrinho do Recreio Dramático” ou simplesmente “Teatrinho”.

Em 1904, a peça sacra intitulada “Santa Dorothéa” foi levada ao palco desse teatrinho e fez muito sucesso. Essa peça seria dirigida por Josephina Pacheco d’Ávila, professora do antigo Colégio Coração de Jesus. Diria a imprensa que, estando o teatrinho “caprichosamente decorado”, as atrizes “Rosaura Freire, no papel de S. Dorothéa”, Maria d’Ávila Soares, no de Calista, e Guiormar Silveira, no de Cornélia, excederam a expectativa da plateia”. No fim, como não podia faltar, houve um recital “de uma linda poesia sobre a caridade, pela colegial Adelaide Fernandes”.    

Outro teatro, intitulado Recreio Familiar, foi improvisado na Casa Inglesa - um lugar de referência da cidade - também localizada na Rua Capitão Salomão. Ali muitas peças seriam levadas a público. Vale destacar que as apresentações artísticas estancianas geralmente contavam com a participação das jovens da cidade. Em Estância, mesmo na base do improviso, as tais casas de espetáculo eram lotadas pela elite, seja por conta das companhias que aqui se apresentavam, seja por conta dos talentosos artistas locais. Nessa época, o teatro era bastante expressivo na Princesa do Piauitinga. Muito divulgado na imprensa, os jornais locais, no chamamento do público às apresentações teatrais, costumavam dizer: “Ao teatro”! Tudo porque no Berço da Cultura Sergipana o teatro era entretenimento indispensável.

(*) Pesquisador, escritor, professor do Estado e da Rede Pública de Estância

 

 




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1 comentário


Alcebíades

19/10/2023 - 19:54:38

Essa é uma importantissima ou salutar memória do berço da cultura de Sergipe.Obrigado !


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