Compartilhamos o inteiro teor da carta do arcebispo dom João José Costa, dirigida à igreja particular de aracaju, pela qual ele explicita as razões do seu pedido de renúncia ao ofício de arcebispo metropolitano de Aracaju. O pedido foi aceito pelo Papa Francisco, nesta quarta-feira, 19 de julho.
À igreja particular de Aracaju
Dirijo-me aos membros do Clero Arquidiocesano, aos diáconos e seminaristas, aos religiosos e religiosas, aos cristãos leigos e leigas envolvidos nas pastorais, serviços e movimentos, aos fiéis das paróquias e comunidades da nossa amada Arquidiocese de Aracaju e a todos aqueles que caminharam comigo, colaborando diretamente na missão pastoral que me foi confiada.
Desde 2014, quando o Santo Padre me nomeou Arcebispo Coadjutor, confirmando-me depois, em 2017, como Arcebispo Metropolitano, obediente ao mandado recebido da Santa Igreja, busquei servir com amor e dedicação a esta porção do povo de Deus que está na Arquidiocese de Aracaju, não obstante a minha pequenez e as minhas fragilidades. Tenho consciência do meu esforço quotidiano em cumprir o meu dever de pastor durante todo esse tempo, marcado por desafios, exigências que, às vezes, pareciam superar as minhas capacidades de habilidades. Sempre senti e confessei a presença do Senhor ao meu lado em cada passo do meu caminho, ao experimentar a força de sua graça em minha vida, através de tantos dons e estímulos concedidos à minha fraqueza, para que eu pudesse servir com generosidade ao seu Povo Santo. Sua misericórdia não me abandonou em nenhuma circunstância da minha caminhada e a força do seu amor sempre me abraçou, sobretudo nos momentos de maior fragilidade. Por isto, nesta ocasião, com o coração agradecido, elevo a Deus a mais sincera demonstração de reconhecimento, ao sentir que não corri em vão.
Reconheço o bem que procuramos fazer, juntamente com tantos colaboradores, envolvidos nos vários âmbitos da vida e da missão de nossa igreja particular, homens e mulheres que não hesitam em oferecer os seus dons e talentos, muitas vezes sacrificando-se, tendo como único fim o crescimento da comunidade eclesial e a glória de Deus. Dentre os cooperadores, dirijo um pensamento agradecido aos sacerdotes que, pela graça do Sacramento da Ordem, estiveram mais intimamente unidos à pessoa do Bispo, como servidores, compartilhando a missão comum de pastorear, ensinar e santificar os fiéis. Que Deus os abençoe e os santifique, concedendo a cada um o prêmio dos servidores fiéis.
Os vários encontros com os fiéis, nas celebrações, nos ambientes formais e informais, são também motivo da minha gratidão ao Senhor, e sobretudo quando reunimos as forças vivas de nossa igreja particular para pensar e construir caminhos e diretrizes para a ação evangelizadora, desenhando percursos para a nossa missão comum. Agradeço a Deus pelos autênticos momentos de proximidade, vividos particularmente juntos aos mais vulneráveis, os sofredores e pobres, a quem busquei oferecer o unguento da consolação. Eles, como bússola, indicaram o horizonte seguro do meu ministério e da realização da minha vocação.
Neste momento de minha vida, consciente das minhas limitações e vulnerabilidades, diante da fadiga que me impõe o ministério, sem fugir às minhas responsabilidades, em atitude de escuta e acatamento obediente da vontade do Senhor e da Igreja, coloquei nas mãos do Santo Padre a minha missão como bispo e o caminho pastoral de nossa querida Arquidiocese. Compreendo que esta decisão, amadurecida não sem sofrimento, seja para o meu bem e para o proveito comum de nossa igreja particular, neste momento singular de sua história.
Peço a compreensão de todos, ao mesmo tempo em que me penitencio por qualquer incômodo ou sofrimento que possa ter causado a alguém, por conta das minhas fraquezas. Conto com a caridade e a oração de todos, para que possa, em outra fronteira, continuar servindo, com amor à Igreja, a quem dediquei toda a vida, fiel à minha condição de discípulo, a mais nobre de todas as distinções de quem recebeu a indelével marca de Cristo Senhor. Que a Imaculada Mãe de Deus, Senhora do Carmelo e minha mãe, receba o meu presente e o meu futuro em suas mãos maternais. Que São José, patrono da Igreja, conduza-me em meu caminhar, para que este momento, serenamente acolhido e vivido, seja ocasião para que eu possa testemunhar, mais uma vez, a fidelidade à minha vocação e o meu amor obediente a Deus e à Igreja.
Aracaju, 19 de julho de 2023
Em Cristo Jesus, Servo e Pastor.
Dom João José Costa, O.Carm.
Arcebispo Emérito de Aracaju
Papa Francisco aceita pedido de renúncia apresentado por dom João Costa
Dom Vitor, bispo de Propriá, foi nomeado como Administrador Apostólico
Até a nomeação ou eleição de um novo arcebispo metropolitano, o governo pastoral da Arquidiocese de Aracaju ficará sob a responsabilidade de dom Vitor Agnaldo de Menezes, bispo diocesano de Propriá. Ele foi nomeado pelo Papa Francisco para o ofício de Administrador Apostólico, Sé vacante, logo após o acolhimento do pedido de renúncia apresentado por dom João José Costa.
Dom Vitor Agnaldo de Menezes, bispo de Propriá e Administrador Apostólico da Arquidiocese de Aracaju, acaba de publicar uma carta dirigida ao povo de Deus da igreja particular de Aracaju. “Confesso que foi com muita alegria e afeto fraternal que me dispus a realizar esse serviço, temporário, mas de muita responsabilidade e compromisso apostólico”, disse o prelado sobre a missão que lhe foi atribuída pelo Papa Francisco.