de Sergipe. Dizem que o motivo dessa alcunha não foram as praças bem
floridas, mas sim outras belas flores que ainda consigo enxergar por aqui.
Tem coisas que passam à posteridade sob enganos, tal como os três
mosqueteiros do meu amigo Dumas que não eram três, e sim quatro. Para falar de mais perto, cito aquela Ponte do Imperador que não chega a lugar nenhum. Eu vi nesses anos de andança onde o macarrão foi inventado, e hoje a Itália ganhar o mérito. Vi Zumbi com os seus escravos, e sei que a batata inglesa não é inglesa. Só para citar alguns enganos.
Mas algo que eu havia simpatizado bastante foi com aquela ideia de
Jardins de Sergipe, ainda que não fosse pelas praças. Sim, mas era belo
andar por aqui, aquele cheirinho de manhã bem cedinho ou aquela
detardezinha pintada de amarelo. Eu reconhecia até mesmo sussurros
franceses e o som de piano naqueles lindos casarões revestidos com os
azulejos da terra de Camões. Era lindo.
Hoje numa leve passada por aqui, vejo absurdos. Talvez eu seja
ignorante demais para entender que um certo Abrigo símbolo de uma praça deveria ser destruído, ou até mesmo contornos consagrados irem embora, casarões virem abaixo, praças brutalmente assassinadas. Talvez eu seja ignorante a tal ponto de hoje vaiar o inteligente arquiteto que fez e concorda com esses trabalhos aqui em Estância. Tomara que minha vaia seja igual àquelas que vaiaram João Gilberto e o seu Desafinado violão anos atrás.
Deus nosso de cada dia! Já pensou se alguém vem e tenta mudar
algum contorno de Burle Max? Ou decide simplesmente arrancar o Arco do Triunfo da Champs Élysées? Ou alterar as ruas do Pelourinho em Salvador? Coloquem asfalto para facilitar o trânsito!
Uma cidade belos arquitetos inteligentes, precisa ter seus símbolos.
Precisa ter seus símbolos reconstruídos ou reavivados respeitando a história do lugar, cultura. Precisa ser pensada conforme sua tradição. Se querem criar dessa forma, se querem mudar ruas e facilitar trânsito, se querem espaços urbanos burros, façam bairros novos, abram avenidas e morem lá!
Até quando veremos essa cidade ser assassinada? Pobre Cidade
Jardim! Eu vou seguir viagem. Notifico: Gostei de uma coisa: Fizeram um
banheiro público bem comprido entre a Igreja e aquela praça menor onde
colocaram um curral. Outra coisa: Colaram um negócio meio feio, acho que é uma placa. Um negócio idiota na homenagem ao meu amigo Brício. Ora, porque não fizeram um pedestal novo? Esculhambaram a homenagem.
Estância, 07 de maio de 2023. Domingo meio chuvoso, indignado, e
tentando entender a genialidade desses arquitetos que hoje pensam o espaço urbano estanciano. Vou sugerir vocês na Europa, nos Estados Unidos ou Ásia. Ah! Vou mandar vocês para a China, dizem que lá tem uma muralha que impede a passagem de uma estrada.