Qual a missão do Bispo na Diocese?
José Cruz dos Santos (*)
Depois de uma longa espera, muita expectativa e seguida de orações, finalmente foi escolhido um novo Bispo para a Diocese de Estância. O escolhido foi o Monsenhor José Genivaldo Garcia, um religioso vinculado à Arquidiocese de Aracaju, que vem substituir Dom Giovanni Crippa, 4º Bispo Diocesano de Estância, que em 2021 foi transferido para a Diocese de Ilhéus, na Bahia. Sua Ordenação Episcopal aconteceu no último dia 11 deste mês. A ação litúrgica de ordenação foi celebrada às 16 horas no Ginásio de Esporte Constâncio Vieira, em Aracaju e contou com as presenças de Bispos, Sacerdotes, Diáconos, Seminaristas e fiéis leigos de toda Província Eclesiástica de Sergipe. A solene celebração de Ordenação Episcopal ocorreu sob a presidência do arcebispo emérito de Aracaju, dom José Palmeira Lessa. Já a posse Canônica acontecerá no próximo dia 25 também deste mês, quinze dias após a Ordenação, na Catedral Diocesana de Estância, a partir das 17 horas. O Monsenhor José Genivaldo Garcia será o 5º Bispo da Igreja Particular de Estância.
Mas quando comentamos sobre um Bispo, observamos que existe um carinho e um respeito especial por parte dos fiéis diocesano pela autoridade episcopal. Mas porque todo esse respeito por essa principal autoridade eclesiástica de uma Diocese? Para responder essa pergunta temos que ir até o Livro Sagrado para encontrar a resposta. De início dá para se entender que os Bispos são os sucessores dos Apóstolos. Vejamos: Jesus escolheu os Apóstolos, os instruiu e enviou pelo mundo a pregar o reino de Deus (Mc 3,14-19; Mt 10,1-42) e escolheu Pedro como chefe supremo do colégio apostólico e de sua Igreja. No dia de Pentecostes receberam a confirmação do Espírito Santo e se espalharam pelo mundo mostrando o Reino do Céus (At 1,8; Lc 9,2). Jesus falou aos doze Apóstolos nestes termos: "Foi-me dado todo o poder no céu e na terra. Ide, pois, ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar tudo o que vos mandei. E eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo" (Mt, 28,18-20). Diante dessas citações também podemos entender a missão do Bispo na Diocese que é ensinar, santificar e também governar.
Agora vejamos cada uma dessas tarefas que o Bispo tem o dever e a obrigação de exercê-las em uma Diocese, pois ele é o primeiro na ordem de ensinar (por ser mestre), na de santificar (por ter a plenitude do Espírito Santo) e governar (por ter sido revestido de tal poder). Comecemos pelo múnus de ensinar. Educar alguém para as nobres coisas da vida já é uma grande missão. Imaginemos ensinar uma pessoa a respeito das “coisas do alto” (Cl 3,1), ensinar aos fiéis o anúncio da Palavra de Deus. Outra obrigação é santificar o povo confiado a ele. A santidade é um desejo de Deus para todos os homens e mulheres, como podemos ler no livro do Levíticos 19,2: “O Senhor falou a Moisés: fala a toda a comunidade dos israelitas e dize-lhes: sede santos, porque eu, o Senhor, sou santo”. "Sede, portanto, perfeitos como vosso Pai Celeste é perfeito” (Mt 5,48). Consequentemente, o Bispo deve em sua Diocese motivar continuamente o povo à vida espiritual e à santidade. Portanto, se santificar faz parte de seu ministério, seja a sua Diocese um lugar onde os fiéis saibam contemplar a Deus e tenham, em seu pastor, um grande diretor espiritual.
Continuando com as tarefas do Bispo, além de ensinar e santificar, tem o encargo de governar a sua Diocese. Aqui não vamos querer igualar a expressão de governador que nos lembra essas personalidades políticas que ocupam cargos públicos por meio de voto popular de acordo com a Lei Eleitoral. Seria até melhor se usar a expressão que o bispo “administra” a Diocese, ou “pastoreia” o seu rebanho, ou ainda “como um pai” que cuida da sua família diocesana. Seriam termos mais simples e bastante compreensivos para os fiéis. Assim, o governo de um Bispo em uma Diocese traz todos os itens do que poderíamos entender sobre “administração”, “organização” e “liderança”, mas com a diferença de que ele é um “servidor” do povo, ou seja, assume a postura de Cristo que disse aos seus discípulos: “Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós seja o escravo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10, 43-45).
Finalmente observamos que um Bispo, é centro de unidade de vida na Diocese entre os sacerdotes e os fiéis. O Decreto Christus Dominus sobre o múnus pastoral dos Bispos na Igreja, o nr. 28 diz que "Todos os presbíteros, quer diocesanos quer religiosos, participam e exercem com o Bispo o sacerdócio único de Cristo; estão, pois, constituídos cooperadores providentes da ordem episcopal". Já a Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium no nr. 41 diz que "o Bispo deve ser considerado como o sumo-sacerdote do seu rebanho, de quem deriva e depende, de algum modo, a vida de seus fiéis em Cristo. Por isso, todos devem dar a maior importância à vida litúrgica da diocese que gravita em redor do Bispo, sobretudo na Igreja Catedral, convencidos de que a principal manifestação da Igreja se faz numa participação perfeita e ativa de todo o Povo santo de Deus na mesma celebração litúrgica, especialmente na mesma Eucaristia, numa única oração, ao redor do único altar a que preside o Bispo rodeado pelo presbitério e pelos ministros". Convém ressaltar que é importante termos a consciência de que não se trata de uma missão fácil, mas ao contrário, ela exige muito esforço, virtudes e espiritualidade por parte de quem vai assumir seu ministério episcopal (Bispo) em uma Diocese. Seja bem-vindo Dom JOSÉ GENIVALDO GARCIA!
(*) Estanciano teólogo e historiador