Já houve um tempo, lá pelos anos 80, que o município de Estância chegou a ter três representantes na Assembleia Legislativa nas figuras de Leopoldo Souza, Valter Cardoso e Pedro Siqueira. Já houve fase de haver dois, com Carlos Magno e Ivan Leite.
Muito natural que assim tivesse sido, sobretudo mediante as pujanças econômica, política e histórica dessa cidade ao sul de Sergipe, hoje com 70 mil habitantes - o IBGE a tem como hospedeira de 69.919 pessoas em 2021. Isso corresponde à sexta maior cidade de Sergipe, ultrapassada apenas por Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Lagarto, Itabaiana e São Cristóvão, nessa ordem.
Hoje, no entanto, - e esse hoje vem desde 2016 -, Estância não contabiliza nenhum representação na Alese desde que Gilson Andrade trocou o Legislativo Estadual pelo Executivo municipal estanciano. Mas conta com sete estancianos forçando a porta de entrada desse parlamento, via eleições deste ano.
Com essa quantidade de aspirantes locais, há gente de muita experiência política nas coisas do lugar que admite a possibilidade de a representação de Estância permanecer zerada no parlamento estadual a partir do ano que vem.
“Com essa pulverização toda de candidaturas, Estância corre sério perigo de ficar sem representação na Alese de novo. Mesmo porque, ainda há uma estimativa de que cerca de 15 mil votos daqui vazem para candidatos a deputados estaduais que são de fora da cidade”, aponta o ex-deputado estadual, ex-deputado federal e ex-prefeito Carlos Magno Garcia.
As sete figuras disputantes são a Professora Adriana Leite, Podemos, o Professor Dudu, PT, Misael Dantas, União Brasil, Márcio Souza, PSOL, Suely Barreto, Cidadania, Jorge da Cidade Nova, PV, e Dr Wallace - o Wallace Henrique dos Santos -, MDB. Dos sete, apenas quarto tem verniz de concorrentes, apesar da observação de Carlos Magno: Adriana, Dudu, Misael e Márcio.
No fogo cruzado, estão Adriana e Misael como representantes de dois titãs da política local - Ivan Leite e Gilson Andrade, respectivamente. Ivan já foi prefeito de Estância por dois mandatos e Gilson está prefeito reeleito. Os dois foram aliados e de há muito não se beijam mais politicamente. (Dudu corre por fora).
Gilson Andrade faz política ensimesmado, pra dentro, e Misael Dantas, vereador, presidente da Câmara Municipal, é um sujeito que lê bem a política estadual, gosta do que faz, mas, como seu apoiador, é meio encasulado.
Adriana, que foi vice-prefeita de Gilson de 2017 a 2020, é comunicativa. Laboriosa, quando o tema é a política. Mas, por via das desavenças entre o marido e Gilson, viu em 2018 escapar por entre os dedos a chance de se eleger deputada estadual, ao obter apenas 13.874 votos, sendo 8.066 deles de Estância. Cabra desconfiado, de palavra rala e de pouco hábito de olhar nos olhos do interlocutor, Gilson diz que a apoiou. O casal Ivan-Adriana nega profundamente.
Mas nessa seara da suposta dificuldade de um estanciano acessar um mandato na Alese nesse ano, Adriana Leite, de 46 anos, rouca e afônica, joga o fardo da campanha no chão e faz cálculos positivos. Muito esperançosos. Acha que chegará lá sim.
“Estou me sentindo bem, e a minha previsão é a de a cidade de Estância, enquanto polo regional e aglutinador, saia vitoriosa dessa campanha que eu empreendi com o apoio de muita gente, sobretudo de Ivan Leite. Eu posso garantir que encerramos a campanha num clima interessante. Está um clima alegre e promissor para o domingo. Nesses últimos dias, a gente sentiu o termômetro de pessoas que estavam mais afastadas nos declarando voto”, diz Adriana.
Na tarde desta quinta-feira, 29, a candidata Adriana Leite teve uma longa conversa com a Coluna Aparte, cujos pontos principais vão aqui, na íntegra e devidamente aspeados.
“Nós conseguimos passar aos sergipanos o nosso projeto de programa de mandato - não só aos sergipanos das regiões sul e centro-sul de Sergipe. Eu espero que no domingo possamos dar o grito da vitória, e de uma vitória que não será só minha. Será de Estância, do sul de Sergipe e de todo o Estado de Sergipe que terá na Assembleia uma mulher e uma agente pública realmente séria e de compromisso com o povo e com o Estado.
Fiz uma campanha levando muita esperança para as pessoas e posso assegurar que senti o reconhecimento. A minha fé na vida e nas coisas boas moveu muitas pessoas. Vi isso nas feiras livres do sul inteiro. Tenho um programa de rádio que me ajudou muito e isso me surpreendeu maravilhosamente.
Aliás, me sinto desde já uma mulher vitoriosa por enfrentar um sistema difícil, machista, marcado pela comercialização e mercantilização da política, e eu não caio e não me quedo a isso de jeito algum. Diria que esse sistema é do Estado inteiro, e até do país. Infelizmente, a comercialização da política é uma cultura que ainda paira sobre nós.
Mas acredito nos votos conscientes. Nos votos das pessoas que querem ver nomes novos na política. Que querem um mandato para realmente viabilizar políticas públicas para o coletivo. Na minha fé e no meu planejamento, acredito que nossa captação de votos melhora, e muito, em Estância esse ano em comparação a 2018.
Sinto isso pelo clima da cidade. Embora esse ano localmente haja tantos candidatos, mas não acredito que pulverize tanto assim não. Tudo que fizemos pelas pessoas no passado e o que apresentamos nessa campanha me tornam muito confiante. Eu percebo que em Estância e no sul do Estado muita gente me conhece e, em nome disso, tem manifestado intenção de voto.
Para além de Estância, eu vi muito comprometimento com nosso projeto coletivo em Santa Luzia do Itanhy, em Indiaroba, tenho muitos amigos em Aracaju, em Nossa Senhora do Socorro e muitos outros municípios sergipanos, aos quais cheguei na minha aliança e dobradinha com Danielle Garcia, minha candidata ao Senado.
Essa dobradinha com Danielle nesses meses todos me favoreceu muito, porque as pessoas viram na gente duas mulheres fortes atuando para ter um mandato para lutar pelas pessoas e não por nós mesmas, como uma forma de vaidade. Essa junção foi muito especial para mim e para ela também”.
JL Política