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Sergipe

DE PARIS À ESTÂNCIA DOS ANOS 1920 DE SEU QUEQUÉ

Por que não criar um instituto municipal que dê o apoio, perceba e cuide do nosso patrimônio material e imaterial? O que sei é que a Carta Cidadã dá respaldo a isso. Falta recurso financeiro? Vontade? Não sei!

Publicada em 14/09/22 às 15:41h - 140 visualizações

Atribuna Cultural/Fundada em 30 de março de 2001.


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DE PARIS À ESTÂNCIA DOS ANOS 1920 DE SEU QUEQUÉ
Antes Caminho do Rio. Hoje, Rua Pedro Homem da Costa, em Estância  (Foto: Divulgação)

Estava tentando lembrar de um autor francês de séculos atrás que escreveu um conto futurista sobre Paris. O personagem dorme e acorda numa cidade onde as carruagens andavam sozinhas. Os cavalos... Cita ele. Agora me falha a memória. Bom, o interessante é que ele reconhece a sua cidade com todos os futurismos da sua imaginação ali do século XVI eu acho.

 

Aí lembrei de outro dia subindo a pé o Caminho do Rio numa noite de chuva, o paralelepípedo enlameado me fez lembrar de Seu Quequé, que numa noite de chuva, tal como aquela também, subia a rua décadas atrás, indo à casa de sua mulher mais nova, Dona Nicinha. (Que ponte, hein? De Paris ao Caminho do Rio em Estância!).

 

De Pensão Riso da Noite, de José Condé, a moçada deve não lembrar, mas talvez alguns menos jovens ainda lembrem. Numa minissérie antiga dos anos 1980, reprisada depois nos anos 1990 pela extinta TV Manchete, nossa cidade foi retratada.

 

Seu Quequé era um caixeiro viajante dos anos 1920 que tinha uma mulher na cidade de Estância – SE, outra em Penedo – AL e mais uma em Caruaru –PE. Fiquei imaginando quanta história por aqui já se passou ou foi imaginada. Ora, creio que poucas cidades tenham o privilégio de serem citadas na literatura como a nossa. É só fazer uma pesquisa. Deixo aqui o desafio para quem nunca viu ou disso se apercebeu.

 

Bom... Voltemos: Daquela Estância dos anos de Seu Quequé creio que não reste quase nada. As ruas que conversaram com ele devem ter mantido seus contornos, algumas devem ainda ter o mesmo nome. Outras não. Digo isso porque uma cidade precisa conversar com seus habitantes, precisa ser lembrada no contorno de suas ruas, nos seus causos, nos seus monumentos. Precisa ser amiga, ter seus boulevards, suas praças, suas referências.

 

Se dormirmos agora e acordamos tal como aquele personagem citado no primeiro parágrafo, reconheceremos nossa cidade daqui a uns três ou dois séculos? Daqui a trinta anos? Dez? Digo isso porque toda vez que chego ou passo por aqui sempre há uma referência sendo destruída. Se aquele personagem de José Condé por aqui chegasse reconheceria a cidade?

 

É óbvio que se precisa crescer, mas sem degradar o que poderia virar referência e ser bonito e bem cuidado, claro que com os devidos apoios do poder público e esforço dos seus donos. Sei que é triste às vezes passear por aí e dizer aqui tinha isso ou aquilo. Deixo aqui a sugestão: Por que não criar um instituto municipal que dê o apoio, perceba e cuide do nosso patrimônio material e imaterial? O que sei é que a Carta Cidadã dá respaldo a isso. Falta recurso financeiro? Vontade? Não sei!

 

Por Torquato Paz

Estância-SE, 14 de setembro de 2022.

Tarde de sol caminhando pela cidade.




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