Vim aqui para dizer que prefiro a Cegueira. Neste caso Cegueira e Lucidez trazem o mesmo enredo: O mal branco. No primeiro todos deixam de enxergar, inspirados talvez em H.G. Wells naquele Terra dos Cegos, há quem diga que foi Machado com o Alienista quem de fato inspirou aqueles cegos ganhadores do Nobel. Sei que a fórmula se repetiu na Lucidez, onde todos votaram em branco no pleito eleitoral de um dado país.
Na forma de ensaios, tem-se o Ensaio Sobre a Cegueira e o Ensaio Sobre a Lucidez. Primorosas obras de José Saramago, primeiro Nobel em literatura da língua portuguesa. Como já disse, prefiro o Ensaio Sobre a Cegueira, questão de gosto. Gostei mais de ser cego e viajar naquela história adaptada às telas por Fernando Meirelles. A Lucidez, primorosa também, ficou um décimo atrás.
Achei prudente reviver essas histórias com as devidas licenças poéticas justamente num momento em que ausentes de visão e lucidez se deparam nesta época (é eleição!). O enredo é o mesmo. Quando tomamos partido lendo como fiz, ganhamos mais.
Aí vendo hoje o horário eleitoral vi enredos se repetindo, e nós, ficamos de cá observando discursos mal feitos e decorados. Um diz que quer turismo, outro quer menos tributos, um quer mais cultura. Dentre tantos, vamos decidir a favor de quem? Ora, daquele que mude. Ano a ano, enredos se repetem e de nada acrescentam.
Prefiro ler livros com os mesmos enredos a discutir política. Já pensou se toda população imitasse a Cegueira e ato contínuo votasse em branco como na Lucidez? Creio que riríamos sem saber o que fazer. Seria um desgoverno. A verdade é que temos que tomar uma decisão e tentar viver para ver o que acontecerá, aí sugiro outro também como aqueles ensaios, proponho que todos deixem de morrer para presenciar os futuros acontecimentos.
Eis que daí surge As Intermitências da Morte. É sim! É de Saramago também. Aqui todos deixam de morrer num dado país imaginário. Mesmo enredo.
Estância-SE, 31 de agosto de 2022.
Apenas lendo.
Por: Torquato Paz