Faleceu na noite de quinta-feira 7 de abril de 2011, aos 83 anos, no Hospital São Lucas, em Aracaju, o filho de Indiaroba, Antônio Batista Pimentel, conhecido em Estância como Pimentel.
Pimentel vinha doente há bom tempo e sofria inclusive de enfisema pulmonar. Residia com sua esposa d. Geni, no Conjunto Ulisses Vieira Lima, localizado no bairro Alagoas.
O corpo de Pimentel foi velado no velatório da Osaf, localizado na Praça 7 de Setembro, no centro da cidade. O seu sepultamento ocorreu às 16h no Cemitério de Nossa Senhora da Piedade.
Se alguém algum dia falar dos conjuntos musicais tradicionais que Estância teve no passado e não lembrar de “Unidos em Ritmo” e “Os Cometas” (de Gumercindo), no mínimo está cometendo uma grande injustiça.
Antes de ter a ideia de criar o grupo musical “Unidos em Ritmo”, Antônio Batista Pimentel, que é filho da cidade de Indiaroba, nascido a 27/09/1928, era proprietário da Empresa de Alto-Falantes Senhor do Bomfim, que funcionava no bairro Bomfim, em Estância. Lá funcionou até quinze anos.
Depois, em 1968, ao lado de Glauston Oliveira, funcionário do SESP, sentindo que Estância não tinha nenhuma banda de música popular, Pimentel fundou com o amigo o conjunto musical “Unidos em Ritmos”, que a sua estreia se deu numa festa que aconteceu no Grêmio União Têxtil, em benefício da Escola Educacional, da professora Lessa. “Toda a renda foi revertida à escolinha dessa professora”, contou Pimentel.
A partir de 1968, o conjunto “Unidos em Ritmo”, que era conduzido nas suas viagens por uma Rural, dirigida pelo senhor Antônio, conhecido por “Antônio Pé de Chumbo” (pai de Bedoia), o grupo começou a ganhar fama em Sergipe, Bahia e Alagoas.
Em Estância, a banda conquistou os corações dos adultos e dos jovens, principalmente daqueles que frequentavam festas em praça pública ou nos clubes recreativos da cidade como: Cruzeiro Sport Club (rua Camerino), AABB (rua Boa Viagem), Cassino (bairro Santa Cruz) e o Grêmio União Têxtil (bairro Bomfim), nos quais a banda de Pimentel costumava se apresentar e encher esses clubes de fãs, apreciadores e amigos desse conjunto musical.
Os músicos que formavam o conjunto “Unidos em Ritmos”, eram profissionais que tinham uma experiência tarimbada e profissional. É comum que na trajetória de uma banda musical, naturalmente aconteça a desistência de algum integrante, mas foram os seus primeiros componentes: Zé Lino e Zequinha (sopro), Canhoto (guitarrista), Samuel (contrabaixo), Arivaldo Felipe (baterista), Genísio Natureza (cantor) e Péricles (percussão). Eram músicos de “primeira linha” e conhecidíssimo em Estância e região.
O indiarobense Pimentel, nunca tocou nenhum instrumento musical, mas possuía na veia o sangue da vontade de continuar servindo à cultura de uma cidade, que não teve o privilégio de nascer, mas que ele a tinha como o seu berço natal. E mais, contribuiu imensamente com a cultura estanciana.
Em Sergipe, o conjunto musical “Unidos em Ritmos” concorria profissionalmente com outro conjunto famoso chamado “Los Guaranys”, de Lagarto, “cidade ternura”. Esse conjunto existe até hoje. “Nós disputamos títulos em Aracaju, na Associação Atlética, e “Unidos em Ritmo” e “Los Guaranys” levaram a taça de campeões do Estado. Não teve nem 1º e nem 2º lugares”, lembrou Pimentel.
O grupo musical “Unidos em Ritmo”, que parou suas atividades musicais nos seus vinte anos de fundação, se estivesse ainda em atividade, estaria completando quarenta e dois anos de sucessos. Foi uma banda que fez uma série de apresentações nos estados vizinhos da Bahia e Alagoas.
“Unidos em Ritmos” animou festas em quase quarenta por cento da Bahia. Em Aracaju, o grupo musical foi campeão durante cinco anos. Chegou a animar por três vezes o Carnaval de Lagarto. No Iate Clube, esse conjunto tocou durante dois anos. No Cotinguiba Esporte Club, “Unidos em Ritmos” tocou num período de cinco anos e animou três carnavais no Petroclube. “Nós tocamos um carnaval em Estância, no clube da AABB, por sinal, foi um dos maiores carnavais que já teve na Estância”, destacou Pimentel.
APOIO DO PREFEITO RAYMUNDINHO
O conjunto “Unidos em Ritmo”, teve diversos cantores como Brasinha, natural da cidade de Itabaianinha, que inclusive era um cantor de muito destaque. Depois surgiu Pedro Antônio, Léo, Vovô (de Aracaju), Rogério e tantos outros.
As festas públicas e particulares em Estância, sempre contaram com a participação do conjunto “Unidos em Ritmo”. O primeiro aniversário da Rádio Esperança, de propriedade de Dr. Jorge, foi animado gratuitamente por essa banda, como também a famosa festa da ‘Pétala Rosa”, o Festival Estanciano da Canção e o Carnaval, eventos bons que tinham em Estância.
Pimentel fez questão à época dessa entrevista, lembrar o apoio ao conjunto “Unidos em Ritmos”, que o prefeito Raymundo Silveira Souza dava. “ Raymundinho foi o único prefeito que mais ajudou a existência de nossa banda”, lembrou.
Guina, Gilvan, Alfeu Lima (pai), Pingüim, Luizinho, João Emídio, Gilberto Santana, Raimundo Caetano, José Luiz, Maria Valdice, Zilmar, Edgar Soares e tantos outros músicos, passaram pelo quadro musical do conjunto “Unidos me Ritmos”, que foi foi campeão sete anos em Sergipe. Era uma banda de destaque e que tinha uma reforçada aparelhagem de som.
Pimentel era casado com Geni Arruda Pimentel e pai de seis filhos: Carlos, Bebeto, Pedrinho, Cecinha, Glória e César. Ele revelou que parou com a existência do conjunto “Unidos em Ritmo” porque já estava cansado, mas vivia relembrando cada momento da trajetória do seu conjunto. “Eu acredito que deixei um nome na história de Estância que me acolheu como filho”, disse Pimentel.
O grupo musical “Unidos em Ritmo” tocava todo tipo de música. No período junino, tinha um repertório só de forró. No carnaval, a banda dava vez às marchas e aos frevos. Executava também muitas músicas populares e as que estavam fazendo sucesso na época. “No carnaval eu aumentava o número de músicos. Para Aracaju eu levava dezoito componentes e tinha seis sopros”, informou Pimentel.
Na verdade “Unidos em Ritmo” era um conjunto completo. Os arranjos musicais foram feitos durante os três primeiros anos de fundação da banda pelo músico Ezequiel Francisco, conhecido por Zequinha (irmão da professora Elza, componente do Coral da Catedral) e mais tarde por João Emídio ( e-músico da Lira e atual interventor do HRAM) e Edgar Soares( fundador da banda Fauna e Flora).
Pimentel e “Unidos em Ritmo” não podem e não devem ficar esquecidos nas páginas culturais da história de Estância. Afinal, ele continuou enaltecendo também o título que Estância tem de “berço da cultura sergipana”.
(*) Radialista, jornalista, graduado em Letras (Português) e Direito e editor deste site.