EM SERGIPE, OS SERTANEJOS DESAPROVAM QUALIDADE DA ÁGUA
De acordo com levantamento da Articulação do Semiárido (ASA), o Governo Federal vem diminuindo o investimento em cisternas nos municípios do semiárido nordestino
Publicada em 01/08/22 às 18:06h - 150 visualizações
Atribuna Cultural/Fundada em 30 de março de 2001.
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(Foto: Divulgação)
“Tem águas e águas, né, minha fia? Tem água de usar nas plantas, no plantio, de lavar os bichos, e tem a água boa de beber e fazer o de comer. E é logo essa água boa que fica em falta, mesmo com tanta chuva”. A fala é de Maria de Lourdes, de 62 anos, moradora do Povoado Salobra, em Simão Dias. A lamentação gira em torno da falta de construção de cisternas, que entristece não só Maria de Lourdes, mas muitos outros sertanejos, que ficam indignados por verem tanta água da chuva sendo desperdiçada, já que não há as grandes caixas de acúmulo tão importantes no período chuvoso, que dão a segurança de ter água durante o verão intenso. “Água de poço serve para muita coisa, mas ela faz a gente adoecer se tomar demais. É por isso que a cisterna faz falta. Tanta chuva caindo agora e a gente vendo essa fartura se esvair, porque não tem onde guardar. Não tem onde colocar a água boa”, explica a salobrense, em conversa com a equipe do JC.
De acordo com levantamento da Articulação do Semiárido (ASA), o Governo Federal vem diminuindo o investimento em cisternas nos municípios do semiárido nordestino. Segundo os dados, em 2019 foram construídas cerca de 30 mil cisternas, já em 2021, foram apenas 4 mil. Sergipe Com 11 municípios em estado de alto índice de estiagem e/ou seca, Sergipe destaca a sua necessidade de políticas públicas que amparem a população sertaneja. Até o momento, documento da Defesa Civil aponta Nossa Senhora da Glória, Poço Verde, Nossa Senhora Aparecida, Ribeirópolis, Malhador, Frei Paulo, Porto da Folha, Tobias Barreto, Monte Alegre, Carira e Poço Redondo como as cidades em estado de emergência.
O JORNAL DA CIDADE procurou o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e questionou ao coordenador estadual do Dnocs em Sergipe, Luciano Goes, se houve, de fato, cortes nas ações de amparo contra a falta de água na região semiárida do Estado. “Pelo contrário, os números subiram. O crescimento foi muito grande. Hoje temos um trabalho com 80% dos parlamentares colocando recursos no Dnocs. Barragens foram feitas e serviços da adutora foram iniciados. É algo impressionante, nem se compara aos anos anteriores”, destaca.
Sobre os benefícios e usabilidades dos poços artesianos e cisternas, o coordenador traz apontamentos. “Não tem como medir e analisar a água antes de perfurar, mas a ideia do poço é justamente de tirar a pessoa tirar do barreiro e consumir uma água mais limpa. A cisterna tem uma limitação, porque se ela secar, como vai viver? O poço não seca. Os poços artesianos possuem uma estrutura diferente da cisterna, os preços dos poços são maiores que o da cisterna, é por isso que se utiliza a energia solar, já para não afetar no custo da casa. As utilidades são maiores”. Números Segundo Luciano Goes, em 2021, foram implementadas 50 cisternas e 34 poços artesianos foram instalados. Neste ano de 2022, já são 150 cisternas e 26 perfuração e instalação de poços. Também foi construída uma adutora no Município de Gararu, por ser o território mais necessitado nessa questão, em que vários povoados não tinham água e solicitavam o serviço há mais de 30 anos. O valor gasto foi de R$ 12. 431.213,63. Com todas as ações, é totalizado um investimento de R$ 16.584.213,63. Por Taís Félix *Com supervisão de Nayana Araujo.
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