Nascido num dia 08 de dezembro do ano 1897 no município de Rosário do Catete, era filho do influente Leandro Ribeiro de Siqueira Maciel e de Dona Ana Maynard Maciel. Do seu pai, político militante, herdou a sabedoria para saber conviver com lados dissonantes e da amada mãe compreendeu o papel essencial que possui a fé e a persistência.
De acordo com alguns levantamentos, Leandro Maciel iniciou os seus passos escolares na cidade de Japaratuba, fez tanto o primário quanto o secundário no Colégio Salesiano de Aracaju. Em seguida se deslocou para o Spencer e dos Irmãos Maristas em Salvador, na Bahia donde veio a se formar tempos depois em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Bahia, tendo sido escolhido pela sua veemente eloquência, orador da sua turma.
Concluiu o seu curso superior no ano de 1922 com a tese intitulada “O aproveitamento do potencial hidráulico do Rio São Francisco na garganta de Paulo Afonso”, e resolveu após a sua formatura, solicitar transferência para a cidade de João Pessoa, na Paraíba, onde recebeu convite para exercer o cargo de Engenheiro para o Departamento de Portos, Rios e Canais.
Retorna para Sergipe imerso na sua juventude transbordante em 1926 a convite do então Presidente do Estado Ciro de Azevedo para responder pelo expediente da Inspetoria de Portos, Rios e Canais. A política, como bem sabemos corria em seu sangue, algo que herdou de seu admirável pai, o político e senador Leandro Ribeiro de Siqueira Maciel, sendo este nascido no Engenho Serra Negra num dia 04 de agosto do ano 1825, filho do Coronel Antônio Luís de Araújo Maciel e de Dona Rosa de Siqueira Melo. Leandro Siqueira Maciel além de político, foi Juiz de Paz e Órfãos no interior de Sergipe, atuando nas jurisdições de Rosário do Catete, Maruim e Santo Amaro.
Honrou a magistratura, e se dedicava religiosamente à advocacia e à administração das suas propriedades rurais. Era homem reverenciado, convivia em trânsito livre com os setores mais opulentos, dentre alguns avultados de sua proximidade: José Luís Coelho e Campos e Antônio Dias Coelho e Melo, o estimado Barão de Estância. Leandro Ribeiro de Siqueira Maciel chegou ainda a organizar o Partido Progressista (PP) ao lado de grandes personagens: Martinho Garcez, Fausto Cardoso e Sílvio Romero, com os quais estabeleceu importantes ligações de amizade e consideração.
Pois bem, Leandro Maciel acabou deixando de lado as suas atividades profissionais e partiu então para as pelejas dos intercursos políticos. O ano de 1928 marca o falecimento de Ciro de Azevedo, Manuel Correia Dantas assume depois, e a pedido do próprio Ciro deixa que Leandro Maciel permaneça no cargo de Inspetor dos Portos até o ano de 1930. Em 1929, Maciel se elege Deputado Federal por Sergipe desde então permaneceu na política, pois nascera com o tino de homem público. Sua vasta trajetória acabou sendo interrompida pela revolução de 1930.
Nesse entremeio, ficou afastado do cargo e se dedicou por algum tempo ao ramo da sua especialidade profissional: a construção civil. Dois anos após, em 1932, funda o Partido Social Democrático e foi eleito Senador da República. Foi de maneira sucedânea, Deputado Federal e constituinte em 1934. Fez coligação com o Partido Republicano para eleger o Dr. Eronildes Ferreira de Carvalho como Governador do Estado de Sergipe.
Em 1937, com o golpe do Estado promovido por Getúlio Vargas, Leandro Maciel se recolhe à vida privada continuando suas prolíficas atividades como engenheiro civil, foi aí nessa ocasião que construiu o antigo prédio que serviu de sede do Banco do Comércio e Indústria de Sergipe, na antológica Avenida Rio Branco, a Fábrica de Tecidos São Gonçalo, em São Cristóvão, e aterrou o local onde funcionava o Jardim de Infância Augusto Maynard. Em 1945 quando o Brasil voltou à normalidade, Leandro Maciel funda a União Democrática Nacional (UDN) em Sergipe.
A partir daí, é eleito Deputado Federal nas eleições de 02 de dezembro de 1945. No ano posterior, em 1946, foi eleito Senador da República, tendo sido signatário da Constituinte Federal. Em 1950 chegou a ser candidato ao Governo do Estado de Sergipe, não obtendo êxito, acabou se elegendo Deputado Federal na mesma legislatura. Quatro anos depois, em 1954, concorreu pela segunda tentativa para Governador do Estado, desta feita, elegendo-se e tomando posse no dia 31 de janeiro do ano 1955. Sua administração foi até 1959, quando foi escolhido como “O Governador do ano”.
Durante sua gestão, foi conseguida a abertura da Barra de Aracaju à navegação, sonho que era ansiado pela população sergipana. Construiu estradas no interior, asfaltando muitas e empiçarrando diversas, pontes também foram edificadas. Leandro Maciel foi responsável pela ligação da Barbosópolis à Praia de Atalaia, ponto de lazer para os conterrâneos e turistas provenientes das diversas partes do Brasil. Concluiu, em seu Governo, o Aeroporto de Aracaju, cujas obras tinham sido iniciadas há tempos atrás. Dotou a cidade de moderno serviço de água e saneamento em múltiplas áreas.
Ainda durante o seu tempo, foi construído o Palácio das Secretarias, foram reformados vários prédios públicos, inclusive o antigo Palácio Presidencial. Maciel teve olhar bastante voltado para os mais necessitados da sociedade, proporcionando-lhes melhores condições de vida. Dotou a rede estadual de diversas escolas públicas e grupos escolares, sendo um grande amigo do funcionalismo público.
Ressalte-se que tudo isso foi executado com parcos recursos, mesmo assim a sua vontade de trabalhar era indomável. Sua relação com os trabalhadores continua sendo modelar, pois o diálogo era assegurado, a cidadania incrementada, liberdade foi concedida às manifestações, bem como era constante a sua presença nas associações para auscultar os anseios dos obreiros.
O Governo do Engenheiro e Político Leandro Maciel continua marcando época. Se o tempo é o olho da história e jamais mente, sabemos muito bem que a sua gestão foi marcada por trabalho eficiente, progressista e demarcado por altiva honestidade. Em Sergipe, não temos dúvida de que muito do progresso que vivenciamos em dias hodiernos se deu por conta da atuação dele. Vale dizer que Leandro Maciel chegou a ser candidato à Vice-Presidência da República pela agremiação partidária da UDN, tendo como companheiro de chapa, Jânio Quadros. Depois acaba renunciando, para dar lugar ao Senador Milton Campos.
Leandro Maciel foi Presidente da União Democrática Nacional até que se extinguiu o Partido e depois ocupou a presidência do PSD entre os anos de 1933 a 1937. Em 1961 quando Jânio Quadros saiu vitorioso, Maciel acabou sendo designado para atuar como Presidente do Açúcar e do Álcool, deixando o cargo após a renúncia daquele que o havia nomeado.
No dia 15 de novembro de 1966 foi eleito outra vez Senador da República, sendo este o seu último mandato em cargo público. No exercício da esfera pública ainda ocupou cargos como de Fiscal de Águas e Esgotos de Aracaju, dirigiu a Companhia de Serviços de Luz e Força de Sergipe, a antiga Energipe e presidiu as Usinas Nacionais.
Na aprazível ambiência doméstica contraiu belo matrimônio com D. Marina de Albuquerque Maciel, a filha de Otacílio de Albuquerque, grande médico, jornalista e político paraibano, que foi Deputado Federal e Senador pela Paraíba no ano de 1923. Ao lado dela desfrutou de variados momentos de lutas e glórias, do romance resultaram seus seis filhos: Ana Maria, Marcelo, Murilo, Annete, Léa e Leandro.
Grande número de políticos e figuras marcantes da sociedade sergipana reconhecem a sua eminência. Passou por revezes e múltiplos alijamentos ocasionados pelo desgaste público, mas jamais abaixou a cabeça. Seu espírito de líder se sobressaía por onde passava, pois era homem firme e aglutinador em suas posições. Possuía rigor em suas antinomias eleitorais, conhecido por ser fiel e solidário com seus amigos.
Portanto, sua vocação para a política era mais que notória, sendo ao mesmo tempo adorado por muitos e contestado por outros, algo que faz parte das regras do bom jogo. Faleceu num dia 14 de julho do ano 1984, causando grande comoção político-social.
Conclui-se que Leandro Maynard Maciel, um dos maiores vultos que por aqui germinaram, marcou a política sergipana do século XX. Um homem que permanece inegavelmente no rol dos inesquecíveis da História de Sergipe. Ao seu modo e dentro da sua época, prestou relevantes serviços ao desenvolvimento do Estado, pois não é qualquer um que assomou mais de cinco décadas de funcional vida pública.
¹ Texto escrito por Igor Salmeron, Sociólogo - Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (PPGS-UFS), servidor do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, faz parte do Laboratório de Estudos do Poder e da Política (LEPP-UFS). Membro vinculado à Academia Literocultural de Sergipe (ALCS) e ao Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras (MAC/ASL). E-mail para contato: igorsalmeron_1993@hotmail.com