Na fascinante historiografia de Sergipe, poucos foram nomes tão avultados como é o caso de Felisbelo Firmo de Oliveira Freire. Nascido em Itaporanga num dia 30 de janeiro do ano 1858, filho de Felisbelo Firmo de Oliveira Freire, respeitado coronel na época e de Dona Rosa do Amarante Góis Freire, mulher de arrebatadora fé. Seus passos escolares secundários iniciaram-se no tradicional Ateneu Sergipense, depois sendo finalizados em Salvador. Colou grau de doutor em medicina no ano de 1882.
Após formado, começou a clinicar em Laranjeiras, ao mesmo tempo em que colaborava na área da imprensa com perfil político. Fazia propagandas republicanas ao lado de alguns nomes importantes, a exemplo de Fausto Cardoso. Fundou periódicos, dentre os quais: “O Horizonte” e “O Laranjeirense”. Se muda para o Rio de Janeiro e depois regressa novamente para Sergipe, sendo nomeado presidente do estado por decreto expedido pelo governo provisório da República cujo chefe era Marechal Deodoro da Fonseca.
Empossado num dia 13 de dezembro do ano 1889, exerce o cargo pela duração de oito meses, ficando até o dia 17 de agosto de 1890. Foi responsável por iniciar obras de construção em diversos trechos nas estradas de ferro, chegou também a reorganizar a Biblioteca Pública de Aracaju. Em setembro de 1890, Felisbelo foi eleito para a Assembleia Nacional Constituinte, onde defendeu uma divisão mais isonômica do território nacional. Assumiu o Ministério da Fazenda de abril de 1893 a agosto de 1894, durante governo de Floriano Peixoto.
Nesse entremeio exerceu cargo de secretário dos Negócios Exteriores entre abril e junho de 1893. Após esse período, Felisbelo Freire volta a exercer a atividade médica, dedicando-se à pesquisa histórica e, sobretudo, a divulgação científica. Em 1897 regressa à política, reelegendo-se como deputado federal para os anos entre 1897 e 1899. Quatro anos depois, conquista seu terceiro mandato na Câmara na legislatura compreendida entre os anos de 1903 a 1905.
Foram afiançados mais três mandatos como deputado federal por Sergipe: 1909 a 1911 e 1912 a 1914, sendo o último interrompido pelo seu falecimento num dia 07 de maio do ano 1916. Pioneiro no cenário historiográfico sergipano, foi sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, sócio de honra no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, sendo ainda associado correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, membro do Instituto Arqueológico de Pernambuco.
Entre os diversos artigos e obras: “História de Sergipe: 1575-1855” (1891), “História Constitucional dos Estados Unidos do Brasil” (3 volumes, 1895), “Noções de Direito pátrio e economia política” (1896), “História territorial do Brasil” (1906), “História do Banco do Brasil” (1907), “Os bastidores da política no Brasil: vida íntima de D. Pedro II e os grandes homens do segundo império” (1911).
Conclui-se que Felisbelo Freire tem importância primordial. Foi o primeiro governador sergipano na Primeira República Brasileira. Participou da elaboração da Primeira Carta Constitucional elaborada no ano de 1891, além de ter sido patrono da Academia Sergipana de Letras, onde ocupou cadeira de nº 8. Primeiro a elaborar uma síntese historiográfica local, “História de Sergipe” é referencial até os dias hodiernos.
Somos afortunados por ter Maria Thetis Nunes, Terezinha Oliva, Aglaé Fontes, Beatriz Gois Dantas, Francisco Alves, Samuel Albuquerque, Ibarê Dantas que nos ajudam junto com o pioneiro Felisbelo Freire a compreendermos a evolução histórica de Sergipe.
(*) Igor Salmeron é Sociólogo, Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFS.