São 202 anos de uma história contada a partir de um processo de muitas lutas em territórios sergipanos. O cenário para alcançar a emancipação e autonomia foi rememorado pela Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura, que, por meio do Arquivo Público de Sergipe, realizou na tarde desta quarta-feira, 6, uma programação intitulada “Em estado independente projeta-SE em seu povo, sua história e sua cultura”.
As boas-vindas foram dadas pelo grupo Oiteiros, do município de Gararu, com uma intervenção teatral a partir da apresentação do espetáculo “Farratataia sergipana”, adaptação livre do livro “Brefaias e Burundangas”, de Carvalho Déda, personalidade conhecida em Sergipe com vistas à sua atuação na advocacia, política e literatura. Cenas da vida interiorana fizeram relembrar as feiras livres, causos e sabedoria popular presentes nas manifestações da cultura sergipana.
Segundo a diretora do Arquivo Público de Sergipe, Sayonara Rodrigues, o evento ocorre em um contexto que se aproxima também da Independência do Brasil. Dessa forma, contextualiza a linha cronológica e aponta a conexão entre as lutas travadas no âmbito da nação brasileira e do estado de Sergipe. “Nessa conjuntura, fazemos a rememoração do 8 de julho, de 202 anos de emancipação de Sergipe. A função do APES não é somente guardar documentos, mas também fazer com que esses documentos tenham vida para levar essa memória sergipana para a sociedade”, citou.
A programação também contou com a palestra da professora Edna Maria Matos, que leciona no Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe (UFS), com o tema “A emancipação política de Sergipe e o bicentenário da Independência do Brasil”. A palestra percorreu sobre as séries de disputas políticas travadas, além de provocar debates acerca de temas como invasões a terras indígenas, racismo estrutural, dentre outros problemas sociais que persistem no Brasil.
“Sergipe tem uma especificidade, que foi a luta contra os baianos que tentavam manter o estado subalternizado à Capitania da Bahia. Nós temos na história duas frentes de luta, ou seja, duas dimensões de conflitos: um que tem a ver com a América Portuguesa de modo geral e sua luta pela independência; e outra mais interna relacionada a Sergipe para tornar-se independente da Bahia, e todo esse processo e todos esses projetos atravessados”, explicou a professora Edna Matos.
Professores e estudantes estiveram presentes a esse evento. Foi o caso da professora Adinagruber da Conceição Lima, que leciona História no Centro de Excelência Dr. Alcides Pereira, unidade que oferta Ensino Médio em Tempo Integral no município de Maruim. O tema interessa à professora por trabalhar com pesquisa na escola sobre os diversos assuntos que atravessam a emancipação política de Sergipe. “O evento nos leva a discutir a identidade nacional, e as discussões estão em todos os lugares para avaliarmos se alcançamos essa proposta de independência. Por essa razão aproveitei a palestra da professora Edna Matos porque estou desenvolvendo um trabalho de pesquisa na escola, que é a Feira de Ciências”, disse.
O licenciando em História (UFS) Maxwell Santos Conceição relembra as lutas que foram travadas em prol da conquista da emancipação política de Sergipe. “Para nossa sergipanidade é um marco muito importante a emancipação de Sergipe, que passa por um processo de luta e que apresenta várias nuances ao longo do tempo. Essas forças que foram degladiadas durante a história fizeram parte do processo de reconhecimento como sergipano”, concluiu.
Ao fim do evento, os participantes foram convidados para prestigiar uma projeção voltada para o prédio do Arquivo Público de Sergipe, ocasião em que foi possível reconhecer e homenagear as manifestações culturais que revelavam a identidade do povo sergipano. A projeção mapeada pode ser vista também nesta quinta-feira, 7, entre as 18h e 21h, na unidade da instituição que fica ao lado da Praça Fausto Cardoso.
Foto Maria Odília
Assessoria de Comunicação da SEDUC