Eis uma mulher que marcou o fascinante contexto sergipano, seu nome? Maria Feliciana dos Santos. Nascida num dia 27 de maio do ano 1946 em Amparo de São Francisco, é filha de Seu Antônio Tintino da Silva e de Dona Maria Rodrigues dos Santos, ambos já contando alturas diferenciadas para o padrão corriqueiro. Maria Feliciana, que já residiu em Estância, desfrutou de doce infância, crescendo normalmente até os 10 anos de idade, ocasião na qual recrudesceu em tamanho. Foi jogadora de basquete, cantora e também prestigiada atração circense. No ano de 1962, iniciaram-se suas primeiras aparições públicas quando contava 16 anos.
Dois anos depois, aos 18, recebeu o título de Rainha da Altura, dado no programa do Chacrinha. Sob a orientação de Antônio Freire de Souza, àquele que lhe descobriu e veio se tornar seu empresário, viabilizou a sua apresentação em circos, cinemas e televisões. Numa dessas andanças, conheceu José Gregório Ribeiro, Josa, conhecido como “O Vaqueiro do Sertão”. Ele lhe apresentou a Luiz Gonzaga, com quem Maria Feliciana viajou por quatro meses, numa das turnês do cantor.
Por meio da indicação dele, a sergipana conseguiu se apresentar no programa do Chacrinha, denominado “A Hora da Buzina”. Foi após essa apresentação que o programa organizou um concurso para escolher a maior mulher do mundo e ela foi a vencedora, sendo assim nomeada como a “Rainha da Altura”. A premiação contou com a ilustre presença de Luiz Gonzaga, que entregou a coroa, e do mítico Grande Otelo, que entregou a faixa. Aos 25 anos de idade, Maria Feliciana começou a jogar basquete, chegando a fazer parte da Seleção Sergipana por dois anos.
Depois seguiu para Porto Alegre, onde participou com afinco dos jogos da Confederação Brasileira de Desportos Universitários. Em 1971 esteve participando dos 22 Jogos Universitários Brasileiros. Durante 12 anos foi cantora, donde fez parte do Trio Sergipano, deixando o trio quando conheceu Assuíres José dos Santos, com quem se casou e teve três filhos: Charles, Shirlei e Cleverton, com alturas bem consideráveis aos padrões, herdadas dos genes maternos. O ano de 1973 marcou diversas parcerias com duplas sertanejas, quando Maria Feliciana fez vários shows pelo Brasil.
Anos passados, em 1995, teve que fazer uma cirurgia no pé, que acabou tendo complicações, o que a obrigou a fazer outras. Na última foram retirados ossos e cerca de um terço do seu pé, fato que lhe impossibilitou de se fincar em pé. Para agravamento, seu então esposo acabou falecendo num trágico acidente de carro, em 1998. Assuíres que era a fonte de renda familiar deixou conjunto de problemas para Maria Feliciana.
Reside em casa modesta, e padece com doenças como osteoporose, trombose e úlceras nos dois pés, não conseguindo se locomover. Num merecido reconhecimento da sociedade sergipana, o Edifício Estado de Sergipe ficou conhecido popularmente como Edifício Maria Feliciana, por esse ser o prédio mais alto do idílico cenário aracajuano. Portanto, a mulher que foi por muito tempo considerada a mais alta do mundo com 2,25 m deve ser exaltada de maneira contínua, não podendo ser relegada ao esquecimento.
Afinal, Maria Feliciana arrebatou e continua levando Sergipe às alturas!
Igor Salmeron é sociólogo, doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFS.