Como os Xokó se utilizam de práticas educativas para reinventar suas tradições e preservar sua memória/identidade? Esta foi a questão que motivou a professora Valéria Oliveira, a escrever sua tese de doutorado no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Tiradentes (Unit). Devido à qualidade dos dados apresentados para a preservação da memória do povo indígena, surgiu a oportunidade de lançar o livro ‘Povo Xokó: memória/identidade e educação’.
“Acredito que esta obra é importante para que a sociedade não indígena conheça mais sobre nossos povos originários, sobretudo os povos indígenas do Nordeste, que possuem características diferentes dos indígenas de outras regiões. Penso também que, conhecer mais sobre diferentes culturas pode nos proporcionar um importante exercício que é a compreensão de que outras formas de vida são possíveis e que devem ser respeitadas”, ressalta Valéria.
A aproximação da autora com a aldeia surgiu da necessidade de produção de material didático para suas aulas. “Cheguei à Terra Indígena Xokó em 2012 com o objetivo de captar imagens e entrevistar indígenas para a produção de material para a disciplina Cultura Afro-brasileira e Indígena. Na aldeia fomos acolhidos por Apolônio Xokó, pelo cacique Bá e demais moradores e o resultado foi o documentário ‘Índios e missionários no sertão sergipano’, que está disponível no YouTube”, diz.
Na obra, a educação é trabalhada de forma ampla a fim de compreender a educação para além das práticas educativas institucionais. Para Valéria Oliveira, o povo Xokó estabelece pontes entre o passado e o presente, por meio de seus rituais e de suas celebrações. “Estas foram estratégias para transmitir e preservar suas tradições ao longo do tempo, sendo, portanto, práticas educativas. Além disso, a comunidade possui uma escola indígena vinculada à Secretaria Estadual de Educação, o que se configura uma forma de manter suas tradições, sem perder de vista a necessidade de interlocução com o mundo não indígena”, afirma.
A professora Valéria explica ainda que no livro estão registradas falas de diversas figuras importantes para essa história. “Acredito que esses registros são relevantes para que gerações futuras conheçam mais sobre seus ancestrais. Como também para nós, não indígenas, pois registram a resistência e a história de luta deste povo que não cansou de batalhar por suas terras e estabelecer estratégias para continuar existindo, apesar da opressão que lhes foi imposta”, finaliza.
Descobertos pelos jesuítas por volta do século XVI, a aldeia dos índios Xokó possui cerca de 310 indígenas e 91 famílias e está localizada na ilha de São Pedro, no município de Porto da Folha. Esta região foi homologada como a terra indígena da etnia Xokó em meados de 1979.
Onde encontrar o livro?
O livro impresso pode ser adquirido com a autora por meio do perfil no Instagram @livro_povoxokó. Já os interessados em adquirir o e-book, o download gratuito está disponível no site da Editora Olyver. Para Valéria Oliveira o objetivo maior da publicação é socializar esses conhecimentos.
Fonte: Unit