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Sergipe

JOSÉ ANDERSON NASCIMENTO, EMBLEMA DE CULTURA EM SERGIPE

Publicada em 28/04/22 às 09:56h - 310 visualizações

Atribuna Cultural/Fundada em 30 de março de 2001.


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JOSÉ ANDERSON NASCIMENTO,  EMBLEMA DE CULTURA EM SERGIPE
Dr. Anderson Nascimento  (Foto: Divulgação)
Poucas as vezes que se viu germinar em idílica ambiência sergipana um nome tão conspícuo na seara cultural como é o ilustre caso de Professor José Anderson Nascimento. Nascido em Aracaju num dia 16 de agosto do ano 1944, sendo filho de Seu Manoel Nascimento Filho e de Dona Josefa Ferreira Nascimento, usufruiu de aprazível meninice entre brincadeiras dinâmicas e aprendizados valiosos.
Dos genitores, apreendeu o valor inequívoco da educação. Vale destacar que seu pai era carteiro e um cara atuante na cultura e universo educacional. A militância política paterna era realizada junto ao estimado deputado na época auferida: Arnaldo Rollemberg.
Seu Manoel Nascimento possuía amizades influentes, dentre as quais, além de Arnaldo Rollemberg, desfrutava de prestígio junto ao então prefeito Godofredo Diniz e seu filho, o deputado Raymundo Diniz. Colaborou nas campanhas do deputado Viana de Assis e do também ainda deputado José Carlos Teixeira que também foi depois Secretário de Estado da Cultura.
Ademais, Seu Manoel tinha trânsito fácil com o respeitado general Djenal Tavares de Queiroz, figura proeminente junto ao Partido Social Democrático (PSD). Seu Manoel e Dona Josefa ainda se dedicavam à Sociedade de Cultura Artística de Sergipe que era presidida pelo saudoso professor João Costa.
Nesse efervescente ambiente é que José Anderson Nascimento já adolescia nas sinuosidades tanto da política quanto da cultura, pontos que se convergem quando analisamos com o devido afinco. Se existem dois termos que o definem muito bem, estes são a liberdade e a tolerância, princípios que aprendeu com seus amáveis pais. Dona Josefa o ensinou a paciência por exercer função de bordadeira, uma artesã das mais dedicadas.
Seu trabalho primoroso já rodou o exterior e é referencial quando falamos no estilo rococó. A criatividade e fé ardorosa foram aspectos que delinearam a personalidade de José Anderson Nascimento ao longo da sua vida.
As professoras Núbia Porto, Magnólia, Éster Lopes e Bebé Tiúba foram essenciais nas suas incursões escolares. Chegou a estudar no Instituto D. José Tomaz, onde pôde contrair amizade com o lendário jornalista Ivan Valença, cuja amizade perdura até os dias hodiernos pela admiração mútua que fruem entre si. Seus primeiros passos escolares se deram no referencial Instituto Maria da Salete, em cidade estanciana.
Realizou o ginásio no Colégio Tobias Barreto e arrematou o curso clássico no tradicional Colégio Atheneu. Desse tempo podemos destacar os seguintes mestres na arte de lecionar: João Costa, Francisco Portugal, Virgínio Santana e João Evangelista Cajueiro.
Durante esse período de farta jovialidade e reivindicações, José Anderson Nascimento se aliou a várias personalidades na questão de militância estudantil, podendo enfatizar as presenças de João Augusto Gama da Silva, Luciano Morais, Luiz Antônio Barreto com quem colecionava discos de vinil e Felix Mendes. Estes eram alguns dos agitadores envolvidos nas campanhas para o Grêmio Estudantil. Mantinham forte ligação com outro Grêmio, o Clodomir Silva dirigido por Wellington Mangueira do Colégio Atheneu Sergipense.
José Anderson Nascimento quando estudou no Tobias Barreto, estabeleceu conexão com a referencial Professora Ofenísia Soares Freire que o fez ser devoto por literatura, sendo conhecido por ser aluno dedicado no quesito leituras. Diversos vultos na área do ensino também se realçaram na sua trajetória, a exemplos de: José Antônio da Costa Melo e José Silvério Leite Fontes, homens que encaravam a sala de aula como antros de cidadania atuante e com senso estabelecido de dever para com a população.
Militou na Gazeta de Sergipe donde assinava a coluna ‘Background’ a convite do grande Pascoal Maynard, que se constituiu como paradigma na área jornalística sergipana. Sua engajada juventude foi participativa e sempre que podia, José Anderson Nascimento estava inserido em todos os acontecimentos que fossem de natureza social e/ou cultural aracajuanos. Não à toa foi angariando esse prestígio que goza aos dias corriqueiros.
Dotado por forte vocação para as Ciências Jurídicas, resolveu cursar Direito donde bacharelou-se com esmerado louvor pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Sergipe. Durante o curso, conheceu sua eterna companheira, Luzia Maria de Mesquita Costa, recém graduada e iniciante nos passos advocatícios.
No Direito teve como mestre, o professor Olavo Ferreira Leite, luminar da advocacia em Sergipe. A arte de advogar com sabedoria foi apreendida com Olavo Leite, que o soube fazer ingressar nos estilos e meandros da ética jurídica. Um outro avultado foi Dr. Alfredo Rollemberg Leite, ícone do Direito Eleitoral, foi àquele que lhe influiu para se especializar no ramo do Direito Público.
Inquieto e dedicado, José Anderson Nascimento fez Pós-Graduação em Direito Público, pela prestigiada Universidade Tiradentes. Possui Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Sergipe, além de ser prolífico escritor que ocupa merecidamente a Cadeira de número 20 da benquista Academia Sergipana de Letras donde ingressou no ano de 1981.
Foi secretário geral do Conselho Estadual de Cultura, quando quem presidia era Dr. Antônio Garcia Filho, figura arquetípica no que tange à cultura, política e educação em Sergipe. Lecionou no magistério estadual e na UFS, quando dava brilhantes aulas sobre Direito Processual Civil e Direito Eleitoral no Departamento de Direito.
É figura versátil, sendo professor, jornalista, escritor, advogado e exímio magistrado que se destacou pela honradez e senso perspicaz de tomar decisões em âmbito coletivo desde o ano de 1978 quando passou em primeiro lugar por concurso. Pode até ser considerado sisudo por algumas pessoas, mas depois se revela um devotado ser humano que briga e intercede pela instauração do bem-comum social. Ao levantar alguns dados acerca de José Anderson Nascimento, percebemos que atuou como Promotor de Justiça da Comarca de Porto da Folha, no Estado de Sergipe.
Já como Juiz de Direito, trabalhou arduamente nas Comarcas de Nossa Senhora das Dores, Itabaiana e Aracaju. Segundo relatos dos que conviveram com ele, sempre foi um homem vigoroso, de alto estima entre os pares. Seu senso de dever era algo que despontava pela sua extensa trajetória, pontilhada por caráter, honestidade e perseverança. Atualmente é o Presidente da Academia Sergipana de Letras, celeiro de cultura que se expande cada vez mais pela sua irretocável atuação.
A sensibilidade que destila em suas obras é algo desconcertante. Entre os livros que já publicou, podemos enfatizar os seguintes: “Sergipe Del Rei” (1979), “Sergipe e seus monumentos” (1981), “Propaganda eleitoral” (1996), “Tópicos de Direito Eleitoral” (1998), “Cangaceiros, coiteiros e volantes” (1998), “Eleições 2000” (2000), “A Loja Maçônica Cotinguiba nos caminhos da história” (2000), “Prazos processuais” (2002), “Ações de separação judicial, divórcio, nulidade e anulação de casamento” (2003), “Manual das eleições municipais” (2004), “Metáfora dos arlequins: as cores na arte de Leonardo Alencar” (2006), “Governadores em três estados do Brasil” (2008), “Olhares sobre a Loja Maçônica Cotinguiba” (2012), “Rosa Faria” (2013), “Carvalho Neto” (2013), “Clodomir Silva” (2014), “Carlos Teles Sattler” (2015), dentre vários outros escritos.
Mais recentemente publicou “Perfis Acadêmicos”, lançado pela excelente Editora Diário Oficial do Estado de Sergipe, a Edise. Obra de relevo que nos explicita diversos verbetes bibliográficos acerca dos patronos das cadeiras acadêmicas, dos seus fundadores, dos sócios e atuais acadêmicos da Academia Sergipana de Letras. De José Anderson Nascimento não se poderia esperar outro resultado, já que sua atuação em prol da rica cultura sergipana é algo inconteste.
No álacre seio doméstico, é casado com a admirada advogada Luzia Maria da Costa Nascimento, defensora pública cuja amorosa relação desembocou em seus filhos: Anderson da Costa Nascimento, Francisco Manoel da Costa Nascimento e Guilherme da Costa Nascimento. Além de marido dedicado e pai atencioso, é avô encantado pelos seguintes netos: Cristiana, Luanna, Manuella, Anderson Neto, Juliana e Dirce, esta última um atrativo de ser humano, que encanta todos ao seu redor. Luzia, sua fiel e mais longeva namorada, é daquelas mulheres que o fizeram impulsionar no apoio e compreensão contínuos.
Conclui-se que José Anderson Nascimento continua realizando trabalho referencial na seara político-cultural de Sergipe, prova disso foi quando recebeu a Medalha da Ordem do Mérito Parlamentar pelos seus inúmeros serviços prestados a sociedade. Homem determinado, cuja imperecível eficiência faz eco aos dias correntes, sua longevidade não consiste apenas em sua diáfana sapiência, mas sobretudo, no ser humano que explana bem-querença por onde passa. Se existem personalidades que nos elucidam alguns importantes episódios da fascinante História de Sergipe, a figura cintilante de José Anderson se espraia com a devida consagração!
¹ Texto escrito por Igor Salmeron, Sociólogo - Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (PPGS-UFS), com pesquisas financiadas pela FAPITEC/CAPES e faz parte do Laboratório de Estudos do Poder e da Política (LEPP-UFS). Membro vinculado à Academia Literocultural de Sergipe (ALCS) e ao Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras (MAC/ASL). E-mail para contato: igorsalmeron_1993@hotmail.com



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