O ex-governador Jackson Barreto (MDB), que prometeu deixar a vida pública depois que exerceu o comando do Executivo Estadual, está de volta à vida pública e pretende disputar um cargo eletivo em outubro próximo.
Quer ser senador da república e do presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva. Ele vive um momento de crise em seu partido e para um bom convívio deixa claro que quer ter liberdade de ação. Nesta breve entrevista, JB, como é chamado por amigos, diz ainda que não entendeu o motivo de acabar com as coligações e criar as federações e destaca o seu vasto currículo político com dois mandatos de vereador, dois de prefeito, um de deputado estadual, quatro de deputado federal, um de vice-governador e um de governador. Veja a seguir os principais trechos da entrevista:
JORNAL DA CIDADE - O senhor tinha desistido da vida pública. Por que mudou de opinião?
JACKSON BARRETO - Porque com a eleição do atual presidente o Brasil mergulhou na pior fase da sua história: desemprego, juventude abandonada, fome, perda dos direitos dos trabalhadores, democracia em risco com ameaças permanentes e desrespeito às instituições, como o STF. Custou muito para nós, após 21 anos de ditadura, reconstruir o estado democrático de direito, agora ameaçado. Não temos certeza do respeito aos resultados eleitorais deste ano. As ameaças parecem querer imitar Donald Trump. Precisamos de combatentes que já demonstraram coragem e experiência. Quero contribuir com a minha história, com o meu mandato de senador, e ao lado de Lula e do povo brasileiro consolidar a nossa democracia, que está ameaçada pelo fascismo do Bolsonaro, e melhorar as condições de vida do nosso povo.
JC - Qual seria a melhor condição para você continuar no MDB?
JB - Para continuar no MDB preciso ter liberdade nas decisões.
JC - Como está seu relacionamento político com o governador Belivaldo?
JB - Meu relacionamento com o governador Belivaldo sempre foi bom.
JC - Você tem quantos anos no MDB?
JB - Entrei no MDB em 1970, depois saindo e passando pelo PSB, PDT, PMN, PTB e retornando depois para o MDB. Acho que mais de 30 anos. Minha saída se deu em função das novas posições adotadas pelo partido em Sergipe.
JC - O bloco governista tem bolsonaristas? Isso te incomoda?
JB - Tem sim, e é de conhecimento público. Para mim, Bolsonaro é uma ameaça à democracia que construímos, após 21 anos de ditadura, com muita luta e muito sangue de brasileiros. Bolsonaro incomoda a todos os democratas.
JC - Quem será o seu candidato a governador de Sergipe? Por que essa opção?
JB - Não tenho ainda uma definição de candidatura ao governo.
JC - Você é a favor ou contra as federações partidárias? Por quê?
JB - Não entendi até hoje o motivo de acabar com as coligações e criar as federações com definição para maio. Não está claro para mim, pois o prazo para troca de partidos termina no dia 2 de abril. Lembro de uma citação do Thiago Mello: “Faz escuro, mas eu canto”.
JC - O MDB deveria se federalizar com quais partidos? Por quê?
JB - O MDB sempre foi uma frente, nunca foi um partido. Por si só, já tem características de uma federação. Não tenho escolhas no momento para federalizar com outros partidos.
JC - Você tem quantos anos de carreira política? Quantos mandatos? Quais cargos?
JB - De 1972 a 2022 na vida pública. Foram dois mandatos de vereador; dois de prefeito; um de deputado estadual; quatro de deputado federal; um de vicegovernador e um de governador.
JC - Construiu amigos e inimigos? Pode citar?
JB - Construí muitos amigos e adversários também. Natural da política.
JC - Fazer política hoje em dia está mais fácil ou mais difícil?
JB - Muito mais difícil, porque agora vale mais quem tem mais recursos financeiros.
JC - Gosta do uso das redes sociais em campanha ou prefere o corpo a corpo?
JB - Os dois, ambos são fundamentais.
JC - O que destacaria no seu governo?
JB - Desafio alguém mostrar um governador que fez tantas obras em cada município do Estado de Sergipe. Apesar das dificuldades financeiras, com recursos do Proinveste, atendemos todos os municípios do Estado. Sem contar as obras que deixamos em nossa capital, principalmente na mobilidade urbana como a Avenida Lauro Porto seguindo à Santa Gleide; as avenidas abertas do Porto Dantas com o calçadão; a avenida que liga o Detran à Gasoduto, no Orlando Dantas; as avenidas à direita e à esquerda do aeroporto, entre outras.
JC - E como prefeito de Aracaju?
JB - Destaco o saudoso engenheiro Luiz Teixeira, que me disse na década de 80 que como prefeito eu pavimentei 70% de Aracaju, cuidando de toda a periferia. Mas me orgulha como prefeito de Aracaju ter construído 23 escolas na periferia da nossa capital, zerando o déficit escolar e colocando nas salas de aula 14 mil crianças da periferia que estavam abandonadas, sem educação e sem alimentação.
|Por Eugênio Nascimento
Fonte: JC