Personagem essencial para compreender a própria dinâmica do regime democrático não só em cenário local, mas também no Brasil. Arte, cultura e liberdade possuem cristalino estandarte na atuação de José Carlos Mesquita Teixeira.
Oviêdo Teixeira o lendário industrial, indubitavelmente, se consagrou como uma das grandes personalidades sergipanas que merece todo o clamor. Constitui-se como um dos empresários mais marcantes que nos faz entender o próprio desenvolvimento de Sergipe. Do seu lindo casamento realizado no ano de 1935 com a esbelta D. Alda Mesquita Teixeira, que era filha do seu antigo patrão, fez com que se originasse dessa bela união o glorioso nascimento dos seus sete queridos filhos: José Carlos, Gilza Maria, Luiz Antônio, Tarcísio, Maria Celi, João e Ana Maria.
Entre toda a sua fulgurante prole, destaca-se no presente artigo, a atuação marcante do seu filho mais velho, o saudoso e querido José Carlos Teixeira, como homem fortemente ligado a cultura, àquele que dirigiu a Sociedade de Cultura Artística de Sergipe e elegeu-se deputado federal durante os períodos: 1963-1971/1975-1979/1983-1985/1985-1987. José Carlos Mesquita Teixeira nasceu em Itabaiana num dia 03 de maio do ano 1936. Foi militante da União Sergipana dos Estudantes Secundaristas ao lado de insignes nomes como Jaime Araújo e do lendário Tertuliano Azevedo em 1950, quando o mesmo estudava no tradicional Colégio Atheneu Sergipense.
Teixeira chegou a estudar na Bahia, onde acumulou fecundas experiências junto ao lancinante movimento estudantil secundarista, participando na linha de frente da histórica campanha “O petróleo é nosso”. Se formou em contabilidade pela Escola Técnica de Comércio Tobias Barreto, em Aracaju no ano de 1957; em outubro de 1962 elegeu-se deputado federal pela legenda da Aliança Social Democrática – coligação formada pelo Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Republicano (PR).
Empossado em fevereiro de 1963, no ano ulterior percorreu os Estados Unidos onde conheceu centros agrícolas e pecuários. Vice-líder atuante do PSD na Câmara dos Deputados em 1965, com a amortização dos partidos políticos por força do Ato Institucional nº 2 de 27/10/65, e o concludente implante do bipartidarismo, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de aversão ao regime militar instaurado no país em abril de 1964.
José Carlos Teixeira foi hábil Presidente do diretório regional e integrante do diretório nacional da agremiação em 1966, vice-líder da bancada durante o período entre 1966 e 1967, vice-presidente das comissões da Bacia do São Francisco, de Segurança Nacional e de Fiscalização Financeira e Tomada de Contas, e titular Bancada de Orçamento; em novembro de 1966 foi o excepcional candidato do MDB de Sergipe a reaver o mandato federal.
Delegado à 3a reunião Ordinária do Parlamento Latino-Americano em 1967 e vice-presidente da Comissão Polígono das Secas no ano de 1968, nas eleições de novembro de 1970 alcançou a segunda maior votação do estado, mas não se reelegeu por conta da legenda não ter contraído o nível eleitoral.
Deixou a Câmara ao fim da legislatura, em janeiro de 1971. Membro do Conselho de Telecomunicações em 1972 e presidente do MDB sergipano, retornou à Câmara dos Deputados em novembro de 1974, após ter comandado um movimento de acréscimo das bases partidárias em Sergipe graças as importantes relações que tinha tecido junto à classe médica.
Empossado em fevereiro de 1975, regressou às bancadas de que já havia participado e à vice-liderança do MDB no ano de 1976. Conselheiro do Instituto de Previdência do Congresso – cuja vice-presidência assumiu em 1977 – e vice-presidente das comissões da Bacia do São Francisco no ano de 1976 e de Segurança Nacional em 1977 rematou o mandato em janeiro de 1979. Com a extinção do bipartidarismo, em novembro de 1979, na reformulação partidária que se seguiu entrou no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), herdeiro do MDB, de cujo diretório regional foi presidente em 1980 e vice-presidente durante os anos de 1982 a 1983.
Em novembro de 1982 recuperou o mandato de deputado federal, tomando posse em fevereiro de 1983. Titular da Comissão de Relações Exteriores, vice-presidência da CPI dos minérios em 1983, em maio do referido ano, licenciou-se por quatro meses da Câmara para tratamento de saúde. Sua vaga foi ocupada pelo então suplente Seixas Dória. Reassumindo o mandato, foi presidente da representação brasileira junto ao Parlamento Latino-Americano de 1983 a 1986. Não compareceu à sessão de 25 de abril de 1984 em que a Câmara abdicou por falta de quórum a emenda Dante de Oliveira, que predizia eleições diretas para a presidência da República em novembro.
No Colégio Eleitoral reunido em 15 de janeiro de 1985, contudo, José Carlos Teixeira amparou o candidato oposicionista Tancredo Neves, eleito pela Aliança Democrática, um ajuntamento do PMDB com a dissidência do Partido Democrático Social (PDS) abrigada na Frente Liberal. Doente, Tancredo Neves não chegou a ser empossado, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Seu substituto foi o vice José Sarney, que já vinha exercendo o cargo interinamente, desde 15 de março deste ano.
De maio a dezembro de 1985, José Carlos Teixeira assumiu a prefeitura de Aracaju por recomendação do governador de Sergipe, João Alves Filho, pertencente ao Partido da Frente Liberal (PFL). Na Câmara, sua vaga foi ocupada por Válter Batista, do PMDB. Aliado ao PDS dos Franco, família de inestimável autoridade política em Sergipe, e com o apoio do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), disputou o governo do estado pela legenda do PMDB em novembro de 1986, perdendo para Antônio Carlos Valadares, do PFL.
Diretor de captação da Caixa Econômica Federal de 1987 a 1989, nas eleições de outubro de 1990 elegeu-se vice-governador de Sergipe na chapa do PMDB encabeçada por João Alves Filho. Iniciou o mandato no dia 15 de março de 1991, exerceu-o juntamente com a Secretaria de Indústria, Comércio, Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente entre 1993 e 1994. Em outubro de 1994, consecutivamente pelo PMDB, candidatou-se ao Senado, mas não logrou êxito.
Ilustre Itabaianense deixa legado de perseverança e hercúleas lutas pela democracia por onde passou, seja quando foi deputado federal por quatro mandatos, quando atuou como destacado prefeito de Aracaju, sendo que se realçou ainda como vice-governador no ano de 1990 durante o governo João Alves Filho ou quando assumiu a relevante pasta da Secretaria de Cultura no ano de 2003, prestando relevantes serviços na seara cultural sergipana e além-fronteiras. Teixeira era um irremediável apaixonado pelos costumes locais, cara que admirava e possuía amor sem limites por Sergipe.
José Carlos Teixeira foi renomado empresário do ramo de automóveis, sócio benemérito do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, da Sociedade de Cultura Artística de Sergipe e da Associação Sergipana de Imprensa, foi também vice-presidente do Sindicato de Indústrias Gráficas do Distrito Federal e diretor da Federação das Indústrias de Brasília.
Na aprazível seara doméstica, contraiu belo matrimônio com a respeitada e elegante D. Maria Eugênia Fontes Sousa Teixeira. Dessa união marital resultaram suas cinco amadas filhas e logo depois alguns netos. Conclui-se que o golpe militar de 1964 teve em José Carlos um determinante contestador. O parlamentar ativo que honrou a política sergipana faleceu no dia 29 de maio de 2018 aos 82 anos de idade, deixando lacuna inestimável no cenário político-social brasileiro.
¹ Texto escrito por Igor Salmeron, Sociólogo - Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (PPGS-UFS), faz parte do Laboratório de Estudos do Poder e da Política (LEPP-UFS). Membro vinculado à Academia Literocultural de Sergipe (ALCS) e ao Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras (MAC/ASL). E-mail para contato: igorsalmeron_1993@hotmail.com