As vazões intensas de águas defluentes, ou seja, que saem das usinas hidrelétricas de Xingó e Sobradinho (BA), serão mantidas até o dia 1º de fevereiro. A decisão foi divulgada em nota pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) e a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade (Sedurbs) de Sergipe.
O fluxo de água, atualmente, está em torno de 4.000 m³/s e deve ser mantido, já que, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), não há perspectivas de redução, nem de aumento no curto prazo, desde que as previsões climáticas se confirmem.
De acordo com a nota divulgada pelas secretarias, o último registro de uma cheia com proporções similares foi em 2009. A nota ainda avisa que, desde 2016, há um relatório Técnico da Chesf, junto à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com o mapeamento das áreas inundáveis nas margens do rio São Francisco.
Municípios sergipanos temem por maiores prejuízos na região
O F5 News mostrou os já verificados impactos da cheia nos municípios sergipanos. Mas a situação ainda não melhorou. Na cidade de Telha, região do Baixo São Francisco, por exemplo, o nível da água subiu quase um metro desde a última segunda-feira (24), quando marcava 70 cm de elevação, e já chegou a 1,60m nesta quarta-feira (26).
O secretário municipal de Turismo de Telha, Cesar Dias, informou que as equipes da Prefeitura estão mobilizadas para mitigar os danos causados pela chuva e estão auxiliando os donos de bares afetados pelas enchentes na retirada de seus pertences.
César ainda disse ao F5 News que a principal preocupação agora é com o dique da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) que controla a entrada de água no perímetro irrigado nas cidades de Propriá e Telha.
“As comportas não estão baixando e, segundo informações, a diretoria da cooperativa vai tentar fechar com tapumes de madeira. São cerca de 400 lotes de arroz e viveiros de peixes que Deus o livre sejam inundados. O prejuízo aqui é muito grande” relatou o secretário.
Pontos relevantes das cheias
Ainda segundo a nota divulgada pela Sedurbs e Semarh, o rio precisa ser tratado como um ecossistema e não como um canal. O superintendente Ailton Rocha diz que essa cheia trará inúmeros "benefícios ambientais à região do Baixo São Francisco".
Entre eles estão, principalmente, a recomposição da biodiversidade, a geomorfologia e na mitigação dos efeitos da intrusão da cunha salina, além de melhorar a navegação, fertilizar as margens, reduzir o custo da geração de energia e melhorar a captação de água.
“Considerando o rio como um ser vivo e guardando as devidas proporções, negar os benefícios das cheias no Baixo São Francisco é como negar a vacina contra Covid para os seres humanos”, completou a nota.
Além disso, a nota alerta para a ocupação irregular do solo, estimulada pelas baixas vazões praticadas nos últimos doze anos, e que esse controle é de responsabilidade do poder público municipal. Considerando os pilares do desenvolvimento sustentável (econômico, social, ambiental e cultural), a nota ainda sugere que se busque junto às esferas competentes recursos financeiros para compensar os danos materiais advindos da cheia.
Estagiário sob supervisão da jornalista Aline Aragão
F5 News