A NOVA GRANDE ENCHENTE DOS RIOS PIAUÍ E PIAUITINGA EM 1964
Em 1964, novamente chuvas intensas aumentaram o nível das águas dos rios Piauí e Piauitinga, inundando mais uma vez a fábrica e penetrando por toda a instalação, submergindo e danificando 1,2 milhão de metros de tecidos estocado.
Depois foram necessários seis meses de intensiva limpeza para a retirada da lama que se alojara dentro do estabelecimento fabril, e durante esse período, embora a fábrica nada produzisse, Dr. Jorge Leite não demitiu nenhum dos seus mais de 500 funcionários.
O CICLO FINAL DA EXISTÊNCIA DA FÁBRICA SANTA CRUZ
Para reequipamento de novas máquinas para a Fábrica Santa Cruz, Dr. Jorge Leite entrou com um projeto na SUDENE. Naquela época, não havia a possibilidade de importar máquinas pelo motivo da Europa estar passando por uma conversão na indústria de guerra para a indústria de paz.
E com receio de uma nova cheia nos rios, a SUDENE inviabilizou o projeto, e com a sua não aprovação, Dr. Jorge Leite utilizou parte do dinheiro na recuperação dos galpões da fábrica.
Foi realizado um novo projeto para a edificação de uma nova fábrica em outro local fora do alcance das águas. Porém, uma carta do banco do Nordeste alegava que não era mais prioridade o investimento em indústria têxtil.
Naturalmente o ciclo da velha fábrica têxtil chegava ao fim, e em 1972, com 81 anos de serviços formidavelmente prestados ao povo estanciano, a Fábrica Santa Cruz dava seu adeus, fechando suas portas, causada principalmente pela falta de sensibilidade do Governo Federal após a revolução, cujo apoio era direcionado para o Sul do país, deixando de lado as fábricas do Nordeste, cuja história de lutas e progressos em prol da nossa Pátria foram totalmente esquecidos pelos sábios de gabinetes deste imenso Brasil.
O povo de Estância não deve e não deveria jamais esquecer a história desses acontecimentos expressivos da sua vida. Deve sim, demonstrar gratidão de seu espírito, pelos contínuos benefícios que adquiriu com a criação desta importante fábrica que marcou o início grandioso de sua existência através dos nomes notáveis dos pioneiros João Joaquim de Souza, João Cardoso Freire de Mello e Manuel José Marques.
Na segunda fase com o Comendador João Joaquim de Souza Sobrinho, Eduardo José Fernandes e Antônio Manso. Na terceira fase através do Cel. Gonçalo Rollemberg Prado e seu genro, Dr. Júlio César Leite.
Finalmente variando suas atividades, com a criação da Sulgipe, sob a direção do competente engenheiro que soube conservá-la transformando-a nessa outra grande empresa que cresceu tanto, realçando assim o progresso da nossa terra e mantendo imorredouro o nome da Fábrica Santa Cruz.
Para esses homens fantásticos, a Tribuna Cultural com o seu fundador e diretor, jornalista e radialista Magno de Jesus e através do historiador e escritor Carlos Modesto, prestam-lhes um sincero tributo de reconhecimento e admiração, pela continuidade e a manutenção de um progresso bem definido que promoveu durante décadas a sobrevivência justa de uma parte do nosso povo.
(*) – Pelo motivo de haver existindo funcionando em Estância durante o mesmo tempo, três fábricas têxteis: a Fábrica Santa Cruz por ser a pioneira era apelidada de “Fábrica Velha”, a Fábrica Senhor do Bomfim, de Fábrica Nova” e a Piauitinga, de Fábrica Menina”.
(**) – Manchester, cidade industrial dos Estados Unidos da América, possuidora de grande quantidade de indústrias têxteis e metalúrgicas e construções mecânicas.
P.S a Tribuna Cultural e Carlos Modesto agradecem ao Dr. Jorge Prado Leite e ao seu filho Dr. Ivan Leite pela colaboração prestada nas revisões e informações adicionais dadas na elaboração final desta matéria.
Estância, 20 a 31 de agosto de 2003.