Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C) referentes ao 2º trimestre de 2021 (abril, maio e junho) indicam que Sergipe continua com a 3ª maior taxa de desocupação do país, ficando atrás apenas de Pernambuco e Bahia. Conforme apontado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado concentra 19,1% do total de desempregados, mas apesar de negativo representa uma estabilidade estatística em relação ao 1º trimestre deste ano.
Ao todo, 203 mil sergipanos estão desempregados e isso, de acordo com os números da Pnad-C, coloca Sergipe em uma situação delicada quando se trata de geração de empregos. “Em Sergipe, o percentual de pessoas com carteira assinada no setor privado é de 56,6% e este foi o 4º menor percentual do país. O menor ficou com o Maranhão (49,2%) e o maior em Santa Catarina (90%)”, revela um dos trechos da pesquisa”, pontua.
Já em relação à taxa de informalidade do mesmo período analisado, Sergipe tem 53,1% da população enquadrada nessa categoria. Apesar dos números preocupantes, a pesquisa informa, também, os setores que tiveram resultados positivos. “Considerando os grupamentos de atividade do trabalho principal, na comparação com o 1º trimestre de 2021, não houve variação estatística em nenhum segmento. Porém, na comparação com o 2º trimestre de 2020, o setor de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura teve um aumento de 33,8% ou 34 mil pessoas a mais e o setor de construção registrou aumento de 30,6% nesta comparação, com 16 mil pessoas a mais. Em relação ao rendimento médio real habitual de todos os trabalhos das pessoas ocupadas, no primeiro trimestre de 2021, foi estimado em R$ 1.944 e não apresentou variação estatisticamente significativa em relação ao mesmo trimestre do ano anterior e, também, em relação ao trimestre anterior”, detalha.
O resultado, segundo o economista e dirigente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Luís Moura, causa preocupação e traz à tona os reflexos provocados pela pandemia de Covid-19. “Está muito difícil o recuo da taxa de desemprego. Tivemos uma pequena queda no segundo trimestre, em relação ao primeiro trimestre de 2021, mas não foi nada significativo. O desemprego no país ainda é alto, pois são 14,4 milhões de trabalhadores desempregados, o que mostra que, mesmo com a vacinação, o emprego terá sua retomada lentamente. O primeiro trimestre não refletia ainda a vacinação do país. Já o segundo trimestre começa a perceber essa melhoria. A partir do segundo trimestre, nós teremos aí uma melhoria porque se, de fato, a vacinação imunizar às pessoas e os setores que mais empregam voltarem a contratar, poderemos diminuir essa taxa, mas nada significativo”, explica.
Sinal de alerta Para o economista, a situação atual é de alerta, pois a estimativa é que a retomada do crescimento de emprego no país só deva começar a partir de 2023. “Temos uma situação delicada no país, uma instabilidade. Temos, também, uma possibilidade de apagão ou um agravamento da crise hídrica que não possibilita um crescimento maior da indústria, do comércio etc. Isso tudo pode agravar a situação e diminuir o ritmo de crescimen- to das contratações. Então, 2023 é o ano que se espera uma melhoria e uma volta à normalidade caso a vacinação dê, de fato, resultado e não sujam novas variantes que comprometam isso. Teremos um final de 2021 em situação de recuperação moderada”, comenta.
“Já em 2022, que será um ano de eleição e que normalmente é conturbado no cenário político, pode ocorrer a diminuição no crescimento da atividade econômica e, com isso, possibilitar que não haja uma recuperação significativa. Chama atenção no caso do Nordeste, que é a região onde tem a maior taxa de desemprego, pois mais de 18% estão desempregados. E isso é cerca de 4% a mais do que a média do Brasil. A região mais pobre do país tem 4,4 milhões de desempregados. O Sudeste, que é a região mais rica, é o segundo no ranking, 15%, ou 6,8 milhões de desempregados. Então, a região Nordeste, especificamente, está com um problema sério com relação ao emprego”, acrescenta.
Sobre a situação do Nordeste, Moura destaca o fato de três estados liderarem o ranking, fator que, para ele, amplia o cenário negativo da região. “Nós temos a Bahia, nós temos Pernambuco e temos Sergipe com a terceira maior taxa de desemprego do país. Tínhamos 20% e, agora, caiu para 19,1%, mas isso não foi por conta do aumento do emprego, mas, simplesmente, porque as pessoas estão desistindo de procurar emprego e estão se virando por conta própria, trabalhando em bicos etc. E isso se reflete em nossa realidade atual, que é a terceira pior taxa de desemprego e 203 mil sergipanos desempregados, infelizmente. Novamente Sergipe possui as piores taxas de pessoal com carteira assinada e existe muita informalidade no Estado de Sergipe. O que indica que, realmente, está muito difícil conseguir um emprego formal no Estado, complementa.