[*] Antônio Barbosa
Em meio à pandemia, o presidente Jair Bolsonaro usou das expressões imbecis e idiotas para se referir aos cidadãos que seguem as orientações das medidas de isolamento social e das demais restrições sanitárias.
Esses, que não deram ouvidos às baboseiras palacianas, nos limites de suas condições pessoais continuam a contribuir com a contenção do coronavírus Brasil afora.
Do outro lado, alguns apoiadores do presidente, denominados pejorativamente de bolsominions, perderam suas vidas e de familiares, e há aqueles chegaram a ser intubados, mas se safaram do vírus graças à ciência e à boa medicina, ou por pura benção divina do que propriamente pelo uso da cloroquina que o rapaz mandatário recomenda.
No entanto, a aposta do presidente no uso de medicamentos sem comprovação científica, na pouca importância e no mau exemplo com o coronavírus visto pelos seus seguidores, resultou num discurso verborrágico, agressivo, arrogante, sem sentido algum, que persiste em caminhar na contramão da ciência.
Assim, com respaldo presidencial, criou-se o “discurso político da estupidez e do ódio” que atinge parte da população que, carente de uma política confiante e séria, acolhe de forma cega, sem discernimento e crítica política, “um líder” incapaz de sair do palanque.
“Um líder” que vive de agressões a seus opositores frente a um fenômeno de alto risco e dimensão mundial e que chegou a eleger como ídolo o tonto Donald Trump, então presidente da maior potência mundial
Como se constata, esse fenômeno, embora carreado de insensatez, abrange toda uma cultura moderna global, que
faz opção pelo medíocre e nivela por baixo o processo de escolha dos pretensos e futuros governantes, baseado em mentiras e em fake news.
O presidente brasileiro é um que tem por diretriz a rotina de atos de compulsão e que age sem pensar. Além de não passar segurança, convive de forma precária e em constante turbulência com as instituições, podendo fazer o país explodir a qualquer momento, separando o povo ao invés de uni-lo.
Apesar do disparate do governo e da falta de controle do presidente, a tentativa de canonizar o bolsonarismo como símbolo de princípios constitucionais e republicanos, contidos no artigo 37 da Constituição - legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência -, já começa, felizmente, a ruir com diversas denúncias de corrupção envolvendo os principais membros do governo e de familiares presidenciais.
Assim, agredir os opositores com o antipetismo e com fantasmas do “comunismo”, ao que parece não será suficiente para garantir ou validar o atual governo, que apesar de ter posado como honesto, eficiente e neoliberal, vem apresentado graves problemas de gestão e sendo marcado pelo falatório tóxico como principal virtude.
É possível dizer que perdem fôlego o comportamento e as falas do presidente de que não é culpado por nada, e que vive a responsabilizar o passado e seus inimigos por tudo que caminha errado no país.
O cansaço de quem já se vê envergonhado por ter sido enganado como eleitor em 2018, ou pela perda de um ente querido, além da bola de neve de denúncias de pessoas cada vez mais próximas ao mandatário, como ministros, filhos, apoiadores, dos quais o presidente nunca tem culpa, se tornarão cada vez mais contundentes e conhecidos da população, desmascarando o Capitão da Cloroquina que, da condição de Messias só carrega mesmo o nome.
[*] É advogado - OAB/SE 9335 - e comunicador em Estância.