A reportagem que a Tribuna Cultural apresentou no dia 24 deste mês, teve repercussão estadual, mas até o presente momento o pobre andarilho continua do mesmo jeito, ou seja, nesse tempo de pandemia e de Coronavírus, passando fome, sujo, de barba grande e fazendo de um ponto de ônibus, sua moradia. Uma vez, que esse senhor que apresenta problemas mentais, talvez, deva ter casa própria, família e cidade onde ele nasceu.
No mesmo dia que a matéria foi postada no site, a Tribuna Cultural, contatou via WhatsApp com a senhora Beatriz, que trabalha no CREAS/São Cristovão, para saber alguma providência sobre este caso. Ela, prontamente e educadamente nos atendeu. Veja a resposta dada por ela a este site:
Resposta de Beatriz (São Cristovão)
“Boa tarde Magno, a Secretaria de Assistência Social de São Cristóvão, junto com o Creas está ciente e foram notificados pelo MP sobre o usuário José do Carmo... Tivemos reunião em rede para levantamento de ações pertinentes a condução do caso e estamos em constante contato com o município de Santa Luzia do Itanhi. Estamos fazendo a busca ativa desses parentes e vendo a melhor forma de atender a demanda. Semana que vem estaremos novamente em reunião para definição dos próximos passos. Sabemos que a saúde de Santa Luzia vem buscando possibilidade de intervenção, porém, no entanto, não se pode fazer nenhuma condução compulsória sem determinação judicial”, respondeu Beatriz.
Na manhã desta terça-feira, 27, a Tribuna Cultural voltou a telefonar para o CREAS/São Cristovão, quando Beatriz passou a ligação para Jéssica, que segundo Beatriz, é a diretora do CREAS.
No diálogo com Jéssica (São Cristovão)
“Fiquei até preocupada quando eu vi a reportagem (SANTA LUZIA DO ITANHY: DOENTE MENTAL CONTINUA ABANDONADO NO POVOADO BOMFIM). A política de Assistência Social ela intervêm dentro do querer do usuário que está sendo atendido, exceto em caso de criança e adolescente. Quando a gente fala de criança e adolescente, a intervenção da política de assistência é de outra forma, é diferente da condução com o adulto. Nós só agimos e fazemos alguma coisa, quando o usuário deseja. No que se refere ao senhor José, existe uma questão de saúde mental, que envolve o contexto que ele vive hoje, ainda que a Assistência Social de Santa Luzia do Itanhy deseje que ele saia dali e vá para um lugar mais seguro, ele precisa querer, se ele não quer infelizmente a gestão municipal de Santa Luzia ou a gestão municipal de São Cristovão, aonde quer que ele esteja não tem como intervir porque só vai intervir se ele quiser. No caso do senhor José, tem uma questão de saúde mental, até que se prove o contrário. E aí, quem vai fazer a avaliação é a equipe de saúde do Município. Eles também não podem intervir por conta própria. Se for avaliado, e, a saída compulsória é a mais adequada, essa determinação tem que vir de uma instância maior, a Saúde também não vai determinar, ela vai sugerir ao Ministério Público. Então, a situação do senhor José, qualquer coisa só poderá ser feita se ele quiser ou se vier uma determinação maior do Ministério Público, caso contrário, ninguém poderá chegar no ponto e arrancar ele de lá e levar para o albergue...”, disse Jéssica.
No diálogo com Daniela (Santa Luzia do Itanhy)
Ligamos para Daniela, que segundo obtemos informação, ser ela a pessoa que está acompanhando o caso do senhor José. Daniela trabalha na Secretaria de Assistência Social de Santa Luzia do Itanhy. “ Em janeiro foi feita a primeira abordagem ao senhor José, através de uma denúncia, daí foi acionada a SAMU, mas a SAMU não pode remover ele de lá porque ele não está em surto; foi acionado o Corpo de Bombeiros, para ver se podia ajudar, mas também não pode. A partir daí, foi tirada uma foto e foi divulgada na rede social, quando alguém da cidade de São Cristovão identificou ele, como sendo de lá. Então começou a busca pela família desse homem e assim conseguimos o número do telefone dos familiares dele. Entrando em contato, houve a recusa dos familiares dele por ele, para acolhê-lo. Ele não responde a estímulo nenhum. Ele não se comunica. Foi feito um relatório técnico e encaminhado para o Ministério Público. Só o próprio MP pode fazer a remoção do senhor José do Carmo. O relatório foi enviado no dia 9 de março para o MP, só fomos ter uma resposta no início de abril e foi encaminhado para a Promotoria de São Cristovão porque ele é de lá. Inclusive a matéria da Tribuna Cultural foi encaminhada também para a Promotoria, para reforçar e se faça alguma coisa. Esse mês, dia 14, foi feita outra abordagem. Amanhã (28), vai fazer outra abordagem. Nesse mesmo dia (14), estivemos na Secretaria Municipal de São Cristovão e no dia 15, fizemos uma reunião online com a Assistência Social, Caps e com o abrigo por onde ele já passou internado em 2019, no Acolher. Estamos esperando o direcionamento do MP da cidade de São Cristovão, em relação ao senhor José porque. Até o momento não temos essa direção para retirar ele de lá. Na verdade as pessoas vêm ele como um problema, mas ele é um ser humano”, destacou Daniela.
Redação Tribuna Cultural