Portal Lagarto Notícias – Qual a trajetória de vida de Chicão Almeida, reeleito vice-prefeito Boquim no pleito do ano passado?
Chicão Almeida – Nasci no povoado Meia Légua, município de Riachão do Dantas, na divisa com Boquim. Sou filho de João Francisco de Almeida, o João Maximiano, um pequeno agricultor, e da dona de casa, Lindete Oliveira Almeida. Fui trabalhador rural até os 15 anos, idade em que consegui o meu primeiro emprego como office-boy no Banco do Brasil, agência de Boquim, tendo em seguida ingressado, através de concurso público, nos quadros de funcionários efetivos daquela instituição. Trabalhei 15 anos no Banco do Brasil, em Boquim, onde, dentre as várias funções desenvolvidas, fui Fiscal de Crédito Rural e coordenador local da Fundação Banco do Brasil – FUNDEC, tendo desenvolvido trabalhos associativistas e comunitários nos povoados Cabeça Dantas, Meia Légua, Olhos D’agua, Pastor, Romão e Mangue Grande, no município de Boquim, e em comunidades de Pedrinhas. Transferido para a Superintendência do Banco em João Pessoa, por lá passei 10 anos e coordenei, em nível estadual, a Fundação Banco do Brasil na Paraíba. Também na Paraíba conquistei a graduação em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa, e cursei a Escola Superior da Magistratura. Retornei a Sergipe, para trabalhar na Superintendência Estadual do Banco, oportunidade em que fiz uma especialização em Direito Constitucional e iniciei um mestrado em Sociologia na Universidade Federal de Sergipe, mas não concluí ainda. Durante os 21 anos que prestei serviços nas superintendências do Banco fiz diversos cursos nas áreas de finanças, economia, administração e gestão de pessoas. Em 2006, um ano após retornar da Paraíba, inaugurei o meu escritório de advocacia em Boquim e disputei o mandato de deputado federal, quando consegui cerca de 3 mil votos, o que para mim foi bastante significativo, em razão de ter passado 10 anos fora de Sergipe. Seis anos depois, em 2012, me apresentei como terceira via e disputei a prefeitura de Boquim. Em 2016 fui convidado e aceitei disputar o mandato de vice-prefeito na chapa encabeçada pelo prefeito Eraldo Andrade, chapa reeleita em 2020.
PLN – Qual tem sido o papel de Chicão Almeida ao lado do prefeito Eraldo na condução da atual administração?
CA – Sempre disse, e foi uma condição pleiteada por mim e pelos amigos que compõem o grupo ao qual pertenço em Boquim, que jamais aceitaria ser uma peça figurativa e não ter atribuições numa gestão. Por isso que procurei dar o melhor de mim para ajudar o prefeito Eraldo na administração do Município. Com o meu desejo de servir ao povo de Boquim e ver o município prosperar, sempre estive à disposição e dei o melhor de mim para ajudar a transformar este num lugar melhor para se viver.
PLN – Como tem sido o trabalho desenvolvido pela gestão em prol do crescimento de Boquim?
CA – Tem sido um trabalho árduo, mas gratificante. O município de Boquim, outrora conhecido como o “eldorado sergipano”, pela sua pujança econômica, passa por uma grande crise provocada pela decadência da sua principal fonte de riqueza, a citricultura. A monocultura da laranja era a grande propulsora da economia local e Boquim chegou a ser considerado o segundo maior produtor de laranjas do Brasil. Uma verdadeira locomotiva que carregava milhares de empregos e que fazia este lugar ser reconhecido além fronteiras, inclusive pela qualidade de vida da população. Mas a situação mudou, levada por diversos fatores, a exemplo do endividamento dos produtores, dificuldade de organização, problemas de comercialização, falta de apoio institucional, pragas etc, provocando o empobrecimento da população. Hoje o principal desafio é encontrar alternativas econômicas capazes de reverter o quadro que ora se apresenta. Nesse sentido, o incentivo à policultura, aí incluindo a exploração de plantas ornamentais, tem sido uma saída para alguns segmentos produtivos do local. Mas a realidade atual exige a revisão de prioridades, principalmente no que diz respeito à organização dos setores produtivos e à capacitação de mão-de-obra; e nesse sentido o município tem buscado o apoio de órgãos como o SEBRAE, EMBRAPA, EMDAGRO, Universidade Federal de Sergipe, Sistema S, instituições financeiras etc.
PLN – Quais projetos foram executados em Boquim na primeira gestão e os projetados para o segundo mandato?
CA – Vários foram os projetos executados. Mas destaco na área da Saúde, a implantação da Rede de Ambulâncias; Conclusão da Construção de 03 Unidades Básicas de Saúde, nas comunidades Floresta, Cabeça Dantas e Lagoa Vermelha; Implantação de mais uma Equipe de Saúde da Família; Realização de Exames Laboratoriais nas comunidades rurais; e Implantação do NASF. Na Infraestrutura Urbana destaco a Padronização da Feira; Construção e Reforma de Praças; Pavimentação de Ruas (asfalto e paralelepípedos); Melhoria da Iluminação Pública; e Construção da Ciclovia. Já na Educação merece destaque o Transporte Gratuito dos Universitários para Aracaju, Estância, Lagarto e Paripiranga; a garantia e o pagamento do Piso do Magistério; Reforma de várias escolas; Realização da Feira Cultural e Gastronômica; Ações Culturais alusivas ao poeta Hermes Fontes e ao aniversário da cidade, principalmente dos 150 anos comemorados em 2020. Além dessas, também julgo importantes ações outras, como a substituição e/ou renovação da frota de veículos do município, incluindo aí a aquisição de máquinas e implementos, tratores, retroescavadeiras etc; Reformulação do Código Tributário do Município; Reposição Salarial para todos os funcionários; Implantação do Programa Criança Feliz; Oferecimento de Diversos Cursos a cerca de 800 beneficiários; Apoio à Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis; e eventos que discutiram a agricultura e a importância da convivência da Citricultura com a Policultura (a diversificação).
PLN – O resultado da eleição de 2020 já era o esperado ou ocorreu surpresa?
CA – Ciente do trabalho desenvolvido nos 4 anos, confesso que não recebi o resultado como surpresa, mas como o reconhecimento desse trabalho.
PLN – A continuidade da formação Eraldo/ Chicão teve alguma interferência ou foi consenso desde o início das discussões?
CA – Acredito que foi consenso.
PLN – Vice-prefeito duas vezes, o senhor se coloca como candidato natural a prefeitura em 2024 pelo agrupamento?
CA – Não existe candidato natural. Candidaturas são construídas. Mas isso é assunto para 2024.
PLN – Como tem sido a relação entre os poderes executivo e legislativo em Boquim?
CA – Neste mandato o nosso grupo elegeu 6 dos 11 vereadores e logo em seguida tivemos a adesão de mais um vereador. A relação entre os poderes tem sido a mais cordial e respeitosa possível.
PLN – Diante da crise da Covid-19, qual tem sido o trabalho da prefeitura perante o enfrentamento à doença?
CA – O combate a essa terrível doença é um aprendizado diário. Tudo é muito novo. E acredito que essa é a grande questão. Ninguém tem a fórmula de nada em relação ao combate a essa pandemia, está todo mundo aprendendo e penso que viveremos muito tempo ainda com essa doença. Ninguém jamais poderia imaginar que passaríamos por um momento como o atual. Tenho acompanhado os profissionais da Saúde, num esforço extraordinário, trabalharem como nunca para colocarem em prática os diversos protocolos. Mas acredito que as ações são semelhantes em todos os municípios e as principais dificuldades são exatamente a falta de um comando único e centralizado para a definição das ações. Mas uma coisa é certa: enquanto não tivermos a população vacinada e surgirem os medicamentos para o combate, será isso aí que estamos vivendo. E não restam dúvidas de que o mundo não será mais o mesmo depois dessa pandemia.
PLN – O senhor tem participado de reuniões para a criação de uma associação voltada a representar vice-prefeitos? Como surgiu essa ideia?
CA – Essa foi uma ideia que surgiu a partir de uma reunião ocorrida em Itabaiana, organizada pelos vices Edson Muniz, de Aparecida e Nenem de Verso, de Itabaiana, e da qual participei junto com cerca de 35 vice-prefeitos de todas as regiões do Estado. Gostei da iniciativa e como sou um entusiasta do que diz respeito à organização de segmentos representativos, a partir daí passei a dividir com todos eles o projeto de criação dessa entidade. Temos nos reunido e estamos com um calendário de encontros agendado para discutirmos diversos assuntos, inclusive e principalmente a elaboração do estatuto da entidade.
PLN – Com relação a 2022, o seu agrupamento já definiu como marchará no pleito?
CA – Não tratamos, ainda, desse assunto.
PLN – O senhor é filiado ao PT e Eraldo ao PP, e ambos os partidos pretendem apresentar nomes ao governo, como será feita essa correlação de forças distintas entre o prefeito e vice?
CA – Como disse anteriormente, não tratamos, ainda, desse assunto, mas certamente o faremos no momento oportuno. Vamos aguardar os fatos. O tempo agora é de destinar toda a nossa atenção para o combate a essa pandemia que nos aflige.
PLN – Qual mensagem Chicão Almeida deixa para a população de Boquim?
CA – Passamos por um momento muito difícil. É tempo de repensarmos comportamentos e ações. É tempo de aumentarmos a nossa fé, pois será ela e a esperança que nos manterão no caminho certo. Acredito que certos momentos existem para nos testar, testar a nossa fé, a nossa resistência e para que saiamos mais fortes e tenhamos a oportunidade de crescer como seres humanos. Se acreditarmos e agirmos, sem dúvidas o dia de amanhã será melhor. Sigamos esse ensinamento: “Vamos encarar esse tempo como um intervalo da vida. Uma oportunidade para pensar e repensar. Que depois dessa sejamos todos seres mais evoluídos”. Permita-me encerrar essa conversa com o poema “A Fonte”, do boquinense Hermes Fontes, numa homenagem aos 151 anos do nosso querido Boquim, no dia 21 de março.
A fonte…
Depois de longa ausência e penosa distância,
vi a fonte da mata,
de cuja água bebi, na minha infância.
E que melancolia
nessa emoção tão grata!
Ver — constância das coisas, na inconstância…
ver que a Poesia é uma segunda infância, e que toda Poesia…
…vem da fonte da mata…