O potencial para a exploração de gás natural em Sergipe, anunciado pela Petrobrás em 2019, após descoberta de campos em águas ultraprofundas na costa, é grande a ponto de beneficiar não só Sergipe, mas até estados de outras regiões do país. A análise foi feita hoje pela diretora da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Symone Araújo.
A sergipana, graduada em Engenharia Química pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e doutora em Ecologia, Conservação e Manejo de Recursos Naturais, desempenhou funções na Petrobras, no Pré-Sal Petróleo SA (PPSA), na UFS e no Ministério de Minas e Energia, entre outras instituições. Na manhã desta terça-feira (6), ela concedeu entrevista ao programa Jornal da Rio, da rádio Rio FM (102.3), onde apontou grandes perspectivas para o gás natural em Sergipe.
“O Estado tem potencial para explorar, produzir e ofertar gás natural, no modelo que é trazido pela Nova Lei do Gás. Nós vamos ter um modelo de entrada e saída, o que significa que pouco importa onde o ofertante estiver na malha de transporte, bem como pouco importa onde o consumidor estiver nessa malha, porque em qualquer um dos pontos vai poder se injetar gás e retirar gás. Em grande medida, o gás produzido em Sergipe poderá ser ofertado a qualquer outro consumidor nacional, assim como o consumidor em Sergipe poderá utilizar o gás local ou de qualquer outro estado”, disse a diretora.
Segundo Symone, o que será produzido em Sergipe, com previsão de 20 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural, servirá para abastecer os pólos industriais locais, favorecendo a fabricação de fertilizantes, bem como poderá ser transportado para demais estados do Brasil, ultrapassando os limites do Nordeste.
Ela explica que a exploração de gás natural em Sergipe pela Petrobrás e pela empresa Exxonmobil, apesar de apresentar crescimentos de médio a longo prazos, já trazem resultados positivos para o Estado, como a retomada e ampliação de algumas indústrias, a exemplo da Cerâmica Terra Azul, instalada em Nossa Senhora do Socorro.
“Essa cerâmica anunciou a ampliação de suas atividades industriais, com expectativas de operar ainda no quarto semestre de 2021. E o gás natural é a principal fonte de energia utilizada nos revestimentos cerâmicos. Obviamente que, quando você olha a ampliação dessa fábrica, ela não sai do nada. Ela é fruto de um conjunto de ações do Governo de Sergipe, em conjunto com o Governo Federal, alinhado em decorrência de políticas regulatórias e tributárias”, destaca.
Ainda conforme Symone Araújo, o estado de Sergipe responde, atualmente, por cerca de 1,5% da produção nacional bruta de gás natural. No entanto, a partir de 2025 será incrementada a produção de cerca de 20 milhões de m³ por dia de gás pela exploração das águas ultraprofundas em Sergipe e, com isso, o estado passará a ter cerca de 10% da produção nacional, ou mais.
O Jornal da Rio está realizando esta semana uma série de entrevistas com especialistas do setor de gás natural. Nesta segunda-feira (5), a conversa foi com o presidente da Associação dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres. Para ouvir a entrevista completa, basta clicar aqui.
Nesta quarta-feira (7), o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, José Mauro Ferreira, falará sobre o assunto a partir das 8h. Para acompanhar, basta acessar o link do Tudo Rádio.