O crescente número de casos de Covid-19 e o aumento de internações em Sergipe tem levantado um alerta em toda a sociedade sobre a disponibilidade de medicamentos e insumos para o atendimento aos pacientes. Só na última quinta-feira, 25, haviam 819 pessoas internadas em hospitais públicos e privados do Estado, sendo 383 em leitos de UTI e 436 em leitos de enfermagem, segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Para saber como está a situação da rede pública de saúde e também a particular, o JORNAL DA CIDADE procurou a Secretaria de Estado da Saúde (SES) e os hospitais Primavera, São Lucas e a rede de saúde suplementar, Unimed. Tanto a rede pública quanto a particular confirmou estarem atentos à situação para evitar que o desabastecimento ocorra, pois muitas unidades, a exemplo do Hospital Primavera, trabalham com o estoque no limite e suficiente apenas para curtíssimo prazo. “Com o aumento dos leitos de UTI para atender a crescente quantidade de pacientes Covid-19, estamos com estoque para curtíssimo prazo e trabalhando diuturnamente para reforçar as quantidades adquiridas.
A situação foi agravada com a notícia da requisição de estoques da indústria pelo governo nas últimas semanas, que agravou ainda mais o abastecimento. Estamos com algumas ações para conseguir melhorar os nossos estoques, a exemplo de compras coletivas nacionais através da importação conjunta com a Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP) além de outras providências. Estamos prestando todas as informações para os órgãos governamentais que estão monitorando esta situação”, o Hospital São Lucas informou que os estoques estão bem mais apertados e que trabalham no limite, porém, até o momento estão conseguindo atender a operação. “A demanda de insumos aumentou exponencialmente, no Brasil e no mundo. Mas, até o momento, a empresa que nos fornece os insumos e o oxigênio está garantido o abastecimento”, informou Maurício Todt, diretor do Hospital São Lucas, acrescentando ainda que, infelizmente, não há como prever por quanto os medicamentos, insumos e oxigênio estarão disponíveis em estoque. “Até o momento estamos conseguindo atender”, finalizou.
O diretor de Negócios Corporativos da Unimed, Márcio Barretto, declarou que o Brasil todo vem olhando para um cenário de futuro próximo de desabastecimento e que todos os serviços em Aracaju e Sergipe aumentaram o consumo de medicações de pacientes graves. “Em Aracaju a gente começa a perceber que um tipo de medicação começa a faltar, mas isso não quer dizer que o paciente não tenha assistência com outros tipos de medicações. O alto consumo vem provocando também uma elevação imensa no custo. Tinham medicações que a gente comprava por R$ 5,00 e estamos pagando R$ 300, isso não é impeditivo para nenhum operador do setor suplementar ofertar o cuidado, apenas onera, mas é passar a dificuldade que a gente tem para efetuar a compra”.
Ainda segundo Barreto, fala-se muito sobre a falta de medicações, mas existe uma restrição também sobre o oxigênio. “Felizmente, não ouvi nenhuma operadora sinalizar que não tem mais oxigênio, mas sabemos que também é um consumível que pode faltar. Por conta disso a medicina está readequando protocolos, interrompendo cirurgias eletivas, e mudando a forma de tratar os pacientes para fazer isso de uma forma mais econômica em relação a gastos de medicações.
Essas informações devem trazer tranquilidade para a população. Aracaju não está no ponto de desabastecer, mas temos mudado protocolos para que os pacientes fiquem bem cuidados”, finalizou. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que, neste momento, não há risco de desabastecimento de insumos na rede pública estadual para pacientes atendidos pelo SUS. E que em relação aos medicamentos Sergipe está em situação de vigilância para a movimentação que acontece na maioria dos estados brasileiros. “O Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) vem fazendo interlocução com o Ministério da Saúde (MS) para que seja mais efetivo nas ações de ajuda aos Estados para que não haja falta de suprimento para a rede de atendimento”, disse a secretaria.
No dia 18 de março, diante da atual conjuntura de grave crescimento do número de casos da doença registrados nas últimas semanas, a SES pontuou que o Fórum Nacional dos Governadores enviou uma carta à presidência da República reiterando a preocupação relatada pelo Conass, em diversas oportunidades, no gabinete de crise do Ministério da Saúde, sobre irregularidades no abastecimento do SUS com medicamentos bloqueadores neuromusculares, anestésicos e sedativos, utilizados na indução e manutenção de tratamento, por meio de Intubação Orotraqueal (IOT), em pacientes com Covid-19.