O Hospital Regional Amparo de Maria, da cidade de Estância, completará no próximo dia 25 de março, 161 anos de história, sendo, portanto, o mais antigo centro hospitalar de Sergipe e possuindo uma história marcada pela solidariedade e pela defesa da dignidade humana.
Fundado em 1860, ano em que o Imperador Dom Pedro II esteve em Estância, afirmando que “Estância é o jardim de Sergipe”, o Hospital consagrado à Virgem do Amparo teve a felicidade de, em 1867, portanto há 154 anos, assistir a fundação da Sociedade de Beneficência Amparo de Maria, que viria a ser a entidade mantenedora desta grande instituição.
Sobreviventes do naufrágio dos navios Baependy e Aníbal Benevólo, no pátio do antigo prédio do hospital, ao lado dos médicos, familiares e curiosos, durante a Segunda Guerra Mundial.
GOTAS DE HISTÓRIA
Numa casa situada numa ruela aos fundos da Prefeitura de Estância, que no passado se chamava Rua do Capim Macio, onde nasceu Clodoaldo Alencar, que depois virou Ministro do Brasil, hoje denominada Rua Dr. Vicente Portela, nos idos de 1860, o Hospital Amparo de Maria foi criado.
As fontes sobre o Hospital Amparo de Maria são muito escassas, existindo uma imensa lacuna entre os momentos de criação do Hospital, o momento da fundação da Sociedade de Beneficência Amparo de Maria e a história de ambos até o nosso dia.
Fachada do prédio antigo do hospital, localizado na Rua Camerino.
Segundo dados colhidos junto ao Instituto Histórico e geográfico de Sergipe, na década de 1850/1860, um número de notáveis da cidade criaram a Casa de Saúde Senhora do Amparo, onde principalmente os necessitados encontravam o conforto para tratamentos dos seus males.
Pela Lei nº 600, de 10 de maio de 1860 foi criado o Hospital Amparo de Maria e pela Lei nº 650, de 02 de maio de 1862, foi adquirida a casa que iria abrigar o hospital. Após as necessárias reformas e adaptações, aos 25 de março de 1867, em solenidade que contou com o néctar da sociedade sergipana da época, foi inaugurado o Hospital, à Rua Camerino, onde até hoje está assentado o antigo prédio.
Os seus fundadores foram os abnegados Dr. Vicente Portela, Comendador João Augusto Nobrega e Manoel da Silva Heitor, mas diante das dificuldades enfrentadas, a “eles, juntaram-se mais algumas pessoas generosas, que mediante a contribuição mensal de mil réis adquiriram um prédio térreo, à Rua Francisco Camerino, onde até hoje está localizado, sendo logo instaladas duas enfermarias para ambos os sexos”. Isso em 1867.
A primeira diretoria do hospital, instalada em 18 de junho de 1862, era formada por Izaias Horácio de Souza (Diretor), Capitão Saturnino Vieira de Souza (Tesoureiro) e José de Araújo (Provedor).
Coube ao clínico Dr. João Vieira Leite a iniciativa de construir um prédio próprio para o hospital, contando para isso com recursos oriundos do comércio local e de ilustres colaboradores, dos quais se destacam os nomes de Olímpio Freire d’Ávila, Alcebíades Martins Fontes, Domingos Alves Ribeiro, Sizenando de Souza Vieira (filho do Cel. Paulo de Souza Vieira, dono do inesquecível Engenho São Félix e pai do Dr. João Vieira Leite), o poeta Constantino José Gomes de Souza, José Lourenço Magalhães, José de Souza Leite e Guilherme de Souza Campos, que mais tarde viria a ser Presidente de Sergipe (hoje Governador), e Felisberto Fontes Melo, pai do ilustre médico estanciano, Dr. Jessé Fontes, que posteriormente presidiu a Sociedade de Beneficência Amparo de Maria.
Com a aquisição do prédio impróprio para uso, mas composto de uma grande área de terra, a diretoria resolveu a partir de 1862 dá cumprimento á construção do belo prédio, que em 25 de março de 1867 foi inaugurado com grandes festejos e para ele transferido todos os enfermos da Rua do Capim Macio (hoje Rua Dr. Vicente Portela), sendo nesta época o seu diretor Dr. Jesuíno Pacheco d’Ávila.
Anos depois foi ampliado, sendo a diretoria composta por J. Vicente Souza e João Augusto Nobrega.
Não se pode esquecer que os padres Monsenhor Antônio Fernandes da Silveira, fundador da Imprensa de Sergipe e Padre José Florêncio foram dois grandes idealizadores e incentivadores da fundação do Hospital Amparo de Maria.
HRAM NA RUA JESSÉ FONTES
Construído no Governo de José Rollemberg Leite, porém inaugurado sob o Governo de Augusto Franco, o prédio do HRAM situado à Rua Dr. Jessé Fontes, onde hoje funciona o internamento, maternidade, administração e setores afins da instituição foi construído com recursos da SUDENE, FINOR e recursos do BIRD, conseguidos com a ajuda do ilustre professor de Economia, José Carlos Oliveira.
A base para o Hospital já existia e fora construída pelos abnegados Flaviano de Lima Bedóia, Carlos Oliva Sobral e Américo Amado.
REGIONALIZAÇÃO DO HOSPITAL
Em 1978, sob o Governo de José Rollemberg Leite e tendo como presidente da Sociedade de Beneficência Amparo de Maria o bispo emerit de Estância, Dom José Bezerra Coutinho, foi inaugurado o novo prédio, do Amparo de Maria, que desde então passa a denominar-se Hospital Regional Amparo de Maria, ou simplesmente HRAM. Isso não se significa que antes desta data o Amparo de Maria não servia à comunidade da região. Pelo contrário, ele sempre serviu, posto que, sendo o primeiro hospital do Estado, por mais de um século foi o único da região sul e para aqui sempre acorreram todos os enfermos dos municípios desta região e os municípios baianos de Jandaíra e Rio Real.
Pronto Socorro, localizado na Rua Camerino.
ENCONTRO DE GERAÇÕES
Entre os médicos que passaram pelo Hospital Amparo de Maria, muitos fizeram história dentre os quais os doutores Alípio Fontes, Jesuíno Pacheco e Deocleciano Dórea e Dr. João Vieira Leite, que construiu o prédio onde se instalou o hospital à Rua Francisco Camerino, Dr. Jessé Fontes, que construiu a primeira sala de operações (cirurgias) do Hospital Amparo de Maria.
Outros mais recentes foram Paulo Amaral Lopes, de saudosa memória; Quirino Lopes, também falecido; Pedro Soares, Roberto Bahia e tantos outros.
Entre as novas gerações, são muitos os médicos que aqui labutaram e labutam ainda, salvando vidas como Cláudia Leite, Marta Angélica, Gilson Andrade, Humberto Ralim, Cleide Maria, Maria Luíza, Carlos Magno e Moises Abreu.
Por Magno de Jesus
Redação A Tribuna Cultural
Com informação extraída do Infomativo HRAM/1997
