[*] Ivan Leite
A antiga discussão de se os avanços na história são contínuos ou aos saltos ganhou um capítulo indiscutível: antes e depois da Covid-19!
Quer termine hoje ou em 2030, os estragos e benefícios perdurarão muito além. Os males são facilmente identificáveis, discutidos, revistos e muitos quantificáveis.
Já seu antônimo, haverá questionamentos mil a partir de se de fato algum bem existe ou não.
O cárcere não é exclusivamente aquele a que se subjuga uns e outros a lá permanecerem como medida punitiva, nem aquele extinto manicômio.
O auto encarceramento a que milhões aderiram, entre os quais eu me incluo, tem efeitos psicológicos nunca dantes estudados, ao menos como efeito de massa humana, pois no máximo foi aventado por algum sádico escritor de ficção científica.
Se ao homem a liberdade é o bem maior, como dela privar-se em busca da saúde manter? Resisti, de maneira estoica, aos dias sucessivos entre quarto, banheiro e sala como nunca imaginei-me capaz de o fazer.
Passou-se um, dois, três, ..., cem dias, e a conjugação do verbo na primeira pessoa não é erro meu, ou do automático corretor ortográfico.
É deferência literária que faço a cada um destes dias, não os colocando num “passaram-se”, pois cada qual deles mereceu destaque.
Não fui à rua, ao trabalho, ao lazer expor-me ao risco do contágio. Ele que veio a mim, pegando sorrateiro antes aos que eu tanto estava a proteger, um pai acima de 90 anos e uma mãe de mais de 80 anos.
Teria sido o contágio postergado a nossa salvação? Sim, fomos salvos, seja pela medicação precoce tomada, pela característica pessoal e claro bençãos divina.
Enquanto finalizava estas elucubrações na manhã de sábado, ouço vindo da rua: “Está passando aqui na sua porta a parati da banana, para mim, para ti, para todos nós”. Indício de retorno à nova normalidade!
[*] É engenheiro, empresário, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Estância.