Com a exploração de petróleo já suspensa, a plataforma do campo de Piranema, situada em águas profundas da costa sergipana, se prepara para deixar o estado no início de 2021. A plataforma móvel, a primeira em formato redondo e do tipo FPSO (produz, armazena e transfere petróleo) no Brasil, atualmente está em processo de descomissionamento e retirada das linhas para ser devolvida aos proprietários.
Toda estrutura é arrendada de empresas estrangeiras, mas com a desvalorização do petróleo e o declínio de produção do poço, o entendimento da Petrobras é que não há porque manter a produção no campo. Segundo o diretor de Relacionamento Institucional da Petrobras, Roberto Ardenghy, o campo em questão já foi oferecido para a iniciativa privada, mas não houve interessados.
“É um campo pequeno e que começou com uma produção bem importante, mas já está em declínio. É uma realidade da geologia, é ela quem manda e que dá parâmetros para você trabalhar. A gente já previa isso e chegamos a adiar por dois a três anos [a desativação]. Não faz sentido manter toda essa estrutura porque temos que pagar o aluguel, já que se trata do arrendamento de FPSO. Quando bota na ponta do lápis, não vale a pena. Estamos tentando vender o campo, mas como não apareceu interessado, estamos fazendo toda desmobilização das linhas”, contextualiza Ardenghy.
Segundo o diretor da Petrobras, o processo de descomissionamento da plataforma é regulado pelo Ibama. Ele explica que o poço de exploração já está tampado e os riscos de vazamento são remotos.
Quando descoberto, Piranema colocou Sergipe como um dos maiores polos de exploração de petróleo do país, há cerca de 10 anos. Foi o primeiro campo em águas profundas a ser explorado no Brasil (entre 1.000 a 1.500 metros), com petróleo leve e considerado de ótima qualidade no mercado. Apesar de descoberto em 2002, Piranema só recebeu as estruturas para exploração do óleo em 2007 – e foi responsável por aumentar em mais da metade a produção de petróleo em Sergipe.
Situação das outras plataformas
Se em águas profundas Sergipe só tem a Piranema de plataforma, em águas rasas o número é bem expressivo. São 24 plataformas fixas na costa de Sergipe, que são próprias da Petrobras. Mas, conforme já noticiado pelo Portal Infonet, todas elas estão hibernadas. Conforme explicações de Roberto Ardenghy, a queda no preço do petróleo de 64 dólares por barril para 16 dólares, durante a pandemia, só aumentou o impacto para o setor, o que motivou algumas medidas da empresa. “Quando o preço cai muito, como vimos agora, o choque é muito grande. A Petrobras adotou uma política de desinvestimento para projetos de menos volume de produção, que já tem muitos anos produzindo e estão em fase declinante. Essas plataformas estão hibernadas e prontas para serem oferecidas ao mercado”, justifica.