Quem acessou o Google nessa sexta-feira (13) se deparou com uma ilustração retratando Enedina Alves Marques, a primeira mulher negra a se formar em engenharia no Brasil.
O buscador homenageou a data de aniversário da brasileira. Se estivesse viva, completaria 110 anos em 2023.
Outros destaques de Enedina:
Enedina nasceu em Curitiba em 1913. Ela é filha de Paulo Marques e Virgília Alves Marques, a ‘dona Duca’, que era lavadeira e empregada doméstica.
Segundo a Universidade Federal de Itajubá, Enedina foi criada na casa da família do delegado e major Domingos Nascimento Sobrinho, para quem sua mãe trabalhava. Ela tinha a mesma idade da filha de Domingos, que matriculou ambas nos mesmos colégios.
Ainda na infância e adolescência, trabalhou com babá e trabalhadora doméstica em casas da elite curitibana.
Após o período de alfabetização, passou a trabalhar como professora no interior do estado, entre 1932 e 1935, até decidir que faria o curso complementar em pré-Engenharia, em 1938.
Durante esse período continuou se preparando porque tinha o sonho de ingressar na Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná. Conseguiu o objetivo em 1940.
Sem condições de comprar os livros durante a faculdade, Enedina recorria aos materiais didáticos dos amigos e copiava os textos durante a madrugada. As informações são de um trabalho de conclusão do curso de História de Jorge Luiz Santana, da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
Em 1945, enfim, concluiu o curso de Engenharia Civil, aos 32 anos. Foi um marco, pois era a única mulher da turma.
Enedina trabalhou na Secretaria de Viação e Obras Públicas do Paraná e fez carreira no serviço público, ocupando a liderança nos setores de hidráulica e na divisão de estatística na Secretaria de Educação e Cultura.
Quando foi transferida, em 1947, para o Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica, a engenheira participou de uma de suas principais obras: a Usina Capivari-Cachoeira (atualmente Usina Hidrelétrica Governador Pedro Viriato Parigot de Souza), que até hoje é reverenciada como um dos grandes desafios da engenharia nacional.
Localizada em Antonina, no Paraná, é a maior hidrelétrica subterrânea da região Sul do país, e é alimentada pelo represamento das águas do rio Capivari. Foi inaugurada em 1971.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, uma afilhada que conviveu com Enedina na infância relatou para um documentário sobre ela que a engenheira ia para a obra de revólver na cintura, pois alguns homens zombavam dela. A arma era usada para se defender e impor respeito.
Enedina morreu em Curitiba, em 1981, após um ataque cardíaco, de acordo com familiares. Ela morava sozinha e foi encontrada morta quando o porteiro do prédio em que vivia, no centro da cidade, sentiu falta dela.
Em Maringá, o Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques foi fundado em sua homenagem, e há ainda uma placa de reconhecimento a engenheira na UFPR.
Em 2024, está prevista a entrega de uma estátua no calçadão da Rua XV de Novembro, no centro de Curitiba.
*Com informações da Folha de S. Paulo e do Google.